Graças ao Mark Dever, muitos de nós passamos a conhecer bem as Nove
Marcas de uma Igreja Saudável. Embora elas nunca tenham tido a pretensão de ser
a última palavra em tudo o que uma igreja deva ser ou fazer, as nove marcas têm
sido úteis para lembrar os cristãos (e pastores em especial) de elementos
necessários que sempre esquecemos em uma era concentrada no estilo.
Em certo sentido, as nove marcas de uma igreja doente poderiam ser
simplesmente o oposto de tudo aquilo que compõe uma igreja saudável, de maneira
que uma igreja saudável ignora a membresia, a disciplina, a pregação expositiva
e todo o resto. Mas os sinais de doença na igreja nem sempre são tão óbvios. É
possível que a sua igreja ensine e entenda todas as coisas certas e, ainda
assim, seja um lugar terrivelmente doente. Sem dúvida há dezenas de indicadores
que uma igreja se tornou disfuncional e enferma, mas limitemo-nos à nove.
Aqui vão nove macas de que a sua igreja — mesmo uma que creia na
Bíblia, pregue o evangelho e abrace uma boa eclesiologia — possa estar doente.
2. Os funcionários da igreja não tem prazer em trabalhar. Todo trabalho
tem seus altos e baixos. Todo ofício terá tensão de vez em quando. Mas a
liderança deve observar quando os funcionários parecem mal-humorados, infelizes
e têm que se arrastar para a igreja a cada dia. Os funcionários da sua igreja
desfrutam da presença uns dos outros? Eles conversam entre si como amigos no
salão da comunhão? Você os vê rindo juntos? Se não, pode haver estresse em
andamento, ou conflito, ou algo pior.
3. O pastor e a sua esposa não se dão bem. Não estou falando das
desavenças corriqueiras e dos períodos difíceis pelos quais todo casal passa.
Estou falando de um casamento que esfriou e perdeu o amor, um relacionamento
superficial e carente de paixão. Toda igreja deveria ter algum mecanismo
preparado para perguntar ao pastor e à sua esposa como vai (ou não) o
casamento. Igrejas podem sobreviver a muitos conflitos, mas raramente serão
lugares felizes e saudáveis se o pastor e a sua esposa estão secreta ou
abertamente infelizes e doentes.
4. Quase ninguém sabe para onde vai o dinheiro. Igrejas lidam com suas
finanças de diferentes maneiras. Conforme as igrejas crescem, pode ser mais difícil
(ou até insensato) que todos tenham voz na alocação de cada centavo. Ainda
assim, quando se trata de finanças, exagerar para o lado da transparência
raramente é uma má ideia. No mínimo, deve haver mais do que um pequeno grupo de
pessoas que saiba (e tenha voz sobre) para onde vai o dinheiro. Não faça do
salário do pastor uma questão de segurança nacional.
5. A equipe de liderança nunca muda ou sempre muda. Ambas as situações
são sinais alarmantes. Por um lado, a igreja fica com um olhar muito limitado para
si mesma quando nunca há sangue novo entre os líderes. Se os seus presbíteros,
diáconos, líderes de comissão, líderes de pequenos grupos, professores de EBD,
coordenadores e membros do grupo de louvor são os mesmos agora desde quando
José Sarney foi Presidente da República, você tem um problema. Talvez os
antigos líderes gostem do poder, talvez ninguém mais esteja sendo treinado,
talvez sua igreja não tenha recebido ninguém novo em vinte anos. Todos esses
são grandes problemas. Por outro lado, se os presbíteros nunca estão
interessados em servir mais um termo e os funcionários nunca ficam por mais do
que dois anos, a cultura da sua igreja pode ser muito confinada, muito cheia de
conflito ou muito impiedosa para com erros honestos.
6. Ninguém jamais é levantado da igreja para o ministério pastoral ou é
enviado da igreja ao serviço missionário. Boa pregação inspira homens jovens a
pregar. Clareza sobre o evangelho empolga homens e mulheres a compartilhar o
evangelho com aqueles que não o ouviram. Igrejas menores podem não enviar
obreiros todo ano, mas a congregação que quase nunca produz pastores e
missionários quase nunca é uma igreja saudável.
7. Existe uma lentidão exacerbada na tomada de decisões. Isso pode ser
culpa da congregação. Alguns membros insistem em aprovar cada decisão, desde
contratação de funcionários, a duração do culto e a cor do carpete. Se todos
têm que votar em cada decisão, a sua igreja nunca será maior que o número de
pessoas informadas que podem votar em cada decisão (que é um número bem
pequeno). Essa lentidão pode ser culpa do pastor. Em algumas igrejas nada
acontece sem a aprovação pessoal do pastor e sua direta supervisão — uma
receita certeira para guerras territoriais, crescimento atrofiado, e
afastamento de líderes talentosos.
8. A pregação se torna errática. Isso pode ter muitas formas. Talvez o
pastor não compartilhe mais o púlpito com outros membros e o ocasional
convidado de fora. Talvez o oposto esteja acontecendo, e o pastor pareça estar
chamando substitutos mais frequentemente do que o contrário. Talvez a pregação
tenha se tornado mais virulenta, ou sempre martele no mesmo tema, ou mostre
sinais de pouca preparação. Talvez você tenha notado que o pregador está
contando mais com vídeos ou esboços que não são de sua autoria, ou
constantemente reutiliza material de poucos anos atrás. Ninguém quer que a
pregação seja enfadonha. Alguma variação deve ser esperada e bem vinda. Mas
preste atenção se o pregador parece doutrinariamente instável, irritável ou
exausto.
9. Há problemas que todos conhecem, mas ninguém conversa abertamente a
respeito. Igrejas doentes muitas vezes têm uma grande regra tácita: a pessoa
que menciona os nossos problemas é que tem problema. Pode ser um pastor que não
sabe pregar, um organista que nunca fica para ouvir o sermão, um presbítero que
dizem que está em um relacionamento ilícito, um diretor de juventude que não
tem jeito para falar com crianças, um funcionário que não se dá com ninguém, um
líder que que lidera por ordens e intimidação. O melhor é que muitos problemas
sejam tratados em secreto e discretamente, mas isso não é desculpa para fazer
vista grossa para o que todos podem ver claramente. Falar sobre aquilo que
todos conhecem é, muitas vezes, o primeiro passo para tirar do problema o seu
poder incapacitante.
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