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terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Ritual das Antigas Alianças


Durante todo o período histórico coberto pelo relato bíblico, as alianças foram muito importantes nos relacionamentos entre os homens e até mesmo entre as nações, servindo como modelo para os contratos que regem a sociedade moderna.

Basicamente, uma aliança é um acordo entre duas ou mais partes que se unem para o compartilhamento de recursos visando objetivos comuns. 

Encontramos, na bíblia, contratos ou acordos para a guerra (II Cr.18.1-3), para o comércio (II Cr.20.35-36; I Rs.5.10-12), uniões matrimoniais (Gn.29.21-23), para o trabalho (Gn.30.27-34), ou simples laços de amizade e cooperação (I Sm.18.3). 

No livro de Gênesis, por exemplo, observamos o relato sobre várias alianças firmadas entre os homens (Gn. 14.13; 21.27; 26.28; 31.44). Numa época em que as leis eram insuficientes e a força prevalecia, as alianças eram fundamentais para a garantia de direitos e a resistência aos invasores.

A aliança era uma promessa solene de união e cooperação, de modo que o relacionamento entre as partes não ficasse sujeito às futuras variações do sentimento ou das circunstâncias. 

Em muitos casos, o fraco procurava se aliar ao mais forte. Desse modo, resguardava-se de ser atacado por esse mesmo individuo e, além disso, conseguia proteção em troca de algumas obrigações (Js.9.6,15). As partes pactuadas se comprometiam ao auxílio mútuo, principalmente em caso de guerra.

Geralmente, as alianças eram formalizadas através de rituais religiosos cujo conteúdo variava razoavelmente dependendo da época e do lugar. Entre os elementos mais comuns nesse tipo de cerimônia podemos citar: sacrifício de animais, presença de testemunhas, festa, refeição, troca de presentes, compromisso verbal em forma de juramento, estabelecimento de um memorial, um símbolo que permitisse a lembrança da aliança feita. A essência do acordo era o conjunto de deveres assumidos pelas partes envolvidas.

Em um tipo específico de ritual, um animal era sacrificado e seu corpo era partido. Seus pedaços eram colocados no chão e por entre eles passavam aqueles que estavam fazendo a aliança. Por esse ato declaravam que aquele que quebrasse a aliança deveria ser despedaçado como aquele animal (Jr.34.18; Gn. 15.9-17).

A compreensão das alianças antigas e seus rituais nos ajuda a entender o compromisso entre Deus e os homens. A bíblia nos mostra que o Senhor fez aliança com Noé que, naquele ato, representava toda a humanidade (Gn. 6.18; 9.9-12). Depois, Deus fez aliança com Abraão, representante de Israel (Gn. 15.18; 17.2). No Novo Testamento, Jesus é o representante da igreja no estabelecimento da Nova Aliança com o Pai (Lc. 22.20).

Aliança é compromisso. Para estabelecê-la conosco, Jesus foi sacrificado. Naquele dia, ele estabeleceu a ceia como um memorial, para que jamais nos esquecêssemos do nosso vínculo com o Senhor. A sua Palavra é o regulamento da aliança, contendo os direitos e deveres concernentes a ela. Nossa obediência a Deus não deve estar condicionada ao que sentimos ou às circunstâncias. Devemos simplesmente cumprir nosso compromisso, independente de qualquer outra coisa. Muitos querem ser abençoados, mas poucos desejam o compromisso. A diferença entre ambos será sentida por toda a eternidade. Ismael foi abençoado, mas Isaque, além da bênção, teve aliança com Deus e, por isso, através de sua descendência veio o Salvador (Gn. 17.20-21).

Cristianismo é um modo de vida em aliança com Deus. Isto não significa restrição, mas segurança. Se estamos comprometidos com aquele que é mais forte, aquele que é o Todo-poderoso, então podemos descansar no seu poder e na sua fidelidade. Não estamos sós ou desamparados. Não podemos ser tocados pelo Inimigo, pois aquele que está em nós é maior do que aquele que está no mundo (I João 4.4). Deus está conosco para lutar as nossas guerras.

O Senhor jamais quebrará um compromisso estabelecido por ele. A aliança de Deus com Noé continua firme e é por isso que o mundo nunca mais voltará a ser destruído pelas águas. A aliança de Deus com Abraão continua firme e é por isso que a nação de Israel continua viva e florescente, apesar da fúria de seus adversários. A aliança de Deus com a igreja continua firme e é por isso que as portas do inferno não prevalecem contra ela.

Deus jamais quebrará sua aliança, mas... e nós? Se você não tem compromisso com Deus, cuidado, pois o Inimigo tem direitos sobre a sua vida e você pode sofrer danos nesta vida e na eternidade. Se você tem aliança com Deus, não quebre o compromisso. Aquele que rompe a aliança corre o risco de ser despedaçado como o animal do sacrifício. Por esta causa, o abandono da fé, a apostasia, é algo muito perigoso.

Mantenhamos nossa aliança com Deus, pois todos os que guardam esse pacto são parte da Noiva de Cristo, a igreja, que com ele viverá por toda a eternidade.

Autor: Anísio Renato de Andrade 

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