Por Jason Helopoulos
Como a maioria de vocês, eu amo pequenos grupos. Eu amo a “troca” que há na discussão. Eu amo a interação com outros. Eu amo as perguntas levantadas e as respostas descobertas. Mas, apesar do quanto eu e você amamos os pequenos grupos, o culto corporativo é mais importante.
Alguém recentemente comentou comigo que pastores são os únicos que realmente desfrutam das manhãs [e noites] de domingo como o ponto alto da semana. Eu espero que não! Essa pessoa insistia que outros cristãos estão mais ansiosos por seus pequenos grupos que pelo culto público.
Ela disse que é mais empolgante para o congregante estar em um pequeno grupo onde ele pode fazer perguntas, orar por outros, discutir suas próprias opiniões e conhecer uns aos outros mais intensamente.
Eu entendo esse sentimento e aprecio o desejo de conectar-se com os outros, mas, com toda humildade, eu diria a essa pessoa bem intencionada: “Você não entende o privilégio único que é o culto corporativo. Nós estamos comungando com os santos perante o santo trono de um Deus majestoso”.
O Culto Público é Único
É no Dia do Senhor, na casa do Senhor, com o povo do Senhor, encontrando-se com o Senhor que o cristão deveria encontrar seu maior deleite. Deveria ser o ponto alto da semana de todo cristão. É diferente de qualquer outra reunião; não importa quão agradáveis os pequenos grupos ou qualquer outra reunião possa ser.
Em 1 Coríntios 11.18, nós lemos instruções para “quando vos ajuntais na igreja”, indicando que havia uma reunião única “como igreja” que não era o mesmo que alguns poucos cristãos se juntando e conversando sobre Jesus. Hebreus 10.25 nos ordena que não deixemos de congregar-nos (literalmente, “não negligencie a reunião de vocês mesmos”).
A palavra para “congregar-se” ou “assembleia”, episynagogen, refere-se ao encontro formal do povo de Deus para adoração, não apenas amigos ouvindo sermões baixados na internet na mesma sala ou envolvidos em um estudo bíblico indutivo. O povo de Deus reúne-se semanalmente para adorar. Nossas vidas são vividas do Dia do Senhor ao Dia do Senhor, enquanto a cada semana nós ansiamos por “ir à casa do Senhor” para encontrar-se com nosso Deus e com Seu povo.
A ideia de que o culto corporativo não é tão empolgante quanto os pequenos grupos normalmente gira em torno de quatro reclamações: o culto é “pastorcêntrico”, passivo, chato e impessoal.
Muito “pastorcêntrico”
Argumenta-se que “como congregante, nós meramente sentamos no banco e escutamos um monólogo por 30 minutos. O pregador seria o único com uma palavra importante pra comunicar? Não parece correto que um homem fale e todo mundo escute”. Eu poderia sugerir que essas opiniões servem mais como reflexo de nossa própria vaidade, auto-importância e mentalidade ocidental individualista do que qualquer outra coisa? Há uma razão para o sermão nunca ter sido trocado por um tempo de perguntas e respostas. Nós nos juntamos para ouvir proclamação, não discussão.
O pastor é ordenado para ministrar a verdade da Palavra de Deus e administrar Seus sacramentos. Portanto, quando ele sobe ao púlpito, ele deve falar e aplicar as Palavras de Cristo a Seu povo. O culto não é “pastorcêntrico”. É Cristocêntrico. Nós precisamos ouvir uma Palavra externa a nós. Ele é o Criador, nós somos a criação. Ele é o Rei, nós somos Seus súditos. Ele é o cabeça, nós somos o corpo. Ele fala e nós escutamos.
Como Jó, é bom e apropriado que coloquemos nossas mãos em nossas bocas e apenas escutemos o que as Escrituras nos dizem sobre quem Deus é e o que Ele requer de nós (Jó 40.4). Seres humanos caídos precisam da rotina semanal de ouvir, o que exige uma pausa no perguntar, filosofar e especular que tão frequentemente cultivamos. Maria foi elogiada pelo Senhor porque ela escolheu a melhor parte.
