E claro, como não podia deixar de ser, o olhão do capeta aparece!
Pra ficar nítido!
Sobre o tema:
Acredito que o
argumento para “profecias encenadas” ou “atos proféticos” tão em voga hoje nos
shows e cultos do movimento gospel e do pentecostalismo sincrético é que, no
passado, Deus mandou seus servos transmitirem mensagens ao povo usando objetos
e dramatizando a mensagem. Não é difícil achar exemplos disto no Antigo
Testamento.
Deus mandou que Jeremias atasse canzis (cangas) ao pescoço como
símbolo do cativeiro do povo de Israel (Jer 27:2); mandou que comprasse um
cinto de linho e o enterrasse às margens do Eufrates até que apodrecesse, como
símbolo também da futura deportação dos judeus para a Babilônia (Jer 13:1-11);
determinou que ele comprasse uma botija de barro e quebrasse na presença do
povo, para simbolizar a mesma coisa (Jer 19:1-11). O Senhor mandou que Isaías
andasse nú e descalço por três anos, como símbolo do castigo de Deus contra o
Egito e a Etiópia (Is 20:3-4). Há outros exemplos demprofetas que poderiam ser
citados.
No Novo Testamento, o
único exemplo de um profeta falando a Palavra de Deus e ilustrando-a com um ato
simbólico é o do profeta Ágabo, que usando um cinto, amarrou seus próprios pés
e mãos para simbolizar a prisão de Paulo (At 21:10-11).
Ao tentarmos entender
a “teologia” dos atos proféticos da Bíblia percebemos alguns traços comuns a
todas as ocorrências.
Elas foram
determinadas a profetas de Deus, como Isaías e Jeremias, os quais foram
levantados por Deus para profetizar sobre o futuro da nação de Israel e a vinda
do Messias. Ou seja, tais atos tinham a ver com a história da salvação, o
registro dos atos salvadores de Deus na história.
Estes atos simbólicos
ilustravam revelações diretas de Deus para o seu povo através dos profetas. No
caso de Ágabo, tratava-se de uma revelação sobre a vida do apóstolo Paulo,
homem inspirado por Deus, que o Senhor haveria de usar para escrever a maior
parte do Novo Testamento. Portanto, a mensagem de todos aqueles atos proféticos
se cumpriu literalmente, como os profetas disseram que haveria de acontecer.
Sem revelação direta,
infalível e inerrante da parte de Deus, não há atos simbólicos. Eles eram
ilustrações destas revelações. Uma vez que não temos mais profetas e apóstolos,
que eram os canais destas revelações infalíveis, não temos mais estes atos
proféticos que acompanhavam ocasionalmente tais revelações.
Nesta compreensão vai
o autor de Hebreus, que relega ao passado aqueles modos de Deus falar ao seu
povo. Agora, Deus nos fala pela sua dramatização maior e suprema, a encarnação
em Jesus Cristo (Hb 1:1-3).
Tanto assim, que os
únicos atos simbólicos que o Senhor Jesus determinou ao seu povo, e cuja
mensagem é fixa e imutável, foi que batizassem os discípulos com água e
comessem pão e bebessem vinho em memória dele. Tais atos ilustram e simbolizam
nossa união com o Salvador. Fora disto, não encontramos qualquer outra
recomendação do uso de atos simbólicos para transmitir a mensagem do Senhor.
Portanto, para mim,
estes “atos proféticos” atuais e profecias encenadas nada mais são que uma
tentativa inútil – para não ser crítico demais - de imitar os profetas e
apóstolos, na mesma linha destes que hoje reivindicam, em vão, serem capazes de
fazer a mesma coisa que aqueles fizeram.
Leitura relacionada:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça um blogueiro feliz, comente!!
Porém...
Todo comentário que possuir qualquer tipo de ofensa, ataque pessoal e palavrão, será excluído sem aviso prévio!