No outono de 1942, chegou a Jerusalém a notícia de que 450 crianças judias polonesas haviam chegado a Pahlevi, o porto persa do Cáspio. Elas foram conduzidas a Teerã e instaladas em um acampamento. Informações ulteriores mostraram que eram bem mais numerosas. A minoria delas era órfã, mas todas as outras haviam chegado sem seus pais.
Muitas estiveram errando desde o outono de 1939, depois da queda da Polônia. Haviam caminhado através da Ucrânia, da Sibéria, do Turquestão e do Uzbequistão. Algumas passaram meses em orfanatos cristãos. Todas haviam estado por meses vagando ao acaso. Tinham dormido nos bosques, meio nuas, expostas a doenças, devoradas pela verminose, famintas e inocentes.
A direção da Aliat Hanoar comunicou ao governo mandatário o seu desejo de assumir a responsabilidade da adoção e da educação destas crianças na Palestina. A comunidade judaica de Teerã deu uma ajuda generosa e todo mundo pôs-se a trabalhar para enviar as crianças em boa forma, vesti-las e prepará-las para a sua futura vida no novo país.
Encontrou-se um navio para conduzir as crianças desde o Golfo Pérsico até Suez. Foi na sua partida de Suez, por trem, que as crianças começaram a sentir o calor de uma acolhida amistosa. Em cada parada, as comunidades judaicas vinham trazer presentes para elas.
Quando elas desceram do trem e compreenderam que estavam de fato na Terra Prometida, desfizeram-se em pranto pensando em seus pais. Um professor que havia conduzido sua classe ao encontro delas teve a idéia genial de começar a cantar as canções de Eretz Israel. A classe entoou as canções, as crianças secaram suas lágrimas e juntaram-se ao coro improvisado.
Justo quando os judeus do mundo inteiro souberam e puseram luto pela destruição de seu povo, de repente, como um raio de esperança, soube-se da notícia da chegada destas crianças, sobreviventes do medonho cemitério dos judeus da Europa e apresentando-se às portas da pátria.
No dia de sua chegada à Palestina, todos os escritórios oficiais ficaram vazios. Em toda parte o trabalho foi praticamente suspenso. As pessoas vinham em grande número para vê-las. Chegavam na estação de carro, a cavalo, de bicicleta e a maior parte a pé. Precipitavam-se sobre os vagões para acolher as crianças que ainda tinham um pouco do ar de fantasmas, mas agitavam altivamente suas pequenas bandeiras azuis e brancas. Árabes também vieram desejar-lhes as boas-vindas com sacos de laranjas, dizendo-lhes: “que Alá esteja convosco. Sois as crianças da humanidade”
Alguns pais tiveram a alegria de reencontrar seus próprios filhos; algumas crianças reencontraram irmãos e irmãs. Mas foi a comunidade inteira que as acolheu de braços abertos, com a vontade de reconduzilas à saúde e à alegria de viver.
(Resumido de Norman Bentwich, Jewish Youth comes Home – the Story of the Youth Alyah, 1933-1943, Londres, Victor Gollancz, 1944)
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