Jerusalém, dezembro de 1917. A atmosfera era de comemoração dos judeus ao verem o general britânico Edmund Allenby desmontar de seu cavalo, com humildade, tirar o chapéu com reverência e adentrar a Cidade Velha de Jerusalém através do Portão de Jaffa, que não era aberto havia muitos anos. Acabavam os 973 anos de governo muçulmano sobre a capital de Israel, fundada pelo rei Davi.
As imagens icônicas da época mostram o povo judeu o acolhendo como se ele fosse algum tipo de messias, e a Terra Santa nunca mais voltou a ser a mesma. Com o passar do tempo, o envolvimento da Grã-Bretanha nem sempre seria positivo, mas a história está prestes a se repetir na data em que a libertação de Jerusalém completa um século.
Foram cerca de 1500 anos debaixo de governo islâmico, excetuando o período que foi tomada pelos cruzados (1099-1187). Os conquistadores se alternaram até que o Império Turco Otomano passou a governar Jerusalém, em 1517. Foi uma sucessão pacífica, pondo fim ao domínio dos mamelucos islâmicos (1260-1517).
Foram 400 anos exatamente. Na Bíblia, 400 anos parecem ser uma referência à espada, escravidão e opressão do povo, afinal foram quatro séculos de escravidão no Egito e 400 anos entre o fim do Antigo Testamento e o início do Novo.
Durante os 400 anos de domínio otomano, a construção de igrejas e sinagogas foi proibida, os sinos das igrejas eram proibidos, os não-muçulmanos (dhimmis) não tinham direitos iguais. Eles eram cidadãos de segunda classe e tinham que pagar o imposto adicional “jizya”, previsto na lei islâmica.
Ademais, em 1915 foi dada uma ordem para se livrarem de todo cristão no Império Otomano. O genocídio armênio incluiu não só os armênios, mas também os católicos e os cristãos ortodoxos gregos. Um milhão e meio foram assassinados e muitos mais sofreram horrivelmente antes de fugir.
O momento anunciado e a estratégia de Isaías 31
Enquanto a Turquia se aliou com a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, os britânicos combateram o Império Otomano, que dominava grande parte do Oriente Médio. Com a assinatura do Tratado de Sèvres, em 1920, 40 novos países foram estabelecidos nos antigos territórios do Império Otomano.
O general Allenby foi encarregado de libertar Jerusalém e havia manifestado a preocupação de seus superiores quanto à magnitude e sensibilidade da tarefa. Ele havia recebido ordens para tomar a cidade sem atirar contra a cidade e seus habitantes. [1] Como fazer isso? Segundo os registros de sua biografia ele orou. O que talvez não pareça ser muito para os historiadores, mostram que ele tinha uma devotada fé cristã e acreditava nas profecias bíblicas.
O general britânico conhecia o trabalho do Dr. H. Aldersmith, um erudito bíblico especializado em profecias sobre Israel. Aldersmith explicou em seu livro de 1898, “Plenitude das Nações”, por que acreditava que Jerusalém seria entregue à Grã-Bretanha em 1917. [2] Ele ficou convencido a partir da leitura de Isaías 31: 4-5 que o Reino Unido teria um importante papel a desempenhar na restauração de Jerusalém, e isso seria realizado por algum tipo de máquina voadora. [3] Aldersmith registou essa ideia, é importante ressaltar, antes do avião ser inventado, em 1906. Na primeira guerra mundial, (1914-1918) os primeiros aviões foram usados com uso militar.
A convicção do estudioso sobre Isaías 31 serviu de inspiração de Allenby. Há registros que o general usou aviões para sobrevoar Jerusalém, e jogou folhetos escritos em árabe com a mensagem: “Entreguem a cidade! Allenby. ”
Curiosamente, havia um ditado árabe popular na época, que dizia: “Os turcos não sairão de Jerusalém até que o rio Nilo flua na Palestina e o profeta os expulse da cidade”. Vários eventos conspiraram para que essas duas coisas altamente improváveis de fato ocorressem.
As tropas britânicas estavam estacionadas no Egito nos anos anteriores a esses eventos, e o tenente-general Sir Archibald Murray obteve autorização para construir um oleoduto para bombear água fresca do Nilo e uma ferrovia para abastecer suas tropas. Em 1917, a água chegou, junto com as tropas, até à região onde Allenby estava. O rio Nilo estava, estranhamente, fluindo sobre a Palestina. Esse era o nome dado pelo imperador romano Adriano no ano 131 d.C, quando decidiu eliminar vínculo milenar do povo judeu com a região. Ele escolheu o nome “Palestina”, terra dos filisteus em latim, e mudou o nome de Jerusalém para “Aélia Capitolina” [Capital do Sol].
Em segundo lugar, os panfletos de Allenby quando lidos em árabe soavam como: “Entregue-se à cidade! Allah en Nebi”, que significa “O Profeta de Deus” [4]. Muitos dos turcos alegadamente foram embora da cidade depois que os misteriosos objetos voadores enviaram sobre eles mensagens de “Allah en Nebi “.
O fato é que durante toda a noite de 8 de dezembro de 1917, todas as tropas turcas saíram de Jerusalém. No início da manhã seguinte, Allenby deu início à tomada de Jerusalém, sem o uso de força ostensiva. Quando ele entrou, o prefeito de Jerusalém com uma pequena comitiva portando uma bandeira branca lhe entregou as “chaves da cidade”.
