Unico SENHOR E SALVADOR

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Romanos 14:5 e o Shabbath Semanal

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A questão é se o Shabbath (descanso)[1] semanal enquadra-se no escopo da distinção atinente a dias, que o apóstolo aborda em Romanos 14:5. Caso isto seja verdade, precisamos levar em conta as seguintes implicações:

(1) Isto significaria que o mandamento relativo ao Shabbath, no Decálogo, não continua a impor qualquer obrigação de obediência aos crentes, na economia do Novo Testamento. A observância de um dia em cada sete, reputando-o santo e investido da santidade enunciada no Quarto Mandamento, teria sido ab-rogada e encontrar-se-ia na mesma categoria da observância dos ritos cerimoniais da instituição mosaica. Com base nesta suposição, a insistência sobre a santidade permanente de cada sétimo dia seria algo tão judaizante quanto a existência de que se perpetuem as festas levíticas.

(2) O primeiro dia da semana não teria nenhuma significação religiosa. Não seria distinguido de qualquer outro dia como memorial da ressurreição de Cristo; tampouco poderia ser devidamente considerado como dia do Senhor, em distinção ao modo que cada dia tem de ser vivido em devoção e serviço ao Senhor Jesus Cristo. Nem poderia qualquer outro dia, semana ou período ser considerado com essa significação religiosa.

(3) A observância de um Shabbath semanal ou de um dia que comemora a ressurreição de nosso Senhor seria característica de uma pessoa fraca na fé; e, neste caso, ela estaria nesta situação por não haver atingido aquele entendimento de que, na instituição cristã, todos os dias possuem o mesmo caráter. Assim como um crente fraco deixa de reconhecer que todos os tipos de alimentos são puros, assim também outro crente, ou talvez o mesmo, não reputaria todos os dias como iguais.

Estas implicações da tese que estamos abordando são inevitáveis.

Podemos agora examiná-las à luz das considerações que todas as Escrituras nos fornecem.

(1) A instituição do Shabbath é uma ordenança vinda desde a criação. Não começou a vigorar no Sinai, quando os Dez Mandamentos foram dados a Moisés (cf. Gn. 2:2-3; Ex. 16:21-23). No entanto, o Shabbath foi incorporado à lei promulgada no Sinai, e isto deveríamos esperar, em face de sua significação e propósito, enunciados em Gênesis 2:2-3. E o Shabbath está tão embebido nesta lei da aliança, que considerá-lo dotado de caráter diferente do seu contexto, no tocante à sua relevância de caráter diferente do seu contexto, no tocante à sua relevância permanente, milita contra a unidade e a significação básica do que foi inscrito nas tábuas da lei. Nosso Senhor falou-nos do propósito deste mandamento e reivindicou-o para o seu senhorio como Messias (Mc. 2:28).

A tese que estamos considerando teria de admitir que o padrão fornecido por Deus mesmo (Gn. 2:2-3), em sua obra de criação (cf. também Ex. 20:11; 31:17), não tem mais qualquer relevância para regulamentar a vida do homem na terra; precisaria reconhecer que somente nove dentre os Dez Mandamentos possuem autoridade para os cristãos; haveria de aceitar que o desígnio beneficente contemplado na instituição original (Mc. 2:28) não tem aplicação sob a economia do evangelho e que o senhorio de Cristo, exercido sobre o sábado,[2] teve o propósito de aboli-lo como uma instituição a ser observada. Estas são as conclusões que necessariamente extraímos da tese em questão. Não há nenhuma evidência inspirando qualquer destas conclusões; e, quando combinamos e avaliamos francamente a força cumulativa destas conclusões, verificamos que esta tese põe em contradição toda a analogia das Escrituras.

(2) O primeiro dia da semana, visto ter sido o dia em que o Senhor Jesus ressurgiu dentre os mortos (cf. Mt. 28:1; Mc. 16:2, 9; Lc. 24:1; Jo. 21:1, 19), foi reconhecido no Novo Testamento como o dia que possui uma significação especial derivada do fato da ressurreição de Jesus (cf. At. 20:7; 1Co. 16:2); esta é a razão pela qual João o chamou “dia do Senhor” (Ap. 1:10).

Este é o dia da semana ao qual pertence esse distintivo significado espiritual. E, posto que ele ocorre a cada sete dias, trata-se de um memorial de repetição perpétua, com intuito e caráter religioso proporcional ao lugar ocupado pela ressurreição de Jesus na obra da redenção. Os dois acontecimentos centrais nesta obra são a morte e a ressurreição de Cristo; e as duas ordenanças memoriais instituídas no Novo Testamento são a Ceia e o dia do Senhor; a primeira comemora a morte de Jesus e, a outra, a sua ressurreição. 

