Luis A R Branco
Há algumas décadas o movimento humanista decidiu deixar de
investir em propaganda, e passaram a investir cada centavo que recebessem em
educação, num projeto que poderia levar décadas para ser concretizado. Eles
entenderam que as escolas e as universidades de todo o mundo eram os “jardins
de infância” de uma nova geração humanista que desejavam desenvolver.
Durante décadas os humanistas sumiram do cenário, a ponto de
nos anos 70’s filósofos e teólogos ousarem declarar que o humanismo estava
praticamente extinto como movimento. Enquanto na verdade, investiam
silenciosamente na educação, e hoje estima-se que eles dominam aproximadamente
90% do sistema de educação, fazendo com que a influência humanista na sociedade
tenha um alcance em praticamente todas as esferas desta.
O que é o humanismo ou movimento humanista? Antes de
responder a esta pergunta é preciso entender que existem no humanismo varias
ramificações com uma ou outra nuance, mas basicamente podemos dizer que: O
Humanismo é uma filosofia que coloca o homem no centro de todas as coisas. Isto
significa que o homem, suas ideias, vontades e sentimentos passam a assumir o
papel principal no mundo e determinam como tudo o mais deverá funcionar.
Acadêmicos mais modernos como Gilles Lipovitsky, Mario
Vargas Llosa, entre outros, referem-se a influência do humanismo em nossos dias
como a “civilização do espetáculo”. Segundo Mario Vargas Llosa, a “civilização
do espetáculo” significa: “Um mundo onde na balança dos valores vigentes estão
o entretenimento, e onde divertir-se e fugir do aborrecimento é a paixão
universal.” [1].
Observamos que esta filosofia humanista já adentrou em
nossas igrejas criando algo extremamente bizarro. A Igreja que recebeu a
autoridade de avançar com a pregação genuína do evangelho contra as portas do
inferno (Mt 16:18), que é nada menos que o poder de Deus para salvar (Rm 1:16),
mas também para derrubar e confundir sofismas (2 Co 10:4), passou a ser um novo
“Jardim de Infância”, conhecido como o “humanismo cósmico”, que é a mistura da religiosidade
com a centralidade do homem.
Infelizmente muitos dos nossos chamados “cultos” são nada
menos que uma reunião do “neo-movimento do humanismo cósmico”. Onde tudo está
voltado para o entretenimento, o sentimentalismo, uma forma de esquecer os problemas
que ficaram lá fora, onde muita música, gritaria, extravagância, atos tidos
“proféticos” assumem a dianteira antes destinada ao evangelho. E obviamente,
muito protagonismo, que aliás, é o pilar principal que sustenta este movimento.
Um dia destes o grupo responsável pelo louvor em nossa
igreja cantou uma música, fique impressionado com a letra, após o culto reuni
todos os músicos e dirigentes ao redor do púlpito, dei a eles um marcador e
pedi que marcassem todos os pronomes pessoais e possessivos que encontrassem no
cântico, e com outro marcador marcassem todos os atributos de Deus ou seu nome.
No final o resultado foi 19 pronomes pessoais e possessivos, nenhum atributo
divino, e apenas uma referência a Deus como Senhor na última linha, porém diz: “O
Senhor que nos servirá.” Eles ficaram assustados, então lhes disse: “Vocês
nesta manhã cultuaram a si próprios e promoveram o humanismo na igreja.” O
mesmo acontece com as pregações, que em muitas igrejas, passaram a ser mais
aulas de auto-ajuda e sessão de piadas ou pior, momentos onde heresias passaram
a ser ensinadas descaradamente.
A coisa é muito sutil, muito subjectivada através dos
protagonistas tidos como os “ungidos” de Deus, e que são na verdade mensageiros
de Satanás para afastar nossas igrejas do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo escreveu: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros
fraudulentos. Transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar,
porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.” (2 Co 11:14-27).
Infelizmente a “civilização do espetáculo” já alcançou a
igreja. O filósofo francês Gilles Lipovitsky escreveu: “Ao contrário do que se
verificava no passado, a Igreja já não privilegia as noções de pecado mortal,
já não exalta o sacrifício ou a renúncia… De uma religião centrada na salvação
no Além, o cristianismo passou a ser uma religião ao serviço da felicidade
terrena, colocando a ênfase nos valores da solidariedade e do amor, na
harmonia, na paz interior, na realização total da pessoa.” [2].
Que Deus tenha misericórdia de nós e que possamos voltar ao
verdadeiro evangelho.
[1] LLOSA, Mario Vargas. La Civilización Del Espetáculo.
Madrid: Alfaguarda, 2012, Edição no formato KINDLE.
[2] Gilles Lipovetsky, A Felicidade Paradoxal: Ensaio Sobre
a Sociedade do Hiperconsumo. Lisboa: Edições 70, 2007, pág. 111-112.
Fonte: Verdade na Pratica
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