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segunda-feira, 23 de março de 2015

Um artigo judeu: Nefesh, uma chama que não se apaga

nefesh

Iniciamos, nessa semana, a leitura do livro Levítico, o terceiro livro da Torá. Logo nos primeiros versículos dessa porção lemos: “Nefesh ki techeta”, ou “Quando uma pessoa vai pecar.” A Torá continua a descrever as várias ofertas de expiação necessárias para absolver cada uma de suas ofensas.

Segundo a interpretação da obra máxima cabalista, o Zohar, a palavra nefesh representa não apenas uma pessoa, mas uma alma; além disso, ela acrescenta ao verso um ponto de interrogação. Em outras palavras, a Torá estaria nos perguntando: Será que a alma é capaz de pecar? Pode uma alma judaica, uma centelha da divindade, verdadeiramente se inclinar para cometer um pecado?


Na verdade, a única forma de permitir que isso aconteça é quando esquecemos de quem somos, não estamos mais conectados com nossa verdadeira identidade e passamos a sofrer de uma certa “amnésia espiritual”. Isso acontece, infelizmente, em parte porque vivemos em condições que favorecem esse recuo. Afinal, estamos inseridos em uma sociedade secular. As paredes do gueto velho já não existem para nos isolar. Estamos expostos ao grande mundo com todos os seus desvios aparentemente tentadores. Lenta, mas seguramente, até mesmo uma alma judaica está suscetível a esquecer quem ela é e não resistir ao pecado.

O santo Zohar vem nos lembrar que não somos apenas “uma pessoa que pode pecar.” Somos uma alma, e por isso parte integrante do Divino. Visto dessa forma, é impossivel pecar! Para ela, distanciar-se de sua fonte é absolutamente impensável.

Se não fosse assim, como explicaríamos que, após 70 anos de ateísmo comunista, os judeus da antiga União Soviética estão hoje ardentemente abraçados à fé de seus antepassados? Ou que, após décadas de apatia, os judeus de todas as idades estão procurando desesperadamente por espiritualidade? Ou que o renascimento da vida judaica se tornou uma realidade em todo o mundo? Sim, existem pessoas boas lá fora, acendendo fagulhas e abanando-as com uma fé ardente. 

E mesmo elas não existiriam se não houvesse uma brasa queimando dentro de cada alma judaica de forma inextinguível.

Quando você tiver dúvidas sobre quem você é, lembre-se do Zohar. Você é nefesh, uma alma, uma alma judaica. E, como tal, nunca se apagará.

Shabat Shalom!

Rabino Eliyahu e Rivky Rosenfeld

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