O xixi dos dinossauros brasileiros foi um dos primeiros descobertos no mundo e os pesquisadores do nosso país estão entre os maiores especialistas dessa área. Ao contrário das fezes (os coprólitos) dos dinossauros, o xixi propriamente dito não se fossilizou.
O que permaneceu gravado em rochas e em outros sedimentos foram os buracos causados pela “cachoeira” de xixi dos dinos. Esse material ganhou o nome de urólito, que significa algo como “urina de pedra”.
Durante muito tempo, os cientistas apenas especulavam que os dinossauros tinham algum tipo de sistema para excretar líquidos. Mas a confirmação só veio em 2004, com a publicação de um trabalho de paleontólogos brasileiros. O grupo montou uma força-tarefa que fez um trabalho de detetive para analisar que tipo de marcas eram aquelas encontradas e, principalmente, para identificar que bicho foi o “autor” daquele jato.
“Nós encontramos uma cavidade com sedimentos retrabalhados e escorridos de mais ou menos uns 35 cm, o que corresponderia a cerca de dois litros de líquido. A região em que nós encontramos essa estrutura só tinha ocorrência de mamíferos de pequeno porte, que não poderiam ter deixado essas marcas.
“Nós encontramos uma cavidade com sedimentos retrabalhados e escorridos de mais ou menos uns 35 cm, o que corresponderia a cerca de dois litros de líquido. A região em que nós encontramos essa estrutura só tinha ocorrência de mamíferos de pequeno porte, que não poderiam ter deixado essas marcas.
Para ser compatível, tinha de ser um animal de grande porte, com cerca de cinco metros de comprimento. E só os dinossauros do local preenchiam esses pré-requisitos”, diz Marcelo Fernandes, professor da Universidade Federal de São Carlos e um dos autores da descoberta.
Além disso, a região era desértica, possivelmente não existiam nascentes de água, o que descarta outras origens para as marcas. O estudo dos urólitos ajudou a conhecer um aspecto da fisiologia desses animais que até então era um mistério: o sistema excretor. “Como não podemos dissecar um dinossauro, o urólito é uma forma indireta de aprender mais sobre eles”, diz a paleontóloga Aline Ghilardi, professora da Universidade Federal de Pernambuco.
Além disso, a região era desértica, possivelmente não existiam nascentes de água, o que descarta outras origens para as marcas. O estudo dos urólitos ajudou a conhecer um aspecto da fisiologia desses animais que até então era um mistério: o sistema excretor. “Como não podemos dissecar um dinossauro, o urólito é uma forma indireta de aprender mais sobre eles”, diz a paleontóloga Aline Ghilardi, professora da Universidade Federal de Pernambuco.
Onde é o toalete?
As aves, parentes vivos mais próximos dos dinos, normalmente não excretam líquidos. Elas expelem uma “urina” pastosa, junto com as fezes. Por isso cocô de passarinho tem uma pasta branca e outra preta. As únicas aves que de fato “urinam” são as ratitas – aves como o avestruz e a ema – que são bem primitivas na história evolutiva do grupo. “Foi possível inferir que os dinos provavelmente tinham o comportamento excretor semelhante ao das ratitas atuais”, explica Aline.
Para Felipe Monteiro, paleontólogo e professor da Universidade Federal do Ceará, a descoberta “é uma prova evolutiva da relação desses animais”, diz.
Os pesquisadores se voltaram também para o estudo dos animais atuais que têm adaptações no organismo para resistir a condições desérticas. “O organismo dos dinossauros de deserto poderia fazer algo parecido com o que fazem hoje os camelos, que ingerem uma grande quantidade de água e depois vão reabsorvendo lentamente em uma estrutura específica”, compara Fernandes.
“Quando o dinossauro de deserto encontrava um oásis ou pequenos focos d’água, ele poderia eliminar isso em forma de urina.” Ou seja, o ato de “urinar” não seria uma adaptação das aves ratitas a ambientes desérticos, como já foi sugerido, mas sim uma característica primitiva presente desde os dinossauros, seus ancestrais.
