Ninguém, em sã consciência, pensa em tratar um animal selvagem como se fosse um gatinho de apartamento. Eu já conheci gente que domesticava cobra, e outro até um tigre. De qualquer forma, estes eram mesmo um tanto excêntricos, senão loucos.
As pessoas normais se mantêm longe daquilo que lhes pode causar algum dano. Sendo, portanto, o Estado, como um bicho do mato, querer atraí-lo para sua vida é sempre uma atitude temerária.
Quando olhamos o que os governos têm feito às pessoas, vemos que o que ele oferece de bom é muito pouco. Em geral, suas atitudes causam muito mais problemas do que soluções. Muitas pessoas não percebem isso, mas a ação estatal tem sido a causa das grandes mazelas para a humanidade moderna.
O brasileiro, principalmente, tem muita dificuldade de ver sua vida dissociada do Estado. Ele acredita, sinceramente, que os governos devem lhe prover mesmo o que lhe é essencial, como educação e saúde. O problema é que essa cultura arraigada em nossa sociedade apenas ajuda a alimentar esse monstro, tornando-o ainda maiz voraz.
O Estado é, de fato, como um animal selvagem, que cerca suas vítimas, estando sempre pronto para devorá-las. Dê uma brecha e então suas garras lhe sufocarão, tirando de você tudo o que ele achar devido. E contra bestas indomáveis são ineficazes quaisquer clamores, reclamações, apelos. Quando elas decidem que é hora de comer, apenas o alimento pode saciá-las.
Se, portanto, alguém pretende ter uma vida próspera e livre, jamais deve confiar no Estado. Se é impossível fugir dele que, ao menos, se tente manter distância em relação às suas ações. Nem parcerias, nem dependências, nem investimentos. Por acaso, alguém acha que pode ter sociedade com quem possui o único objetivo de sugar-lhe o máximo que puder?
Há pessoas que até enriqueceram em parceria com o governo, mas, para isso, a maioria delas teve que vender a própria alma.
Eu mesmo tive a oportunidade de trabalhar para uma empresa pública, e neguei. No entanto, fiz isso não somente porque eu desejava ter uma vida mais independente, mas, principalmente, porque me assustava saber que iria passar o resto da minha vida no seio de Leviatã.
O Estado aprisiona, corrompe, vicia e exige das pessoas muito mais do que lhe é devido. Servi-lo, de alguma maneira, significa alimentar o monstro que tem causado males por séculos. Portanto, para ter uma vida realmente independente, é essencial tentar livrar-se dele de todas as maneiras.
Não estou advogando aqui nenhum tipo de anarquia, nem sonegação. Apenas acredito verdadeiramente que um homem não pode ser livre totalmente enquanto enxerga seu governo como um tipo de servidor. No máximo, o Estado é um mal necessário, que quanto menos funções tiver, melhor, quanto menos atuar, mais liberdade seu povo terá.
Quem decide por uma vida autônoma deve se afastar, na medida do possível, dos braços estatais. O que puder fazer para não precisar dar contas e, principalmente, não esperar nada dele, mais livre será.
Se as pessoas atentassem para o quanto o Estado lhes priva a liberdade e exige delas, não mais aguardariam dele alguma solução para suas vidas. Quem tem noção da malignidade dos governos e como eles são despreocupados com as pessoas comuns, simplesmente preferiria mantê-los distantes, relacionando-se com eles apenas na medida da estrita necessidade. No máximo, alimentando-os com o único objetivo de conter sua voracidade.
Fonte: Fabio Blanco
www.fabioblanco.com.br
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