Farmácia de João de Deus é interditada por produzir medicamentos 'em escala industrial', diz Vigilância Sanitária
A Superintendência de Vigilância em Saúde de Goiás (Suvisa) interditou o laboratório da farmácia que funciona na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás, onde João de Deus realizava atendimentos espirituais e teria cometido abusos sexuais.
O órgão informou que a farmácia do local produzia medicamentos em escala industrial, atividade para a qual não tinha autorização. Centenas de mulheres denunciaram que se sentiram abusadas pelo médium. Ele está preso suspeito dos crimes e nega as acusações.
De acordo com um relato divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), a interdição atinge somente o laboratório, permitindo as vendas dos medicamentos. O órgão
esclareceu que a farmácia tem alvará para produzir os remédios, mas não na escala em que estavam sendo feitos.
O número de remédios produzidos e comercializados não foi informado. No entanto, de acordo com estimativa do gestor da casa, Chico Lobo, cerca de 10 mil pessoas passavam pela Casa Dom Inácio de Loyola por semana enquanto João de Deus realizava os atendimentos no local.
A TV Anhanguera apurou que cada frasco de comprimidos vendido no local custava R$ 50. Também são vendidas garrafinhas de água considerada fluidificada, cujo tamanho maior custa R$ 10.
Durante depoimento à Polícia Civil, João de Deus informou que a farmácia conta com um profissional farmacêutico. Ao ser questionado sobre o que compõe os medicamentos produzidos no local, ele respondeu que “todos são iguais, mas a energia presente é a indicada para cada um dos frequentadores”.
Também conforme o depoimento do médium, “no atendimento não é repassado receita, as orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita”. Ainda assim, conforme apurou a TV Anhanguera, os frequentadores são incentivados a comprar os medicamentos por funcionários da Casa, como uma “bênção”.
João de Deus disse, ainda no depoimento à Polícia Civil, que “alguns frequentadores já adquirem os produtos, mesmo sem o encaminhamento do espírito, pois são frequentadores do local há muitos anos e acreditam na eficiência do produto”. Ele afirmou também que aquelas pessoas que não têm condições financeiras de comprar os medicamentos os recebem de forma gratuita.
Busca e apreensão
A interdição da farmácia foi feita após uma equipe da Vigilância Sanitária vistoriar o local, na sexta-feira (21). Segundo a Polícia Civil, havia uma demanda para que o órgão avaliasse a produção de medicamentos no local.
A visita da equipe resultou ainda na apreensão de "amostras de medicamentos e de água mineral vendida como fluidificada". Essas substâncias devem ser analisadas no Laboratório de Saúde Pública Dr. Geovanni Cysneiros (Lacen-GO), que deverá ter um resultado em até 30 dias, de acordo com o comunicado do órgão.
Após inspecionar o local durante quatro horas, "foram emitidos Autos de Infração e de Apreensão Cautelar, além de Termo de Intimação, que vão gerar relatório técnico, a ser entregue ao responsável técnico da farmácia, com as adequações necessárias para eventual liberação do funcionamento da farmácia". Portanto, a interdição não tem um tempo determinado ainda.
Na mesma operação participaram a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Sobre as ações na farmácia, a promotora Gabriella Clementino disse que aguarda os laudos a serem produzidos pela Vigilância para avaliar os próximos passos.
“Vamos analisar se há necessidade de autuação criminal ou civil. Por enquanto é uma autuação administrativa", detalhou.
Na mesma data os policiais apreenderam esmeraldas, medicamentos e uma mala com R$ 1,2 milhão na casa do médium. Sobre o valor, a defesa dele afirmou, à TV Anhanguera, que “muito do dinheiro encontrado tem a ver com antigas doações” (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).
A polícia já havia achado mais de R$ 400 mil em notas nacional e estrangeira além de armas, tudo no mesmo endereço. Esses armamentos levaram a Justiça a dar nova órdem de prisão ao médium, dessa vez por posse ilegal das pistolas e revólveres.
Ao decretar a prisão do médium nestas circunstâncias, o juiz Liciomar Fernandes da Silva disse que “tudo indica que João de Deus chefia uma organização criminosa”.
Situação atual
Investigação
João de Deus teve a prisão decretada no dia 14 de dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que passaram a receber vários relatos de abuso sexual durante tratamento espiritual após a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus denunciar o médium no programa Conversa com Bial sete dias antes.
No dia 16, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia. João de Deus prestou depoimento em seguida, durante três horas, e afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos dias anteriores à prisão.
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 publicaram nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
Nota da defesa de João de Deus
De acordo com um relato divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), a interdição atinge somente o laboratório, permitindo as vendas dos medicamentos. O órgão
esclareceu que a farmácia tem alvará para produzir os remédios, mas não na escala em que estavam sendo feitos.
O número de remédios produzidos e comercializados não foi informado. No entanto, de acordo com estimativa do gestor da casa, Chico Lobo, cerca de 10 mil pessoas passavam pela Casa Dom Inácio de Loyola por semana enquanto João de Deus realizava os atendimentos no local.
A TV Anhanguera apurou que cada frasco de comprimidos vendido no local custava R$ 50. Também são vendidas garrafinhas de água considerada fluidificada, cujo tamanho maior custa R$ 10.
