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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Veja 4 momentos em que a Igreja Católica mudou seus dogmas

Texto publicado pelo Vaticano faz menção a “dons e qualidades” que casais homossexuais têm a oferecer e questiona se a comunidade cristã será capaz de acolhê-los

No dia 13 de outubro, um documento publicado pelo Vaticano causou inquietação em setores da Igreja Católica. Elaborado depois de uma semana de atividades do Sínodo Extraordinário para a Família, que reuniu 200 bispos, o texto faz menção a “dons e qualidades” que casais homossexuais têm a oferecer e questiona se a comunidade cristã será capaz de acolhê-los e aceitar a sua orientação sexual “sem fazer concessões na doutrina católica sobre família e matrimônio”.

Embora esses questionamentos tenham ficado de fora do relatório final do sínodo, apenas a presença do tema em um dos documentos de trabalho do encontro foi o suficiente para chamar a atenção. A imprensa internacional tratou o acontecimento como uma mudança de tom no discurso da Igreja Católica, que sinalizaria uma possível abertura quanto aos relacionamentos homoafetivos.

Para André Chevitarese, professor do Laboratório de História das Experiências Religiosas, do Instituto de História da UFRJ, só o fato de o assunto estar inserido em uma agenda religiosa é motivo para se comemorar, mas com ressalvas. “A minha opinião é que não cabe a nenhuma religião, seja ela cristã ou não, interferir em questões do âmbito do sujeito”, diz o historiador, condenando a imposição da moral religiosa sobre escolhas individuais.

Com vários livros publicados sobre a história do cristianismo, Chevitarese afirma que em nenhum momento Jesus Cristo ou Deus, na Bíblia Sagrada, condena comportamentos homossexuais. “Há umas cinco ou seis passagens, contidas tanto no material judaico quanto no cristão, que falam sobre isso. Mas nunca um mandamento de Jesus - somente lideranças de comunidades criticando tal postura”, explica.

Na opinião do professor, parte do problema reside na maneira como os textos são interpretados. “O problema com esse tipo de interpretação é que, quando cabe o tom literal, determinada passagem é levada ao pé da letra. Mas quando há um interesse diferente, defende-se a leitura figurativa”, conclui.

De qualquer forma, caso essa presença do tema nas discussões do Vaticano seja, de fato, o início de um processo de aceitação dos homossexuais, essa não será a primeira vez que um dogma católico passa por releituras. 

Confira abaixo outros assuntos sobre os quais a Igreja Católica mudou de opinião:

Celibato
O celibato de sacerdotal nem sempre foi uma exigência das lideranças católicas. Durante dezenas de séculos, padres e papas podiam casar e ter filhos. Desde os primeiros séculos do cristianismo, no entanto, já se considerava a ideia, em alguns grupos mais ortodoxos, de que os representantes do clero deveriam se abster do casamento - ou seja, que o religioso dedicasse todo o seu tempo exclusivamente à Igreja.

“Foram os concílios I e II de Latrão, no século 12, os primeiros a tratar especificamente essa questão”, diz André Chevitarese. Mesmo depois disso, no entanto, houve papas casados, pois alguns séculos a mais foram necessários para que o celibato se tornasse uma exigência.

Religião x Ciência
O filósofo italiano Giordano Bruno, no século 16, defendia, entre outras coisas, a infinitude do universo. Isso foi o suficiente para a Inquisição Romana condená-lo à execução na fogueira pela Inquisição Romana.


Algumas décadas depois da sua morte, o notável fisico Galileu Galilei, também italiano, foi preso e condenado por heresia após divulgar e defender as ideias de Copérnico, de que a Terra se move ao redor do Sol, contrariando as teses defendidas pela Igreja Católica então. Para não ter o mesmo desfecho trágico de Bruno, Galilei precisou se retratar e abdicar de suas ideias.

Somente em 1992, na voz do papa João Paulo II, a Igreja Católica pediu desculpas por ter condenado Galilei. Esses são apenas alguns dois exemplos de conflitos entre a doutrina cristã e a ciência.

Para Chevitarese, esse tipo de confrontamento não é mais tão comum hoje em dia devido a um enfraquecimento do poder da Igreja. “O recrudecimento do fundamentalismo ao longo do século 20 se deve em grande parte à incapacidade da teologia, nas suas mais diferentes facetas, de dar conta das demandas que o mundo contemporâneo coloca. Essas demandas são amplamente respondidas, seja para o bem ou para o mal, pela ciência”, opina.

Maria Madalena e o papel da mulher
De acordo com o Evangelho de João, a primeira aparição de Jesus após a sua ressurreição é presenciada por Maria Madalena. Sendo assim, a devota discípula de Cristo, segundo André Chevitarese, é colocada no mesmo nível que os demais apóstolos. “Essa primazia de Maria Madalena fez as mulheres começaram a se questionar por que, dentro da Igreja Católica, elas eram tratadas como rebanho. Aí houve uma tensão”, conta.

Essa insatisfação teve início nos primeiros séculos do cristianismo e foi resolvida, conforme pontua Chevitarese, de forma melancólica: “O papa Gregório Magno, no ano de 591, em uma homilia, cita duas passagens do evangelho e as relaciona, maldosamente, a Maria Madalena”. Uma dessas passagens refere-se a uma mulher adúltera, salva do apedrejamento por Jesus; a outra, a uma mulher pecadora que ungiu os pés de Cristo. Nos dois trechos, no entanto, não é citado o nome das mulheres.


Em um encontro com representantes das principais religiões do mundo, o Papa Francisco prometeu "amizade e respeito" por todas as religiões
Foto: Observatório Romano / AFP
No século 19, o Vaticano corrige o erro, e Maria Madalena ganha o status de santa na doutrina católica.

Respeito a outras religiões
O Concílio Vaticano II foi uma série de conferências realizadas entre 1962 e 1965 que provocou mudanças significativas na maneira como a Igreja Católica abordava algumas questões. Uma delas era o relacionamento com outras religiões. Passou-se a aceitar que devotos de outras crenças também pudessem chegar a Deus e à salvação.


Para o historiador, essa foi uma decisão importantíssima. “Temos ali um momento absolutamente fértil da Igreja. Ela toma a decisão de se aproximar não das elites, e sim das demandas populares, e começa a esvaziar costumes como a malhação de Judas, reaproximando-se com o judaísmo”, afirma Chevitarese.

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