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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Este sanduíche de $1500 pode ensinar o que é a "Mão Invisível"

sanduíche
Andy George tem um canal no Youtube em que ensina a fazer sanduíches, ferramentas, trajes de roupa. Com uma diferença: ele se propõe a fazer tudo do zero, ingrediente por ingrediente.

Para fazer um sanduíche, Andy teve que plantar seu tomate, alface e cebola, coletar água do mar e fervê-la para obter sal, ordenhar uma vaca e produzir seu próprio queijo, além de abater uma galinha. O processo tomou seis meses e custou 1.500 dólares, e o sanduíche resultante não parece justificar o preço.

Ele não construiu as ferramentas que usou do zero, não fez o fermento que usou para assar o pão, e viajou de avião no processo, é verdade. Mas a jornada de seis meses de Andy, embora limitada, ensina uma importante lição sobre a economia moderna – e ajuda a entender por que a pobreza diminuiu tanto nos últimos 300 anos.

Queda do percentual da população abaixo da linha da pobreza: The Economist.
Queda do percentual da população abaixo da linha da pobreza em anos recentes: 
The Economist.
Por que conseguimos fazer um sanduíche melhor que o de Andy em 5 minutos? Por que conseguimos comprar com poucos minutos (ou segundos) de trabalho um sanduíche mais gostoso do que esse, cujo custo em tempo e dinheiro é incomparavelmente maior? As perguntas parecem triviais, mas suas respostas ensinam muito sobre o potencial.

Uma rede de divisão produtiva complexa permite que o número de pessoas trabalhando com a produção de alimentos diminua a cada década, enquanto o número de pessoas que morre de fome caia. Basta comparar o tempo de trabalho necessário para comprar um sanduíche feito por outras pessoas com o tempo (e recursos) que o trabalhador gastaria para comer um sanduíche feito por ele, sem trocar nada com ninguém.

A divisão do trabalho é, afinal, o que Adam Smith descrevia como a origem da riqueza das nações. Ele explica como essa divisão aprimora as forças produtivas do trabalho – aquilo que economistas modernos chamariam de produtividade.

A divisão do trabalho impede o desperdício de tempo ao passar de um trabalho a outro. Permite que cada trabalhador se especialize em certa tarefa, tornando-se mais hábil e adquirindo destreza. Por fim, possibilita a invenção de máquinas que facilitam o trabalho e permitem que uma pessoa realize o trabalho de muitas.

O mesmo princípio do trabalho de Andy George está presente no famoso ensaio “Eu, o Lápis” (I, Pencil) de Leonard Read, criador da Fundação para Educação Econômica. Nele, Read mostra como nenhum indivíduo pode, sozinho, produzir um simples lápis.

Sua produção depende da combinação de madeira, grafite, tinta e borracha advindos de vários lugares do globo. Ao comprarmos um lápis, ou um sanduíche, dependemos de complexas cadeias de fornecimento de produtos, conectadas entre si por incentivos econômicos. E essa dependência, ao contrário do que nossa intuição sugere, não é algo ruim. 

Pelo contrário: garante a produção eficiente e barata de diversos bens triviais ao funcionamento da nossa sociedade.

David Ricardo, economista clássico contemporâneo de Adam Smith, justificou a interdependência comercial nesse sentido. Ricardo professava que o comércio fará com que cada país se especialize nos bens que produz com menor custo – em que os produtores de cada país possuem vantagem comparativa.

O modelo comercial de Ricardo foi refinado ao longo dos séculos entre os economistas, mas seu conceito de vantagem comparativa continua central a entender os benefícios do comércio. As trocas comerciais nos interconectam com pessoas ao redor do mundo e permitem a construção de interações produtivas e pacíficas.

Ainda melhor, a especialização permite a produção de bens de forma eficiente, permitindo a cobrança de preços baixos de forma que bens de fabricação complexa – sanduíches e lápis, mas também computadores e celulares – sejam acessíveis ao indivíduo comum.

Tendo em mente a intricada combinação de redes de fornecimento para produzir os bens mais triviais, uma questão imediata é: que processo une milhares de indivíduos na cadeia de produção? A grande descoberta de Adam Smith, e o grande insight do pensamento econômico liberal, é que a conexão entre esses indivíduos se dá de forma espontânea, sem planejamento centralizado.

São grupos descentralizados seguindo incentivos econômicos que cooperam para produzir bens. Sua cooperação não vem de um senso profundo de comunidade, mas da busca do próprio interesse representado pelo lucro.

Esse é o significado da "Mão Invisível" de Adam Smith. Nas palavras dele:

[O indivíduo] visa apenas a seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por Mão Invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções. […] Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo muitas vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quando tenciona realmente promovê-lo.

A autossuficiência é uma solução falsa. Significaria uma regressão à ineficiência e miséria que dominava nosso passado, uma opção que poucas pessoas elegeriam. A qualidade de vida de que gozamos hoje, apesar das desigualdades mundiais que ainda persistem, é incomparavelmente superior à de nossos antepassados.

E esse progresso deve muito ao desenvolvimento de redes de interação econômica, formadas espontaneamente. É o que nos permite comer um sanduíche por alguns reais e prepará-lo em poucos minutos, em vez dos seis meses e seis mil reais de Andy George.

Phonte: Mercado Liberal

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