Evangélicos levantando as mãos durante louvor na igreja de Silas Malafaia
Depois que a grande mídia americana, inclusive a direitista Fox News, disse que os evangélicos brasileiros são uma poderosa influência conservadora nas eleições (veja a reportagem: Evangélicos poderão colocar um candidato de direita na presidência do Brasil), agora é a vez da Europa. A Reuters, um serviço com sede em Londres que foi o primeiro serviço internacional de notícias do mundo, publicou a manchete “Evangélicos do Brasil dizem que candidato presidencial de extrema direita é resposta às suas orações.”
Além disso, o serviço brasileiro da Deutsche Welle, da Alemanha, disse em uma manchete em português “A força dos evangélicos na eleição.”
Por que os evangélicos têm um enorme impacto conservador nas eleições brasileiras, mas não nas eleições europeias?
A explicação pode vir de uma fonte incomum: Marilena Chaui, filósofa marxista brasileira. Ela afirmou em 2016 que a principal oposição ao socialismo no Brasil é a Teologia da Prosperidade. O que está destruindo a hegemonia de esquerda no Brasil é, como ela disse, uma “operação cotidiana, minuciosa que foi feita no campo ideológico de convencimento da teologia da prosperidade…”
Portanto, não é de admirar que o principal líder liderando os evangélicos na onda política conservadora seja Silas Malafaia, um pastor das Assembleias de Deus que adotou princípios importantes da Teologia da Prosperidade. As Assembleias de Deus são a principal denominação evangélica no Brasil.
Os neopentecostais são a esmagadora maioria dos líderes conservadores entre os evangélicos.
Pelo fato de que a Europa tem uma esmagadora maioria de protestantes que são luteranos e presbiterianos, não existe força conservadora nas eleições ou em suas batalhas internas para deter o socialismo e outras ideologias do mal em seu meio.
No Brasil, as igrejas protestantes tradicionais sofrem a mesma doença espiritual. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (ECLCB, a maior denominação luterana do Brasil) adota a Teologia da Libertação e sua versão protestante, a Teologia da Missão Integral.
As denominações presbiterianas no Brasil há décadas adotam, em menor ou maior medida, a Teologia da Missão Integral, amada por muitos de seus pastores, inclusive Caio Fábio, ex-pastor que foi um superastro presbiteriano que acabou se envolvendo em escândalos sexuais e políticos com poderosos líderes de esquerda.
Enquanto os pentecostais e principalmente neopentecostais estão reconhecendo os males dos governos socialistas no Brasil, a igreja luterana permanece recalcitrante. Aliás, o presidente da IECLB enviou uma carta a todos os pastores luteranos no Brasil ameaçando processar qualquer membro luterano que compartilhe meus artigos denunciando a Teologia da Libertação em sua denominação.
A Igreja Católica no Brasil não é muito diferente da denominação luterana. Seus líderes mais proeminentes não apoiam candidatos conservadores.
Por conservador quero dizer posições contra a agenda homossexual, aborto e apoio à vida e à família. Candidatos socialistas, mesmo quando são católicos ou evangélicos, têm dificuldade em adotar tais posturas.
Há mais de um ano, The Nation, a mais antiga revista progressista dos Estados Unidos, já reconhecia o impacto conservador dos evangélicos brasileiros em uma manchete intitulada “Em meio à crise no Brasil, bancada evangélica destaca-se como uma força política.”
A Teologia da Prosperidade é uma teologia neopentecostal importada dos Estados Unidos, a maior nação capitalista e protestante do mundo. Mesmo que exista algum exagero em seu ensino, sua mensagem básica é que a fonte de saúde, prosperidade, emprego, casamento e felicidade é Deus, enquanto os progressistas — protestantes e católicos — tendem a acreditar que o governo deveria ser tal fonte, e o marxismo cristão (Teologia da Libertação, Teologia da Missão Integral, Evangelho Social, etc.) exerce sua pressão para fazer o governo ser um provedor das necessidades das pessoas, desprezando o papel de Deus como o supremo Provedor.
Rodrigo Constantino, um escritor conservador, publicou um artigo intitulado “O Liberalismo e a Teologia da Prosperidade,” escrito por Claudir Franciatto, que disse:
“Enquanto grande parte não evangélica da nossa sociedade se limita a chamar os pastores, bispos e apóstolos das igrejas neopentecostais de ‘ladrões’… [esses pastores, bispos e apóstolos] estão trazendo para o Brasil — sorrateira e imperceptivelmente — certo “espírito anglo-saxão” de coragem, desbravamento e atitude individual positiva, que forjou uma nação como os Estados Unidos, e nos faltava. E como nos fez falta sempre!”
Franciatto acrescentou:
“Os pastores [neopentecostais] não incitam o fiel a orar e ficar sentado, mas a agir – dentro e fora da igreja.”
Essa ação fora da igreja é em grande parte conservadora e capitalista.
A Igreja Católica, a IECLB e outras denominações protestantes tradicionais no Brasil odeiam muito mais a Teologia da Prosperidade, que não é adotada por eles, do que odeiam a Teologia da Libertação e a Teologia da Missão Integral, que são adotadas por eles. Eles preferem qualquer outra opção, inclusive ocultista, do que enfrentar uma realidade evangélica diferente de seu delírio “evangélico” particular.