Ela sabia que quando o Senhor fala, nós devemos ouvir, absorver e deleitar-se em ouvir Sua voz (Lucas 10.38-42). Há tempo e lugar para discutir e fazer perguntas sobre a Palavra de Deus. O pequeno grupo serve a um propósito real, mas francamente, importa mais o que Deus tem a dizer que o que nós temos a dizer.
Muito passivo
A segunda reclamação contra o culto corporativo geralmente diz respeito à objeção de que é algo muito passivo, enquanto pequenos grupos oferecem mais oportunidade para envolvimento. Este é um infeliz equívoco do que acontece no culto. O culto é tudo, menos passivo. A congregação não apenas participa quando canta, mas deve envolver-se tão ativamente quanto nas orações feitas, nas confissões lidas e na pregação da palavra de Deus.
Na verdade, cada elemento do culto deveria envolver nossas pessoas. Nós devemos ouvir não apenas com nossos ouvidos, mas com nossos próprios corações. Nós devemos ter mentes renovadas (Romanos 12.2), nossas almas traspassadas (Hebreus 4.12) e aplicar isso a nossas vidas para podermos caminhar em verdade (1 João 1.6). Isso ocorre ao ouvirmos com atenção, expectativa, cheios de fé e completamente envolvidos. O culto corporativo não é passivo! Se nós estamos participando corretamente, não deveríamos apenas sair restaurados em Cristo, mas esgotados.
Muito chato
A terceira reclamações muito frequentemente apresentada contra o culto público é que ele é chato se comparado com a interação que acontece nos pequenos grupos.
O que há de chato em encontrar-se com o Deus vivo do universo? Pergunte a Isaías se é chato encontrar-se com um Deus santo (Isaías 6). Pergunte a João se é chato comungar com um Deus glorioso (Apocalipse 1). Pergunte aos santos, anjos e seres viventes no céu se é chato estar na presença do Deus da salvação (Apocalipse 5.6-14). Assim como eles estão desfrutando da presença do Senhor e isso os enche de deleite, assim deve ser conosco.Tão real quanto as pessoas em nosso pequeno grupo é a presença de Deus conosco no culto público. Deus está se encontrando conosco através da Sua Palavra e do Seu Espírito. Não há nada de chato nisso!
Muito impessoal
A quarta reclamação é que é muito impessoal. Certamente, nós deveríamos desfrutar da comunhão com outros que os pequenos grupos oferecem. Pequenos grupos servem a um propósito real. Como eu disse, sou grato por eles. Igrejas sofrem quando não há um espaço para discipulado, estudo bíblico, e um lugar para fazer perguntas. Ainda assim, nossa comunhão no culto corporativo não é menos real. Quando nós cantamos, não estamos apenas cantando para o Senhor mas uns aos outros (Colossenses 3.16).
Quando a oração é oferecida por um pastor ou um presbítero, não somos espectadores mudos. Pelo contrário, nós unimos nossas vozes como é demonstrado pelo “Amém” corporativo no final. Quando os sacramentos são recebidos, eles não somente significam e selam nossa comunhão com o Senhor, mas com os outros (1 Coríntios 11.17-12.31).Nós somos um corpo, unidos em um Senhor, um Espírito e um batismo (Efésios 4.3-6).
E nada declara isso com mais força que nossa participação na Mesa do Senhor juntos em adoração. Não importa quão maravilhosos os bolos, abraços e discussões em grupo sejam, eles não superam a intimidade de que desfrutamos e somos lembrados quando participamos do sangue e corpo do Senhor uns com os outros.
Eu amo pequenos grupos. Não me entenda mal. Eles servem a um propósito real em muitas igrejas, mas sua importância não pode e nem deve suplantar nosso ajuntamento no culto público. Nós somos a igreja. Cultuar é o que fazemos. Nós nos reunimos para encontrar-se com Deus, ouvir Sua Palavra, participar dos Seus sacramentos, oferecer-Lhe orações e louvor, dar nossas ofertas, confessar nossos pecados, ouvir novamente sobre a certeza da graça perdoadora, habitar com Ele. E nós fazemos isso juntos toda semana. Isso se torna o próprio padrão das nossas vidas. E embora seja rotina, é o aspecto mais importante e glorioso de nossas vidas.
Traduzido por Josaías Jr no Reforma21
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