Se Paulo, em Romanos 14:5, deixou subentendido que todas as distinções entre dias haviam sido canceladas, não existe lugar para a distintiva significação do primeiro dia da semana como dia do Senhor. As evidências em apoio ao caráter memorial do primeiro dia da semana não devem ser controvertidas; e, em conseqüência disso, também não podemos entreter a tese de que todas as distinções religiosas entre dias foram totalmente ab-rogadas na economia cristã.

(3) Em harmonia com a analogia das Escrituras, e, particularmente, com o ensino de Paulo, Romanos 14:5 pode ser devidamente considerado como alusivo aos dias santos e cerimoniais da instituição levítica. O dever de observar esses dias é claramente revogado no Novo Testamento. Não possuem mais relevância nem sanção, e a circunstância descrita em Romanos 14:5 concorda perfeitamente com o que Paulo diria a respeito dos escrúpulos religiosos ou da ausência de tais escrúpulos acerca desses dias. 

Paulo não se mostrou insistente sobre o fato de que não mais há necessidade de serem observados os ritos das ordenanças levíticas, visto que tais observâncias eram apenas um costume religioso e não comprometeriam o evangelho (cf. At. 18:18, 21; 21:20-27). Ele mesmo ordenou que Timóteo fosse circuncidado, devido a considerações de expediência. No entanto, em uma situação diferente, ele pôde escrever: “Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl. 5:2).

Os dias de festas cerimoniais se enquadram na categoria a respeito da qual o apóstolo disse: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias”. Muitos judeus ainda não haviam compreendido todas as implicações do evangelho e ainda possuíam escrúpulos no tocante a essas ordenanças mosaicas. Sabemos que Paulo se mostrou completamente tolerante com tais escrúpulos; e estes se adaptam aos termos exatos do texto em questão. Não há necessidade de admitirmos coisa alguma que vá além dessas observâncias. 

Colocar o dia do Senhor (o Shabbath, ou descanso semanal) em uma mesma categoria não somente ultrapassa os requisitos exegéticos, como também nos põe em conflito com os princípios inseridos em todo o testemunho das Escrituras. Uma interpretação que envolve tal contradição jamais poderá ser adotada. Por conseguinte, não podemos afirmar que Romanos 14:5, de qualquer maneira, anula a santidade permanente de cada sétimo dia, como memorial do descanso de Deus, na Criação, e memorial da exaltação de Cristo, em sua ressurreição.

_____________________
Notas do tradutor:

[1] Shabbath (hebraico) significa “descanso do labor”. Essa é a palavra que é traduzida como sábado em no Antigo Testamento (por exemplo, Ex. 16:23, 25, 26, 29; Ex. 20:8, 10, 11; Ex. 31:14-16, etc.). 

[2] Em Mateus 12:8, onde Cristo diz, “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado”, o termo grego para sábado ésabbaton, de origem hebraica (shabbath).

***
Autor: John Murray

Fonte: Romanos, John Murray, Editora Fiel, p. 671-3

Via: Monergismo

4 comentários:

  1. O sábado, ou dia do descanso foi dado ao homem no Éden. Após isso foi mencionado no monte Sinai quando Deus deu os dez mandamentos, escritos com seu dedo em uma pedra. Jesus Cristo, pregava nas sinagogas aos sábados, ou seja, ele também guardava o sábado. Ele é o senhor do sábado, porque o Pai, o Filho e o Espírito santo são a mesma pessoa, como ele deu o mandamento no antigo testamento, não seria coerente o mandamento, e só este ser removido por Ele mesmo no novo testamento. A palavra "Sábado", aparece na bíblia 159 vezes enquanto domingo nenhuma vez.
    Portanto, o sábado nunca foi abolido como desejam aqueles que não o obedecem. Também, ninguém será salvo apenas por guardar o sábado.

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    1. Paz e Graça Antônio!

      Respeito sua opinião como sabatista, embora queira saber sua opinião do verso a seguir:

      "Por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-lo, pois não somente estava violando o sábado, mas também estava até mesmo dizendo que Deus era seu próprio Pai, igualando-se a Deus."
      Jo 5-18

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  2. Os judeus da época achavam que não se podia fazer nada no dia do sábado, nem curar uma pessoa era permitido para eles. Jesus disse que fazer obras que agradem a Deus são permitidas.

    Segundo a bíblia Jesus Cristo disse isto:
    "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.
    Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
    Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus".
    Mateus 5:17-19

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  3. Os Judeus queriam matar Jesus, por vários motivos: Por ele se declarar o messias, por se dizer filho de Deus, por acharem ele um revolucionário, por ele curar pessoas no sábado judaico, etc....

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