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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Como as ideias da liberdade vão transformar o Brasil?

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Por Luan Sperandio Teixeira, publicado pelo Instituto Liberal

Muitos liberais ficaram empolgados com os resultados das eleições municipais de 2016. O PT perdeu quase 60% de suas prefeituras (administrava 638 cidades e passará a administrar 256 a partir de 2017). Fernando Haddad, ao não conseguir ir para o 2º turno em São Paulo deixa o PT sem Plano B para 2018, caso Lula esteja inelegível.

Mesmo sem coligações, o NOVO conseguiu eleger seus primeiros vereadores em 4 capitais, sem utilização de Fundo Partidário, demonstrando que, ao menos nesse primeiro momento, é possível fazer uma campanha ideológica. Além disso, 1 prefeito e 7 vereadores apoiados pelo MBL foram eleitos.

Apesar do panorama favorável, me permitam certo ceticismo e encarem como um alerta do que não devemos deixar de fazer para que esse ambiente favorável se desenvolva.

Me chamou atenção uma imagem que um amigo compartilhou em seu Facebook. Era referente ao salário pago por um blog de esquerda para o cargo de auxiliar de edição produzir narrativas como a de que o processo de “impeachment foi golpe”.


Você já ouviu falar desse site? Sendo bastante sincero, eu nunca, e talvez seja até uma falha minha. Mas analisando seu editorial, chama atenção uma matérias como o STF declarou Estado de Exceção ao não punir Moro pela divulgação dos grampos de Lula, a colocando na categoria “fascismo”. Há outras reportagens intrigantes também, como a que afirma que o Brasil está sofrendo uma agressão imperialistae outra sobre as eleições terem demonstrado a vitória da estratégia golpista e do banditismo político.

Lembrando que esse é tão somente um único blog de esquerda, sequer sendo entre os mais influentes: há outras dezenas. Dito isso, façamos um paralelo com o movimento liberal.

Nos últimos anos houve enormes progressos no movimento liberal, a listar: a criação de centenas de grupos de estudos pelo país afora; a publicação de livros de ciência política que se tornaram best-sellers; a vitória de algumas chapas liberais em eleições para DCE em universidades brasileiras; a organização de centenas de eventos, palestras e promoção de debates com teor liberal; e a quebra do monopólio da esquerda nas manifestações de rua, que muito influenciaram no processo de impeachment. 

A despeito disso, pode-se afirmar com segurança que esse movimento não será sustentável a médio e longo prazo.

Meu ceticismo é simples de ser justificado. A promoção das ideias da liberdade no Brasil possui enorme dependência de grupos de voluntariados, que dedicam pouco de seu tempo para a produção de conteúdo e na organização de eventos. Lembrem-se: do outro lado há profissionais fazendo tudo isso, muito bem remunerados e motivados para tanto.

O impeachment foi um passo importante, mas ele por si só não garantirá um Brasil mais livre e próspero se esse trabalho de promoção nas ideias da liberdade esmaecerem. É normal o mercado de ideias ficar em ebulição em períodos de crise, mas após o afastamento da presidente, os níveis de confiança do consumidor e do empresariado voltaram a crescer, indicando uma retomada do crescimento já em 2017. Isso significa que o interesse do público por novas ideias tende a cair, e o afinco do trabalho dos voluntários também. 

Como um todo, é bastante provável que as estruturas e think tanks criados nos últimos anos se mantenham, mas atinjam um alcance menor na percepção do público, com o engajamento de seus membros caindo gradativamente.

Não seria a primeira vez que isso aconteceria, vale dizer. Após a estabilização da inflação e das diversas reformas promovidas pelo Governo FHC, o fundador deste instituto, o saudoso Donald Stewart Jr., demonstrou todo seu entusiasmo para os próximos anos ao final de sua obra O que é Liberalismo

Duas décadas se passaram de lá para cá, tivemos avanços sociais relevantes, mas muito pouco das previsões de Donald se concretizaram, havendo inclusive retrocessos em vários pontos. Isso aconteceu justamente porque o emergente movimento liberal da época não tinha uma base formada em larga escala por intermédio de lideranças profissionais. Os patrocinadores se afastaram e o resultado disso é de conhecimento público.

Para reverter esse quadro, é preciso duas coisas ocorrerem: a primeira é a asfixia financeira, que em grande parte se daria com o empresariado brasileiro parando de dar dinheiro à esquerda. A produção cultural em muito é financiada por indivíduos que não se consideram de esquerda, mas insconcientemente financiam intelectuais dessa corrente ideológica. 

A segunda perpassa pelo financiamento, por meio tanto de pessoas físicas quanto jurídicas, destinado à think tanks e indivíduos comprometidos na promoção de ideias da liberdade.

Isso é essencial para que indivíduos tenham tempo para aprimoramento acadêmico, estudos fundados nas ideias da liberdade, na realização de pesquisas e publicação de artigos, espaço na produção de obras, abertura de editoras, e demais ações de toda sorte. Se não houver financiamento para tornar o movimento sustentável, corre-se o risco de todo o trabalho dos últimos anos perecer. E isso é responsabilidade individual de cada liberal.

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