Sendo casado com uma professora de educação física, que é ainda por cima apaixonada por condicionamento e exercícios, uma das atividades que gostamos de fazer em casal é assistir competições esportivas.
Nos últimos dias temos assistido a várias competições dos Jogos Pan-Americanos em Lima. Fico sempre impressionado com a capacidade destes atletas, assim como o nível de sacrifício a que se submeteram. Ao ver saltos, manobras, bloqueios, cortadas, esforços, fico só imaginando as horas, dias, meses e anos de dedicação e sacrifício do atleta e com frequência
de sua família também.
No entanto, uma cena me marcou nestes dias. Uma jovem atleta da ginástica artística se preparava para entrar no palco onde faria sua apresentação. Não lembro seu país de origem, seu nome ou sequer qual o aparelho. Lembro-me de que ela parecia tão nova (todas parecem, não?), seu rosto e seu corpo demonstravam uma enorme tensão.
de sua família também.
No entanto, uma cena me marcou nestes dias. Uma jovem atleta da ginástica artística se preparava para entrar no palco onde faria sua apresentação. Não lembro seu país de origem, seu nome ou sequer qual o aparelho. Lembro-me de que ela parecia tão nova (todas parecem, não?), seu rosto e seu corpo demonstravam uma enorme tensão.
Ela ajustava seu uniforme com o rosto franzido, seus ombros estavam rijos e ela era a imagem do nervosismo. Porém, assim que entrou em cena, ela abriu um sorriso plástico que não atingiu seus olhos. De uma imagem de tensão ela se tornou uma imagem de alegria e leveza.
Não me lembro se foi bem-sucedida ou não. Passei a reparar como esta imagem é comum a tantos atletas. Eu entendo que o sorriso é parte da apresentação, mas fui forçado a perceber que esta é uma imagem perfeita da sociedade em que vivemos. Tensão, alto sacrifício, dores, rigidez em particular, leveza, sorrisos, graça e performance em público...
Logo depois abri o Facebook e me deparei com a mesma “bipolaridade” generalizada. Por um lado, cristãos e não cristãos compartilham vitórias, conquistas, bênçãos e grandes eventos. Por outro, textos alertando de catástrofes ocorrendo ao redor do mundo.
Não me lembro se foi bem-sucedida ou não. Passei a reparar como esta imagem é comum a tantos atletas. Eu entendo que o sorriso é parte da apresentação, mas fui forçado a perceber que esta é uma imagem perfeita da sociedade em que vivemos. Tensão, alto sacrifício, dores, rigidez em particular, leveza, sorrisos, graça e performance em público...
Logo depois abri o Facebook e me deparei com a mesma “bipolaridade” generalizada. Por um lado, cristãos e não cristãos compartilham vitórias, conquistas, bênçãos e grandes eventos. Por outro, textos alertando de catástrofes ocorrendo ao redor do mundo.
E não pense que isso se restringe a não cristãos: pastores que anunciam, com um mal disfarçado orgulho, tudo que Deus tem feito em seu ministério e sua vida, enquanto há inúmeros relatos de pastores deixando o ministério ou até mesmo atentando contra sua própria vida.
Como equilibrar estes dois extremos? Será que, como cristãos, estamos nos tornando performáticos? Afinal, temos a vitória garantida pela fé ou somos condenados a sofrer neste mundo?
Essa é uma daquelas perguntas com duas opções que só podem ser respondidas por um sonoro SIM. Ou seja: temos a vitória garantida pela fé e somos chamados a sofrer neste mundo. O que importa é entender qual é a nossa vitória e qual é a nossa fé, assim como entender qual é o sofrimento ao qual somos chamados neste mundo a passar.
Paulo escreve, no final de sua vida, um texto que poderia ser o moto dos teólogos da prosperidade, se ignorarmos o contexto em que escreveu:
"7 Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. 8 Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda."
Essa é uma daquelas perguntas com duas opções que só podem ser respondidas por um sonoro SIM. Ou seja: temos a vitória garantida pela fé e somos chamados a sofrer neste mundo. O que importa é entender qual é a nossa vitória e qual é a nossa fé, assim como entender qual é o sofrimento ao qual somos chamados neste mundo a passar.
Paulo escreve, no final de sua vida, um texto que poderia ser o moto dos teólogos da prosperidade, se ignorarmos o contexto em que escreveu:
"7 Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. 8 Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda."
(2º Timóteo 4.7-8)
Paulo afirma sua vitória e sua recompensa, mas o contexto é de um homem idoso, jogado injustamente em um calabouço imundo e que sabe que em breve será morto. Não há performance aqui, não há público, não há glória pessoal.
Por outro lado, Jesus nos chama para uma vida vitoriosa, mas não uma vida performática. Em João 16.33 ele afirma: “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
Paulo afirma sua vitória e sua recompensa, mas o contexto é de um homem idoso, jogado injustamente em um calabouço imundo e que sabe que em breve será morto. Não há performance aqui, não há público, não há glória pessoal.
Por outro lado, Jesus nos chama para uma vida vitoriosa, mas não uma vida performática. Em João 16.33 ele afirma: “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
Jesus nos chama para uma vida vitoriosa,
mas não uma vida performática.
Nossa vitória não está no aplauso ou reconhecimento público.
Nossa vitória não está nas bênçãos ou no crescimento de nossos ministérios ou sucesso de nossas vidas.
Nossa vitória está naquilo que cremos.
O apóstolo João trata de nossa vitória em 1João 5.4 ao afirmar: “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”.
Nossa vitória é nossa fé. Temos esta vitória garantida.
Não importa o que o mundo possa nos fazer.
Não importa quem ganha a eleição ou quem será nosso chefe.
Não importa se seremos ou não perseguidos. Temos a vitória.
Contudo, não é uma vitória performática. É uma vitória entre lágrimas e dores.
Vou continuar olhando as apresentações impressionantes dos atletas. Vou continuar admirando seu esforço e dedicação.
Vou continuar olhando as apresentações impressionantes dos atletas. Vou continuar admirando seu esforço e dedicação.
No entanto, não quero me deixar encantar por atos performáticos (seja de atletas ou de líderes cristãos). Fico mais impressionado com lágrimas e fé.
Minha oração por você e por mim é que, mesmo se ficarmos impressionados com as performances brilhantes que assistimos todos os dias, nossa vitória seja a da fé.
Minha oração por você e por mim é que, mesmo se ficarmos impressionados com as performances brilhantes que assistimos todos os dias, nossa vitória seja a da fé.
Oro para que, como Paulo, eu possa me alegrar por completar minha carreira, por permanecer combatendo o bom combate, por guardar a fé. Que esta vitória me satisfaça, mesmo que o contexto seja o do verso 6 de 2ª Timóteo 4: “Eu já estou sendo derramado como oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida”.
Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutorando em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.
Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutorando em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.
Phonte: A Chamada
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