Unico SENHOR E SALVADOR

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Teologia Pentecostal e TMI

Julio Severo
Calma, gente! A Teologia Pentecostal que tratou da Teologia da Missão Integral (TMI) não é nenhuma teologia sistemática pentecostal. Aliás, a obra “Teologia Sistemática Pentecostal,” publicada pela CPAD em 2008, não traz, em suas 572 páginas, nenhuma menção de TMI.
A TMI já existia em 2008, mas não foi vista como importante para ser citada na “Teologia Sistemática Pentecostal” porque não era um problema predominante nas igrejas pentecostais. De fato, a TMI já existia desde pelo menos a década de 1960, especialmente em ambientes calvinistas.
Quem tratou da TMI foi o site Teologia Pentecostal, cujo dono, Gutierres Fernandes Siqueira, é assembleiano. Tratou como faria um teólogo “conservador” do Mackenzie — em cima do muro ou escorregando para o outro lado.
O tratamento da TMI no site Teologia Pentecostalse deu no formato de entrevista, na qual Gutierres respondeu a perguntas, das quais citarei as mais destacadas, com a adição de um comentário escrito por mim. Tomarei, pois, a liberdade de entrar na entrevista como comentarista.
Pergunta: A TMI (Teologia da Missão Integral) tem crescido muito. A que você acha que se deve esse fato?
Gutierres:A Teologia da Missão Integral (TMI) tem crescido porque na sociedade contemporânea há uma sede pelo conceito de “justiça social”. E isso é uma boa notícia, ainda que tal busca possa ser mal direcionada. Além disso, várias vertentes da teologia têm crescido no Brasil, logo porque o nível teológico deste país ainda é muito baixo.
Julio Severo: A TMI sempre cresceu em meios protestantes, especialmente calvinistas. Isso não é novidade. O que é novidade é que a TMI está já há algum tempo crescendo entre setores que não estavam anteriormente abertos. Neopentecostais e principalmente pentecostais, em busca de conhecimento teológico, estudam em instituições teológicas tradicionais e, nesse ambiente, são expostos à TMI. Por exemplo, a maioria dos estudantes de teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie são pentecostais, principalmente assembleianos. O coordenador do curso de teologia no Mackenzie, Ricardo Bitun, é um dos maiores promotores da TMI no Brasil. Sobre “justiça social,” não há, ao contrário do que Gutierres disse, nenhuma boa notícia. Esse termo, que foi criado por um jesuíta, está especialmente ligado à Teologia da Libertação e à TMI.
Pergunta: Por que muitos conectam a TMI com o sistema marxista?
Gutierres:Muitos conectam marxismo com TMI por desconhecimento sobre a própria natureza do marxismo. O marxismo é uma proposta econômica e, em segundo lugar, todavia como eixo essencial, é política. A TMI é uma proposta de teologia que valoriza a política demasiadamente como modo humano de soluções coletivas, mas não é necessariamente marxista. O René Padilha, principal nome da TMI, é depende teórico do marxista Eduardo Galeano (isso está bem claro no livro “Missão Integral”, da Editora Ultimato), mas isso não torna a TMI necessariamente marxista, logo porque Padilha é apenas um dos expoentes.
Julio Severo: Se “Muitos conectam marxismo com TMI por desconhecimento sobre a própria natureza do marxismo,” então podemos chamar Robinson Cavalcanti e Ariovaldo Ramos de “ignorantes” ou “mentirosos” sobre esse assunto, pois eles declararam publicamente que a TMI é a versão protestante da Teologia da Libertação, que é marxista. Só existe um problema de se chamar esses dois de “ignorantes” ou “mentirosos”: ambos tinham muito mais experiência “teológica” do que Guierres. Ambos tinham muito mais proeminência na TMI do que Gutierres. Se ambos identificaram a TMI como versão de uma teologia marxista, por que enxergar um elefante rosa no púlpito quando na realidade é uma sucuri negra?
Um ponto importante é que quando Gutierres disse que o “O marxismo é uma proposta econômica e, em segundo lugar, todavia como eixo essencial, é política,” ele reduziu o marxismo a uma questão meramente econômica e política. Nesse ponto, eu pergunto: se o conhecimento teológico que Gutierres adquiriu foi insuficiente para ajudá-lo a enxergar o marxismo na sua realidade crua, verdadeira e mortal, como ele conseguirá ver perigo na TMI? Por que pelo menos ele não deixou Deus lhe dar uma profecia ou revelação sobre a natureza do marxismo?
A obra “The Popular Encyclopedia of Apologetics” (Enciclopédia Popular de Apologética) de Ed Hindson, publicada pela Harvest House Publishers, diz: “O marxismo, em qualquer de suas formas, é completamente antiético à cosmovisão cristã.” Em outro ponto, essa enciclopédia indica que o marxismo é “uma fé secular com uma visão de salvação social.” Infelizmente, a Teologia Sistemática Pentecostal não trata da questão marxista, deixando assim as igrejas pentecostais vulneráveis à influência da TMI. Aliás, deixa assembleianos como Gutierres sem uma visão clara da natureza marxista da TMI.
