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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Oração no Novo Testamento

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Norbert Lieth

O Novo Testamento está repleto de indicações sobre a oração e cheio de exemplos de orações. Podemos aprender muito com tudo isso.

Jesus mesmo foi um grande modelo para a oração, tanto que seus discípulos chegaram a lhe pedir: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele” (Lc 11.1). Em resposta, o Senhor ensinou-lhes o Pai Nosso (veja mais sobre ele no próximo artigo: “A Dimensão Mais Profunda do Pai Nosso”).

Mais tarde chegou o momento – um dia antes da morte de Jesus na cruz – que ele lhes disse: “... meu Pai dará a vocês tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa” (Jo 16.23-24).

Com isso, o Senhor escancarou uma porta totalmente nova para a oração, que até então os
seus discípulos não conheciam. Eles poderiam orar ao Pai em nome de Jesus; a oração através da sua pessoa seria a garantia do atendimento. Isso mostra o que Jesus Cristo realizou e a que dimensão ele eleva todos os que nele creem. Ele se identifica com as nossas orações em seu nome.

É frequente sermos confrontados com a dúvida sobre podermos orar diretamente a Jesus ou se devemos sempre orar em seu nome a Deus Pai. A resposta encontra-se no mesmo discurso já citado, em que Jesus disse aos seus discípulos: “E eu farei tudo o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14.13-14).

Com isso, o Senhor Jesus confirma duas coisas:

1. A oração em seu nome será atendida por ele mesmo: “Farei tudo”.

2. A oração em seu nome é atendida pelo Pai: “Dará a vocês tudo”.


Isso deixa claro que o Senhor Jesus é da mesma essência que o Pai. Depois da sua ressurreição, o apóstolo Tomé confirma isso ao dizer: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28). Além disso, os evangelhos também relatam casos de pessoas que se prostram diante do Senhor Jesus e lhe pedem algo (Mt 8.2; 9.18; Lc 8.47). Isso certamente pode ser considerado como oração.

Em Romanos 10.9-10 Paulo enfatiza a importância de confessar o Senhor Jesus como Senhor, porque isso leva à salvação eterna. No versículo 11 ele enfatiza mais uma vez que todo o que crer nele (Jesus) não será envergonhado. E no versículo 13 Paulo cita uma passagem do Antigo Testamento relacionando Deus mesmo ao Senhor Jesus. Quem confessar Jesus como Senhor e o invocar será salvo.

Com isso fica patente que não só podemos como devemos invocar o nome do Senhor (Jesus Cristo). A carta aos Coríntios também alude a isso quando fala de “todos” os que “em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.2). Todos os cristãos podem invocar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em todo lugar, ou seja, orar a ele muito diretamente.

Para isso é necessária a chamada “oração no Espírito”. 
“Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.18). 
“Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo” (Jd 20).

O Espírito Santo, que habita em nós, deseja entre outras coisas induzir-nos à oração (Rm 8.14). Ele quer que oremos no Espírito, não na carne, ou seja, não carregados de ira, egoísmo, inveja, ganância etc. (Tg 4.3). Ele quer que oremos a qualquer hora. Ele quer nos lembrar, incentivar, dirigir, alertar etc.

Além disso, o Espírito Santo é quem nos representa diretamente diante de Deus. “Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26-27).

Muitas vezes não sabemos nem o que devemos orar, nem como. Como é bom então saber que o Espírito vai ao encontro do que balbuciamos e se encarrega da nossa fraqueza. O Espírito Santo representa Jesus em nós e sempre é atendido.

O que importa é orar sempre. Nas palavras de Corrie ten Boom: “A oração deve ser nosso volante e não nosso estepe”. – “Orai sem cessar” (1Ts 5.17, RA). “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.18).

Essas declarações não podem significar que devamos orar 24 horas por dia, ininterruptamente. Trata-se antes de uma constante atitude de oração porque o espírito da oração habita em nós. Temos, pois, o privilégio de sempre que nos lembrarmos de algo, podermos orar imediatamente por aquilo. 

Não precisamos de grandes introduções, formulações, liturgias ou tradições – como estamos constantemente em Cristo, podemos orar sempre e em toda parte. Como o Espírito Santo sempre habita em nós, sempre chegamos imediatamente ao destino. Podemos, assim, orar de improviso, bem no sentido de “em todas as ocasiões”.

