Dra. Rebecca Oas
NOVA IORQUE, EUA (C-Fam) Uma semana antes de uma imensa conferênciamundial de planejamento familiar na Indonésia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma declaração curta reiterando sua posição de que os contraceptivos injetáveis são seguros — por qualquer duração — até mesmo para adolescentes, apesar de serem ligados à perda progressiva de densidade óssea e outros efeitos colaterais prejudiciais.
Ocorreu logo depois que a Administração de Alimentos e Drogas (conhecida pela sigla em inglês FDA), amplamente considerada como o padrão ouro de segurança de drogas, rejeitouuma petiçãopara remover sua forte etiqueta de aviso de “caixa preta” e reiterou suas preocupações sobre os efeitos de longo prazo dos contraceptivos na saúde das mulheres.
Mulheres do mundo inteiro que querem adiar ou evitar a gravidez citam riscos de saúde como uma das razões mais predominantes para não usar os contraceptivos modernos.
As preocupações delas têm apoio da ciência. Nesse caso, contraceptivos injetáveis que contêm acetato de depo-medroxiprogesterona (ADMP), também conhecido como Depo-Provera, têm sido ligados com diminuição da densidade óssea, aumento de risco de certos cânceres e aumento do risco do HIV.
No ano passado, o fabricante de drogas Pfizer, a Fundação Gates, a USAID e outras organizações anunciaram uma grande colaboraçãopara aumentar o uso de contraceptivos injetáveis entre mulheres pobres em países em desenvolvimento usando uma seringa de uso único chamada Sayana Press.
Atentos à promoção mundial da Depo-Provera e ao peso que os avisos da FDA levam, dois médicos apresentaram uma petiçãoem 2013 exortando a FDA a remover o aviso de “caixa preta,” afirmando que “tem prejudicado a saúde pública nos Estados Unidos e no mundo.” Um médico é assessor de uma empresa que comercializa a Depo-Provera e o outro é um defensor descarado do aborto que afirma que o aborto é mais seguro do que o parto.
A petição diz que o rótulo de aviso é “incoerente com a avaliação de grandes organizações médicas e públicas no mundo inteiro,” citando a OMS em particular.
A FDA negou a petiçãode forma categórica. A Dra. Janet Woodcock, diretora de avaliação de drogas e pesquisas, frisou que “embora a FDA considere as opiniões e análises de outros órgãos de saúde respeitáveis, no fim a FDA conta com sua própria revisão independente de dados disponíveis para fazer decisões regulatórias.”
Woodcock contestou fortemente a afirmação de que a FDA está prejudicando a saúde pública mundial ao frisar os riscos da Depo-Provera. Se o rótulo de aviso levou à diminuição no uso da droga, ela escreveu, “cremos que a prevalência mais baixa de uso prolongado do ADMP é um benefício de saúde pública.”
A FDA expressou preocupação “com o fato de que as usuárias adolescentes estavam perdendo densidade óssea numa época de suas vidas em que deveriam estar experimentando aumentos significativos” e que a recuperação da densidade óssea depois da interrupção do uso da Depo-Provera era lenta e pode não ocorrer de forma plena.
A FDA frisou que já que a Depo-Provera não tem estado no mercado tempo suficiente para se apurar seus efeitos de longo prazo nas mulheres depois da menopausa, o tempo de vida em que as mulheres experimentam os efeitos mais graves da osteoporose, seus riscos de saúde mais graves podem ainda não ser conhecidos. Considerando que as regiões do mundo miradas para a comercialização mais elevada e uso da Depo-Provera são também áreas com menos dados disponíveis sobre osteoporose — e o menor acesso à assistência médica — os avisos da FDA são particularmente oportunos à medida que o envelhecimento emerge como uma questão importante no mundo inteiro.
Os governos, as agências da ONU e organizações de planejamento familiar que estão gastando milhões de dólares para distribuir a Depo-Provera em países em desenvolvimento poderão ignorar os avisos da FDA e procurar abrigo nas afirmações da OMS sobre sua segurança.
Tradução: Julio Severo
Fonte: Friday Fax
Divulgação: www.juliosevero.com
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