Recordo que, na minha adolescência qualquer pregador que estivesse em apuros no púlpito, bastava declarar: “Quem quer ser um missionário?”, ou “O Brasil será um celeiro de missionários”, para reconquistar novamente a atenção e a estima do publico. Era uma época em que a Igreja respirava o significado e a urgência de anunciar o Evangelho de Cristo Jesus aos perdidos.
O objetivo não é ficar com saudosismo ou afirmações descabidas de que nada de bom esteja acontecendo no presente, mas passados vinte anos, a percepção infelizmente é de que muita coisa mudou no conceito de culto, missões e propósito da Igreja evangélica brasileira.
Mudou porque para muitos cristãos contemporâneos o conceito da grande comissão da Igreja de Cristo Jesus nem mesmo existe, uma vez que, vivem dentro de ambiências religiosas que no máximo geram uma percepção de Culto-Show, totalmente contrario ao Evangelho do Cruz e do mandamento de Cristo Jesus - “Ide e pregai o Evangelho”.
Mudou porque inúmeras comunidades cristãs deixaram de ser sal da terra para se tornarem saleiro, onde o sal existe para salgar sal. É no mínimo um grande desperdício de propósito uma comunidade cristã que se converteu em uma agremiação religiosa, vivendo enclausurada em seu próprio mundinho, para adorar o seu próprio deusinho, vivendo sua própria vidinha.
Mudou porque inconscientemente cada vez mais surge uma geração adepta do templo, e menos do caminho do Evangelho de Cristo Jesus. Crentes com prata e ouro que cultuam em templos milionários (como em Atos 3), enquanto que, o mundo fica marginalizado aos arredores do templo mendigando o pão e a salvação.
Mudou porque a pregação de muitos pregadores, líderes e cristãos infelizmente mudaram. E porque o conteúdo da pregação tem mudado? Certamente, porque a interpretação do tempo presente, as prioridades e as urgências da vida também estão mudando. Uma vez que, o alvo é o sucesso pessoal e não mais a esperança da glória, muita coisa muda. Uma vez que, o objetivo é a própria vida regalada e confortável, e não mais as pisaduras do Cristo Sofredor, muita coisa muda.
E enfim, possivelmente, a mudança também esteja acontecendo porque crescemos, o que é ótimo, quem não gosta de crescer. Porém, mais importe “que” é “como”. É certo que crescemos, mas como crescemos? Será que, com o crescimento numérico de novos membros evangélicos, a urgência e o significado de se pregar o Evangelho até os confins da terra também vem crescendo?
De modo que, em síntese, invariavelmente as mudanças sempre foram uma prerrogativa da própria vida. É verdade a vida muda, mas diante das mudanças que objetivam deturpar o significado do nosso chamado em Deus através de Cristo Jesus, as escrituras sagradas afirmam que – “Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”. (Salmo 125:1)
Diante do derretimento (mudanças) dos bons costumes, da fé, e das motivações da vida, continuar confiando no Senhor e nas suas promessas ainda é, e sempre será o porto seguro de todo discípulo de Cristo Jesus que decidiu não se render as mutações mundiais e sociais que sobrevém como verdadeiros tsunamis, procurando alterar o culto, a missão e o propósito da Igreja de Cristo Jesus.
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Samuel Torralbo é pastor, escritor e colaborador do Púlpito Cristão
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