Charles H. Spurgeon disse: “Podemos orar a qualquer tempo – sei que podemos. Mas receio que aqueles que não oram em horas determinadas de qualquer modo orarão raramente”. Vista assim, a oração também é uma lei. George Müller dizia: “É preciso cultivar as horas tranquilas com Deus, porque só elas é que proporcionam força e alimento à vida íntima. Nada pode compensar a perda de horas santas sob a Palavra e a oração”. 

O Novo Testamento contém inúmeras exortações para orar, bem como indicações, exemplos e parábolas que testificam da necessidade da oração (Lc 18.1).

Muitas vezes se enfatiza como Jesus procurava locais solitários e o silêncio para orar. Ele passava noites inteiras em oração (Mt 14.23; 26.36; Lc 6.12; 9.28; 11.1). 

Depois do Pentecostes, a igreja primitiva surge como uma comunidade em oração, que dava extremo valor à busca da face do Senhor (At 1.14; 2.42; 3.1; 4.31; 6.4; 10.9; 14.23; 16.13). 

O apóstolo Paulo e seus colaboradores oravam muito, e ele certamente não enfatizou isso para se vangloriar, mas para dar um testemunho e um estímulo (Rm 1.9-10; Ef 1.16; Cl 4.12; 2Tm 1.3; Fm 4). 

Assim, nas cartas apostólicas, são numerosas as ordens e convocações diretas a orar (Ef 6.18; Cl 4.3; 1Ts 5.17; 2Ts 3.1; Hb 13.18; Tg 5.16).

Alguém disse com relação à oração: “O número de frequentadores dos estudos bíblicos revela a popularidade da igreja, o número de frequentadores do culto revela a popularidade do pastor, mas o número de frequentadores das reuniões de oração revela a popularidade de Jesus”.



Como Devemos Orar?

Diz-se que, caso alguém queira envergonhar um cristão, basta perguntar-lhe sobre sua vida de oração. E orar é tão fácil.

Nada é mais urgente e simples de realizar do que a oração. É o que mostra o Novo Testamento. Não são necessárias fórmulas especiais, nem mesmo é preciso memorizar a oração do Pai Nosso. – Quais dimensões podem estar por trás desta famosa oração Norbert Lieth nos mostra na página 10. – Que a oração também desempenhou e desempenha um papel fundamental nos 50 anos de história da Chamada da Meia-Noite no Brasil está muito claro. 

Um reavivamento da oração, especialmente nestes tempos do fim, é necessário!

Ainda assim, orar não é lei. Consta que Martinho Lutero teria dito: “Uma boa oração é meio estudo... Tenho tanto trabalho que não consigo ficar sem dedicar todos os dias pelo menos três horas do meu melhor tempo à oração”. 

Para ele aquilo era o procedimento certo, mas não podemos forçar tais exemplos para a nossa própria vida de oração e ficar insatisfeitos se não conseguirmos passar tanto tempo orando. Uma dona de casa e mãe que precisa cuidar dos seus filhos dificilmente poderá orar por três horas ininterruptas. 

Ninguém deve se frustrar ou se deixar subjugar – o que importa mesmo é que se ore. Este também era, por sinal, o propósito do próprio Lutero, que se opunha a todo tipo de legalismo “neomonástico” e que certamente se irritaria tremendamente se soubesse que hoje existem cristãos que elevam seu próprio testemunho de oração à categoria de lei.

Convém que todos oremos, de preferência muito, mas para alguns a manhã é melhor para isso; para outros, a noite. Alguns conseguem orar durante um passeio, outros só em um quarto isolado, e ainda outros só de joelhos.

Jesus Cristo é o nosso maior modelo de oração. Ele orava com frequência e muitas vezes também demoradamente. Ainda assim ele advertiu contra certas orações legalistas não sinceras: “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas” (Mt 23.5). 

“E, quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt 6.7).

Certa vez Jesus encorajou seus ouvintes com uma parábola sobre a oração iniciando com as palavras: “Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘Amigo, empreste-me três pães’” (Lc 11.5).

“Amigo, empreste-me três pães.” Há três coisas que podemos aprender desse pedido:

1. Não é possível formular esse pedido de modo mais breve.

2. O pedido é concreto e vai direto ao que importa.

3. O pedinte não tem escrúpulos de ser inconveniente. Ele procura seu amigo no meio da noite. Ele pede com ousadia.


Assim, talvez a seguinte oração chinesa, que vai direto ao ponto, possa servir como reflexão:

“Senhor, desperta tua igreja
e começa comigo.
Senhor, edifica tua igreja
e começa comigo.
Senhor, leva teu amor e tua verdade
a todos os homens
e começa comigo.”

Phonte: A Chamada

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