É comum a associação entre o cinema hollywoodiano e grandes liberdades criativas que acabam não considerando verossimilhança ou fidelidade histórica. Critica-se também as percepções científicas errôneas muitas vezes criadas pela sétima arte. Não é isso o que acontece com o xixi de dinossauro.
Apesar da força das evidências apresentadas pelos cientistas brasileiros, a primeira publicação descrevendo o xixi dos dinossauros foi recebida inicialmente com uma certa dose de desconfiança pela comunidade científica.
Marcelo Fernandes reconhece que, inicialmente, foi preciso lidar com a perplexidade de alguns de seus colegas. Ele diz, porém, que a série de filmes “Jurassic Park” deu uma forcinha na hora de popularizar o conceito. “Foi mesmo sorte, mas o nosso trabalho saiu um pouco depois do lançamento de um dos filmes do ‘Jurassic Park’ [o terceiro, ‘Jurassic Park 3’, lançado em 2001]. E tinha uma cena em que o bicho fazia xixi. Isso deu uma forcinha”, diverte-se o pesquisador. [...]
(Folha de S. Paulo)
Nota: A palavra “estória” entrou em desuso, mas quero resgatá-la aqui, pois era usada para definir uma história fictícia; conto da carochinha.
É comum a associação entre o cinema hollywoodiano e grandes liberdades criativas que acabam não considerando verossimilhança ou fidelidade histórica. Critica-se também as percepções científicas errôneas muitas vezes criadas pela sétima arte. Não é isso o que acontece com o xixi de dinossauro.
Apesar da força das evidências apresentadas pelos cientistas brasileiros, a primeira publicação descrevendo o xixi dos dinossauros foi recebida inicialmente com uma certa dose de desconfiança pela comunidade científica.
Avestruz urinando
Marcelo Fernandes reconhece que, inicialmente, foi preciso lidar com a perplexidade de alguns de seus colegas. Ele diz, porém, que a série de filmes “Jurassic Park” deu uma forcinha na hora de popularizar o conceito. “Foi mesmo sorte, mas o nosso trabalho saiu um pouco depois do lançamento de um dos filmes do ‘Jurassic Park’ [o terceiro, ‘Jurassic Park 3’, lançado em 2001]. E tinha uma cena em que o bicho fazia xixi. Isso deu uma forcinha”, diverte-se o pesquisador. [...]
(Folha de S. Paulo)
Nota: A palavra “estória” entrou em desuso, mas quero resgatá-la aqui, pois era usada para definir uma história fictícia; conto da carochinha.
Com todo respeito aos pesquisadores brasileiros, gostaria de destacar pelo menos sete pontos em relação à matéria acima:
1. Quem disse que as marcas de líquido nas rochas foram mesmo feitas por dinossauros? Os pesquisadores deduzem isso pelo fato de a região ser desértica e não ter fontes de água. Mas quem disse que o ambiente era assim no tempo em que as tais marcas foram feitas? Como podem ter tanta certeza de que foram mesmo feitas por dinossauros? E se houve algum tipo de catástrofe hídrica por ali e devastação da vegetação? Isso poderia explicar o ambiente atualmente desértico e as marcas de jatos d’água.
2. Note que, com base em hipotéticas marcas fósseis de xixi supostamente expelido por dinossauros, os pesquisadores são capazes de determinar até o tamanho do bicho (isso me faz lembrar da historinha da Lucy que caiu da árvore...).
3. Com base na pressuposição não comprovada de que as aves seriam descendentes evolutivos dos dinos (confira aqui), os pesquisadores unem essa hipótese a outra ainda mais mirabolante: do xixi fóssil. E criam toda uma história em cima dessas evidências mínimas!
4. Palavras como “possivelmente” e “provavelmente” pontuam o texto, como sempre. No entanto, o paleontólogo Felipe Monteiro afirma categoricamente que essa descoberta é uma “prova evolutiva” da relação entre aves e dinos. A palavra “prova” é muito forte, ainda mais numa pesquisa como essa.
5. Para mim, a parte mais interessante no texto acima é esta: “É comum a associação entre o cinema hollywoodiano e grandes liberdades criativas que acabam não considerando verossimilhança ou fidelidade histórica. Critica-se também as percepções científicas errôneas muitas vezes criadas pela sétima arte. Não é isso o que acontece com o xixi de dinossauro.” Será que a autora da matéria se deu conta de que a descoberta é muito cinematográfica e quis induzir o leitor a não pensar assim?