No entanto, quem está liderando a revolução conservadora no Brasil não são católicos ou protestantes tradicionais. Neopentecostais a estão liderando.
Embora o Brasil seja a maior nação católica do mundo, a Igreja Católica não tem a força conservadora que os neopentecostais, que herdaram tal força dos Estados Unidos, têm para conter a maré socialista no Brasil.
A Venezuela pode ser uma dura lição para o Brasil. Com uma população 96% católica e uma Igreja Católica em grande parte apoiadora da Teologia da Libertação, os venezuelanos elegeram cerca de 20 anos atrás o socialista Hugo Chávez, que prometeu cuidar de suas necessidades.
Ele prometeu transformar o governo venezuelano num provedor das necessidades dos venezuelanos. Hoje, os venezuelanos estão morrendo de fome. Se a Venezuela tivesse uma população neopentecostal significativa, eles resistiriam à revolução socialista adotada pela Igreja Católica venezuelana.
A realidade na América Latina é: quanto mais católica uma nação é, mais socialista ou inclinada ao socialismo ela é. Cuba, Bolívia e Venezuela têm um denominador comum: uma população católica em massa. No caso cubano, eles tinham uma população católica em massa durante a revolução comunista na década de 1950. Ainda hoje, Cuba é em grande parte católica: 85% de sua população é católica.
Como mostra o exemplo latino-americano, o catolicismo parece naturalmente facilitar o socialismo. Portanto, não é difícil entender por que nas décadas de 1960, 1970 e 1980, enquanto a KGB apoiou a Igreja Católica, a CIA apoiou movimentos pentecostais.
No Brasil, os católicos são hoje cerca de 60% da população e os evangélicos, cuja esmagadora maioria é pentecostal e neopentecostal, são cerca de 30%.
Se o Brasil fosse 96% católico como a Venezuela é, o povo brasileiro estaria morrendo de fome sob o socialismo.
Outra diferença é a sensibilidade a valores pró-vida e pró-família. Durante décadas, a Igreja Católica, apoiada pela Igreja Luterana e outras igrejas protestantes tradicionais, apoiou sistematicamente o socialismo no Brasil. Igrejas pentecostais e neopentecostais o apoiaram — mas não de forma sistemática —, por causa da má influência do ex-reverendo Caio.
Contudo, quando os neopentecostais viram os socialistas no governo defendendo o aborto e a homossexualidade, eles mudaram de rumo. Enquanto isso, a Igreja Católica, a Igreja Luterana e muitos presbiterianos não aprenderam com seus pecados: em grande parte, mantiveram seu curso leal ao socialismo, mesmo depois de verem seus socialistas favoritos promovendo o aborto e a homossexualidade.
A Igreja Católica e a IECLB nunca aprenderam com suas más experiências com o socialismo. Enquanto isso, os televangelistas neopentecostais aprenderam da maneira mais difícil. Mas aprenderam.
Apesar das fraquezas dos neopentecostais, especialmente em teologia, os brasileiros devem louvar a Deus pelos neopentecostais e pela Teologia da Prosperidade que eles trouxeram dos Estados Unidos. Eles estão salvando o Brasil do socialismo da Venezuela católica e da secularização da Europa, onde suas igrejas tradicionais, tanto católicas quanto protestantes, são impotentes para resistir às forças do mal.
Esta é a diferença das igrejas neopentecostais: elas buscam o poder de Deus e o usam para influenciar a sociedade. Elas fazem isso enquanto são hostilizadas por socialistas, secularistas, católicos e protestantes tradicionais.
É esse poder que a grande mídia na Europa e nos Estados Unidos está vendo em ação no Brasil.
Esse poder está em ação mesmo nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump, que foi criado como presbiteriano, tem como seus conselheiros Paula White e outros adeptos da Teologia da Prosperidade.
Aliás, a mesma força evangélica que ajudou Trump nos Estados Unidos está ajudando Jair Bolsonaro no Brasil, ainda que ele seja católico. Os evangélicos são agora a força conservadora dominante nos Estados Unidos e no Brasil. E as mesmas forças esquerdistas que estão atacando nas eleições dos EUA estão também atacando nas eleições do Brasil.
Se Bolsonaro vai ganhar ou não, não sei. Mas sei com certeza que nas próximas eleições, nos próximos anos a força evangélica será cada vez maior, inclusive na política. O Brasil terá, cedo ou tarde, um presidente neopentecostal.
Onde protestantes tradicionais e católicos estão fracassando e até mesmo perdendo para o socialismo, o secularismo e o ocultismo, os neopentecostais estão avançando e conquistando, mesmo na política. Não concordo com tudo da teologia deles, mas não posso negar que eles estão impactando positivamente onde ninguém mais está tendo impacto semelhante.
Agradeça a Deus pelos carismáticos, pentecostais e neopentecostais e seu amor de buscar o poder e os dons espirituais de Deus!
Versão em inglês deste artigo: Evangelicals Represent the Greatest Conservative Force in the Brazilian Elections
Phonte: www.juliosevero.com
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