Sobre Padilla, meu e-book “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade”diz: “Em1969, ao participar do CLADE (Congresso Latino-Americano de Evangelização), Wagner distribuiu seu livro que afirmava que a missão da igreja é priorizar a salvação pessoal e destacava a teologia esquerdista como perniciosa.” Peter Wagner, que confrontou a ideologia marxista de Padilla no CLADE, mais tarde, em 1974, novamente confrontou a turma da TMI.  Padilla e seus companheiros progressistas tentaram (e com o tempo conseguiram) transformar Lausanne em plataforma da TMI.
Pergunta: Qual a grande diferença da TMI para a teologia da libertação? E a semelhança?
Gutierres:A Teologia da Libertação tem como método o marxismo. E a TMI não tem método, ou seja, não trouxe à teologia nenhuma novidade paradigmática. O conceito de “missão integral” é no fundo uma velha proposta da missiologia evangélica. A Teologia da Libertação, também, depende fortemente da Teologia Liberal, porém a TMI tem alguns nomes do conservadorismo evangelical.
Julio Severo: Se, como diz Gutierres, a “Teologia da Libertação tem como método o marxismo,” então igualmente a Teologia da Missão Integral tem como método o marxismo, pois tanto Robinson Cavalcanti quanto Ariovaldo Ramos reconheceram que a TMI é a versão da Teologia Libertação. Seria interessante Gutierrres citar os supostos nomes conservadores que ele vê no movimento TMI. Se existem, é por ignorância.
Pergunta: Muito tem se combatido esse pensamento teológico.  Por quê?
Gutierres:Há muitas motivações no combate à TMI. Alguns combatem porque não gostam de “novidades”, outros por desconhecimento e ainda outros porque conhecem e não gostaram do que viram. Eu, particularmente, não gosto como a TMI valoriza excessivamente a política e a coletividade como “meios de solução”. Nem tudo é política e nem tudo pode ser politizado. E aí não entenda política como programa partidário, mas como “administração pública”. Ou seja, nem tudo é coletivo. O indivíduo é a menor minoria que existe e essa não pode ser sufocada por excessos de coletivismo.
Julio Severo: Por ignorância ou não, Gutierres deixou de fora a maior motivação contra a TMI: a oposição ao marxismo. Quando comecei a denunciar a TMI anos atrás, o cenário era totalmente pró-TMI. Na internet, o cenário era o mesmo. Aliás,pesquisas do Google indicavam clima totalmente favorável à TMI, com exceção do meu blog, que já apresentava uma pequena oposição, com uma motivação totalmente anti-marxista.
Se Gutierres fosse um assembleiano mais atento, ele perceberia que duas das principais personalidades assembleianas — Silas Malafaia e Marco Feliciano — são atacadas pelos chefões da TMI. Quando Malafaia e Feliciano condenam a agenda gay, as esquerdas do Brasil, inclusive os chefões das TMI, atacam ferozmente esses dois pastores assembleianos. Se eu não soubesse que a TMI era esquerdista, mas visse seus maiores promotores sempre defendendo esquerdistas e atacando conservadores, o que eu deveria concluir? Que a TMI é conservadora? Se Gutierres consegue somar um mais um, um dia ele vai conseguir concluir o que é de fato a TMI, especialmente porque ele próprio afirmou que “a TMI valoriza excessivamente a política e a coletividade como ‘meios de solução.’” A valorização política que a TMI faz é sempre esquerdista.
Pergunta: Um dos grandes nomes da TMI é o pastor Ed René Kivitz.  O que você acha da ligação dele com o universalismo e no que isso pode influenciar a mensagem levada através da TMI?
Gutierres:Sobre o referido pastor eu prefiro não emitir nenhuma opinião. Alguns o tomam como universalista baseados em pregações obscuras. Seria mais fácil analisá-lo baseado em algum texto, artigo acadêmico ou livro, mas até onde eu sei, ele não escreveu nada sobre o assunto.
Julio Severo: Como assembleiano, Gutierres deveria ter focado no ponto crucial de Kivitz: TMI. Kivitz é um dos chefões da TMI no Brasil. Por pior que seja a heresia universalista, a vasta maioria das igrejas evangélicas não está interessadas nessa heresia, que não está invadindo em massa as igrejas. O que está fazendo essa invasão em massa é a TMI, especialmente porque os pastores ou gostam dela ou não são devidamente bem informados. Utilizo como exemplo as próprias palavras de Gutierres, que em vez de condenar a TMI como uma ideologia teológica a serviço do marxismo, prefere desviar os leitores — muitos dos quais são assembleianos simples — da real natureza marxista da TMI.
Se a entrevista original do Gutierres foi uma tentativa de explicar ao público assembleiano que a TMI é uma heresia marxista, sua tentativa foi um fracasso. Nem eu consegui perceber sua intenção.
Se ele visse a TMI do jeito que Gutierres vê, ele não teria letras nem denúncias contra Kivitz e outros promotores evangélicos do marxismo.

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