6. Depois, o pesquisador Marcelo reconhece que o filme “Jurassic Park 3” deu uma “forcinha” para sua pesquisa, no sentido de ajudar a convencer as pessoas de que os dinos faziam xixi. A verdade é que há toda uma indústria cultural (filmes, séries, desenhos animados, documentários, etc.) que ajuda a “fazer a cabeça” das pessoas, levando-as a aceitar a ideia de que os dinossauros teriam vivido há milhões de anos, bem antes dos seres humanos, desaparecido e deixado como descendentes os canarinhos e os sabiás.
7. Por que os pesquisadores evolucionistas não levam tão a sério descobertas muito mais consistentes como as de carbono 14, tecidos moles e células sanguíneas em fósseis de dinossauros? Aqui a evidência é muito mais concreta, mas acaba sendo desprezada porque não se encaixa no modelo conceitual construído ao longo dos anos. É o típico caso em que procuram salvar a teoria dos fatos, e não o contrário, como deveria ser feito na boa ciência. Deixam de lado evidências reais e “palpáveis” e preferem ficar com “xixi na pedra”.
1. Quem disse que as marcas de líquido nas rochas foram mesmo feitas por dinossauros? Os pesquisadores deduzem isso pelo fato de a região ser desértica e não ter fontes de água. Mas quem disse que o ambiente era assim no tempo em que as tais marcas foram feitas? Como podem ter tanta certeza de que foram mesmo feitas por dinossauros? E se houve algum tipo de catástrofe hídrica por ali e devastação da vegetação? Isso poderia explicar o ambiente atualmente desértico e as marcas de jatos d’água.
2. Note que, com base em hipotéticas marcas fósseis de xixi supostamente expelido por dinossauros, os pesquisadores são capazes de determinar até o tamanho do bicho (isso me faz lembrar da historinha da Lucy que caiu da árvore...).
3. Com base na pressuposição não comprovada de que as aves seriam descendentes evolutivos dos dinos (confira aqui), os pesquisadores unem essa hipótese a outra ainda mais mirabolante: do xixi fóssil. E criam toda uma história em cima dessas evidências mínimas!
4. Palavras como “possivelmente” e “provavelmente” pontuam o texto, como sempre. No entanto, o paleontólogo Felipe Monteiro afirma categoricamente que essa descoberta é uma “prova evolutiva” da relação entre aves e dinos. A palavra “prova” é muito forte, ainda mais numa pesquisa como essa.
5. Para mim, a parte mais interessante no texto acima é esta: “É comum a associação entre o cinema hollywoodiano e grandes liberdades criativas que acabam não considerando verossimilhança ou fidelidade histórica. Critica-se também as percepções científicas errôneas muitas vezes criadas pela sétima arte. Não é isso o que acontece com o xixi de dinossauro.” Será que a autora da matéria se deu conta de que a descoberta é muito cinematográfica e quis induzir o leitor a não pensar assim?
6. Depois, o pesquisador Marcelo reconhece que o filme “Jurassic Park 3” deu uma “forcinha” para sua pesquisa, no sentido de ajudar a convencer as pessoas de que os dinos faziam xixi. A verdade é que há toda uma indústria cultural (filmes, séries, desenhos animados, documentários, etc.) que ajuda a “fazer a cabeça” das pessoas, levando-as a aceitar a ideia de que os dinossauros teriam vivido há milhões de anos, bem antes dos seres humanos, desaparecido e deixado como descendentes os canarinhos e os sabiás.
7. Por que os pesquisadores evolucionistas não levam tão a sério descobertas muito mais consistentes como as de carbono 14, tecidos moles e células sanguíneas em fósseis de dinossauros? Aqui a evidência é muito mais concreta, mas acaba sendo desprezada porque não se encaixa no modelo conceitual construído ao longo dos anos. É o típico caso em que procuram salvar a teoria dos fatos, e não o contrário, como deveria ser feito na boa ciência. Deixam de lado evidências reais e “palpáveis” e preferem ficar com “xixi na pedra”.
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