A rendição formal foi aceita pelo general O’Shea, em nome do comandante em chefe das tropas britânicas, tendo ele participado da rendição oficial dois dias depois. Jerusalém foi entregue e nenhum tiro foi disparado. Ainda segundo registros históricos, havia uma frase escrita nos aviões utilizados na operação de Allenby para a conquista de Jerusalém. Era uma citação do Alcorão, que dizia: “Eu abri minhas asas, cumprindo minha promessa” [5]. Ela foi sugerida pelo emir da Transjordânia, local onde ficava a base aérea britânica e pode ser visto no emblema do 14º Esquadrão da Força Aérea Real.
O General Allenby aceitou oficialmente a rendição na Torre de Davi, junto ao Portão de Jaffa, e a proclamação foi lida em sete línguas, anunciando que as pessoas que podiam continuar com suas rotinas e que todos os seus lugares sagrados seriam respeitados.
O General Allenby aceitou oficialmente a rendição na Torre de Davi, junto ao Portão de Jaffa, e a proclamação foi lida em sete línguas, anunciando que as pessoas que podiam continuar com suas rotinas e que todos os seus lugares sagrados seriam respeitados.
No dia 24 do mês judeu de Kislev
O que há de tão especial no 24º do mês de Kislev? Para encontrar a resposta, precisamos voltar muitas centenas de anos, até o profeta Ageu. Kislev é o nono mês do calendário judaico, que por ser lunar, varia a cada ano sua data de início e fim em comparação com o calendário Ocidental, que é solar. Ele cai entre novembro e dezembro.
No segundo capítulo do Livro de Ageu, vemos o profeta ministrando durante a construção do segundo templo. Ele destaca essa data três vezes. Preste atenção especial aos versículos 10, 18 e 20. O contexto do capítulo é o templo, a santidade e a impureza, além das bênçãos para o povo. Deus nos lembra de seu poder sobre todas as nações e sua total soberania. “Derrubarei tronos e destruirei o poder dos reinos estrangeiros”, diz o versículo 22.
O Senhor fala de bênçãos e aponta para essa data específica, o 24º dia do sétimo mês (Kislev). “De hoje em diante, abençoarei vocês”, escreveu Ageu (2:19).
A ideia do Deus de Israel desde o seu trono derrubando “tronos” humanos está ligada a este mesmo período no calendário estabelecido para seu povo. É uma coincidência que Allenby atravesse esse portão no dia 24 de Kislev, sinalizando o fim do domínio muçulmano sobre Jerusalém?
Além de Ageu, Daniel 12:12 também profetizou que haveria bênção para Jerusalém após “1335 dias”. Um dos oficiais britânicos ficou impressionado em perceber que 1917 correspondia ao ano islâmico de 1335, já que o calendário muçulmano começou em 622 [ver nota 2]. Estudiosos famosos da profecia, como o Dr. H. Aldersmith, já haviam juntado as peças e esperavam redenção e bênção para Jerusalém em 1917. No dia 8 de dezembro, o ano islâmico já era 1336. Os 1335 anos – que para muitos é sempre um dia profético – acabaram.
“Bem-aventurado”, escreve Daniel, “o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”. Após 1335 anos de islamismo, a cidade de Jerusalém foi entregue pelos britânicos usando aviões que “pairavam como pássaros” no dia 24 de Kislev, 1917. Isso não é tudo. Membro da Igreja anglicana, Allenby seguia o Livro de Oração Comum, que traz leituras sugeridas para os fiéis a cada dia. Em 8 de dezembro de 1917, a leitura incluía a passagem de Isaías 31:5 “Como as aves dão proteção aos filhotes com suas asas, o Senhor dos Exércitos protegerá Jerusalém; ele a protegerá e a livrará; ele a poupará e a salvará”.
Notas
[1] W. T. Massey, em seu livro “How Jerusalem Was Won?” [Como Jerusalém foi conquistada?] registra as instruções do general Allenby ao general Sir Philip Chetwode, em 26 de novembro de 1917: “Não coloco nenhuma restrição sobre você em relação a qualquer operação que considere necessária contra Lifta [aldeia ao lado de Jerusalém], ou as linhas do inimigo ao sul, exceto que, de modo algum traga risco para a cidade de Jerusalém ou seus arredores imediatos dentro da área de operações”.
[2] Com base em Daniel 12: 7,11 – Começando com a ascensão do Islã (622 d.C.) e usando a medida do ano lunar, o resultado completo foi o seguinte: v.7: tempo, tempos e meio (ou seja, 1260 dias) = 1844 d.C., v.11: 1290 dias = 1873 d.C, v.12: 1335 dias = 1917 d.C.
[3] O livro de Lord Wavell, ‘The Palestine Campaigns’ (Londres: Constable, 1928)
[4] Outros livros registram “Al Nabi”, o que significria somente “o profeta”. Vide I.B.Tauris, Palestine and Egypt Under the Ottomans: Paintings, Books, Photographs, Maps and Manuscripts Hisham Khatib
[5] Disponível em https://www.raf.mod.uk/organisation/14squadron.cfm
Traduzido e adaptado do Ministério Judeu Messiânico One for Israel
Phonte: Gospel Prime
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