Durante depoimento à Polícia Civil, João de Deus informou que a farmácia conta com um profissional farmacêutico. Ao ser questionado sobre o que compõe os medicamentos produzidos no local, ele respondeu que “todos são iguais, mas a energia presente é a indicada para cada um dos frequentadores”.
Também conforme o depoimento do médium, “no atendimento não é repassado receita, as orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita”. Ainda assim, conforme apurou a TV Anhanguera, os frequentadores são incentivados a comprar os medicamentos por funcionários da Casa, como uma “bênção”.
João de Deus disse, ainda no depoimento à Polícia Civil, que “alguns frequentadores já adquirem os produtos, mesmo sem o encaminhamento do espírito, pois são frequentadores do local há muitos anos e acreditam na eficiência do produto”. Ele afirmou também que aquelas pessoas que não têm condições financeiras de comprar os medicamentos os recebem de forma gratuita.
O médium João de Deus, preso em Goiás sob acusação de abuso sexual — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A interdição da farmácia foi feita após uma equipe da Vigilância Sanitária vistoriar o local, na sexta-feira (21). Segundo a Polícia Civil, havia uma demanda para que o órgão avaliasse a produção de medicamentos no local.
A visita da equipe resultou ainda na apreensão de "amostras de medicamentos e de água mineral vendida como fluidificada". Essas substâncias devem ser analisadas no Laboratório de Saúde Pública Dr. Geovanni Cysneiros (Lacen-GO), que deverá ter um resultado em até 30 dias, de acordo com o comunicado do órgão.
Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Após inspecionar o local durante quatro horas, "foram emitidos Autos de Infração e de Apreensão Cautelar, além de Termo de Intimação, que vão gerar relatório técnico, a ser entregue ao responsável técnico da farmácia, com as adequações necessárias para eventual liberação do funcionamento da farmácia". Portanto, a interdição não tem um tempo determinado ainda.
Na mesma operação participaram a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Sobre as ações na farmácia, a promotora Gabriella Clementino disse que aguarda os laudos a serem produzidos pela Vigilância para avaliar os próximos passos.
“Vamos analisar se há necessidade de autuação criminal ou civil. Por enquanto é uma autuação administrativa", detalhou.
Na mesma data os policiais apreenderam esmeraldas, medicamentos e uma mala com R$ 1,2 milhão na casa do médium. Sobre o valor, a defesa dele afirmou, à TV Anhanguera, que “muito do dinheiro encontrado tem a ver com antigas doações” (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).
A polícia já havia achado mais de R$ 400 mil em notas nacional e estrangeira além de armas, tudo no mesmo endereço. Esses armamentos levaram a Justiça a dar nova órdem de prisão ao médium, dessa vez por posse ilegal das pistolas e revólveres.
Ao decretar a prisão do médium nestas circunstâncias, o juiz Liciomar Fernandes da Silva disse que “tudo indica que João de Deus chefia uma organização criminosa”.
Situação atual
- Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
- MP recebeu 596 relatos de abusos sexuais e identificou 255 vítimas;
- Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP têm entre 9 e 67 anos;
- Médium está preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional deAparecida de Goiânia desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou;
- Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Um inquérito foi concluído e há oito em andamento;
- Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
- Justiça também decretou a prisão do médium por posse ilegal de armas de fogo;
- Há relatos de supostas vítimas 15 estados brasileiros e outros seis países;
- MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
- Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola;
- Defesa teve dois habeas corpus negados e foi ao STF
- Mesmo que o ministro Dias Toffoli conceda o habeas corpus, João de Deus segue preso por causa do outro mandado de prisão
Investigação
João de Deus teve a prisão decretada no dia 14 de dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que passaram a receber vários relatos de abuso sexual durante tratamento espiritual após a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus denunciar o médium no programa Conversa com Bial sete dias antes.
No dia 16, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia. João de Deus prestou depoimento em seguida, durante três horas, e afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos dias anteriores à prisão.
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 publicaram nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
Nota da defesa de João de Deus
1. É deplorável que profissionais da imprensa tenham acesso à decisão e os advogados do investigado, não!
2. A decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra inidônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade. A jurisprudência de nossos tribunais é pacífica no sentido de que a prisão preventiva não se presta a punir sem processo e sem defesa. Prisão preventiva serve para tutelar os interesses cautelares do processo, coisa que não se demonstrou.
4. A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível. Mais: não se lavrou Auto de Apreensão no local como manda a lei. Portanto, a diligência é írrita.
Alberto Zacharias Toron, advogado
2. A decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra inidônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade. A jurisprudência de nossos tribunais é pacífica no sentido de que a prisão preventiva não se presta a punir sem processo e sem defesa. Prisão preventiva serve para tutelar os interesses cautelares do processo, coisa que não se demonstrou.
4. A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível. Mais: não se lavrou Auto de Apreensão no local como manda a lei. Portanto, a diligência é írrita.
Alberto Zacharias Toron, advogado
Phonte: TV Anhanguera
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça um blogueiro feliz, comente!!
Porém...
Todo comentário que possuir qualquer tipo de ofensa, ataque pessoal e palavrão, será excluído sem aviso prévio!