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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Como o Irã está cercando o Golfo e Israel


Texto de Khaled Abu Toameh publicado em 27 de Janeiro de 2015.
  


Tradução de Joseph Skilnik.      

Com bases no Líbano, Síria, Iêmen e Iraque, o Irã cercou todos os campos de petróleo do Golfo Pérsico. Esse cerco pode ser confortavelmente apoiado pelo contínuo desenvolvimento do programa de armas nucleares do Irã.

Os iranianos já contam com o Hezbollah estacionado na fronteira norte de Israel. Tudo o que eles precisam agora é de mais um grupo terrorista estacionado no sul para criar um cerco semelhante. E eles estão trabalhando duro para atingirem esse objetivo.

"Nós saudamos qualquer um que apóie a causa palestina". — Osama Hamden, Líder do Hamas.

O Irã não está interessado em reconstruir a Faixa de Gaza. A única coisa na qual o Irã está interessado na Faixa de Gaza é tornar o Hamas em mais um exército com apoio iraniano que será usado para atacar Israel.

Enquanto o Presidente dos EUA Barack Obama continua buscando um acordo negociado em relação ao programa nuclear do Irã, os iranianos estão dando duro nas últimas semanas para se infiltrarem na arena palestina e restabelecerem os laços com seu aliado de outrora, o Hamas.

Incentivados pela obsessão de Obama com as negociações nucleares a serem reiniciadas no próximo mês, os líderes iranianos, ao que parece, estão convencidos que a administração Obama está preparada para fazer vista grossa seja o que for que eles façam.

Assim sendo os iranianos estão se sentindo à vontade para se intrometerem, mais uma vez, nos assuntos internos dos palestinos, com o objetivo de solidificarem ainda mais sua posição no Oriente Médio.

Com bases no Líbano, Síria, Iêmen e Iraque, o Irã cercou a Arábia Saudita e todos os campos de petróleo do Golfo Pérsico. Esse cerco pode ser confortavelmente apoiado pelo contínuo desenvolvimento do programa de armas nucleares do Irã.
       
Um míssil balístico em exibição no Irã. (imagem: Fars News)
      
O objetivo principal de Teerã é reconquistar o controle sobre o movimento islamista palestino, de modo que ele faça parte do jogo no conflito árabe-israelense.

Os iranianos já contam com o Hisbolá estacionado na fronteira norte de Israel. Tudo o que eles precisam agora é de mais um grupo terrorista estacionado no sul para criar um cerco semelhante. E eles estão trabalhando duro para atingirem esse objetivo.

As relações entre o Hamas e o Irã ficaram estremecidas depois que o Hamas se recusou a apoiar o regime servil do Irã, a Síria de Bashar Assad, em sua luta contra as forças de oposição sírias.

O Irã e o Hamas precisam desesperadamente um do outro.
           
O Irã quer o Hamas porque ele não conta com muitos aliados sunitas na região. Uma aliança com o Hamas possibilitará ao Irã se livrar das acusações segundo as quais ele está liderando a facção xiita contra os sunitas.   

O Hamas, de sua parte, está desesperado em obter algum apoio de fora, mormente na esteira de seu crescente isolamento no cenário palestino e internacional.

O Hamas também está se sentindo pressionado em casa, em face de seu fracasso em reconstruir a Faixa de Gaza após a guerra do último verão com Israel. Os líderes do Hamas esperam que o Irã reinicie sua ajuda financeira ao movimento e evite criar uma situação em que os palestinos possam se revoltar contra eles.


As rígidas medidas de segurança do Egito ao longo de sua fronteira com a Faixa de Gaza, inclusive a demolição de centenas de túneis usados para o contrabando além da criação de uma zona de segurança, apertaram o cerco contra o Hamas.  

Os líderes do Hamas afirmam que eles tomaram a decisão "estratégica" de restabelecer seus laços com o Irã. Ismail Haniyeh, ex-primeiro-ministro do governo do Hamas na Faixa de Gaza, anunciou recentemente que o movimento está trabalhando com o intuito de estabelecer "relações abertas" com o Irã.  

Osama Hamdan, outro líder do Hamas, anunciou que as diferenças entre seu movimento e o Irã foram resolvidas. Ele disse que o Hamas estabelece suas relações com todos os grupos políticos com base no apoio à causa palestina. "Nós saudamos qualquer um que apóie a causa palestina", segundo Hamdan. "As relações entre o Irã e o Hamas voltaram ao normal."  

Como parte dos esforços do Hamas em apaziguar os iranianos, o braço armado do movimento islamista, Izaddin al-Qassam, emitiu um raro comunicado "agradecendo o Irã por fornecer dinheiro e armas" ao Hamas e a outros grupos palestinos na Faixa de Gaza nos últimos anos.

O Hamas sabe que melhorar suas relações com o Irã também significa se reaproximar de grupos terroristas que lutam "por procuração" de Teerã, como o Hisbolá. Isso explica porque o Hamas tomou uma série de medidas na semana passada a fim de restabelecer seus laços com o Hisbolá.

O comandante do Izaddin al-Qassam, Mohamed Deif, enviou na semana passada uma carta de condolências ao chefe do Hisbolá Hassan Nasrallah pela morte de importantes agentes do Hisbolá, que foram mortos em um ataque aéreo israelense na Síria.

Na carta Deif convidou o Hisbolá a juntar forças com o Hamas contra o "verdadeiro inimigo, a entidade sionista".
            
 
A reaproximação do Hamas com o Irã é mais um indício dos esforços de Teerã em usar seus aliados no Oriente Médio para destruir Israel. Os líderes do Hamas esperam que o Irã reinicie não apenas sua ajuda financeira ao movimento, mas que também forneça armamentos.

O Irã não está interessado em reconstruir a Faixa de Gaza ou fornecer abrigo a milhares de famílias palestinas que perderam suas casas na última guerra. A única coisa na qual o Irã está interessado na Faixa de Gaza é tornar o Hamas em mais um exército com apoio iraniano que será usado para atacar Israel. Tudo isso está acontecendo enquanto a Administração Obama está ocupada preparando mais uma rodada de negociações com o Irã sobre seu programa nuclear. A esta altura já é óbvio que Teerã está usando as negociações para desviar a atenção no que tange seus esforços de aprofundar seu envolvimento no Oriente Médio, na esperança de se apoderar dos campos de petróleo e eliminar Israel.


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