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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Derrota de Maduro reascende a esperança na América Latina



Foi um processo tumultuado, repleto de denuncias de intimidações e chantagens. Durante o dia, o deputado estadual Marcel Van Hattem denunciou que a equipe de parlamentares estrangeiros que formava a comitiva de observadores internacionais havia sido impedida de acompanhar o processo (o que afinal de contas, era sua função). 

As autoridades do país caçaram as credenciais dos observadores. Pouco depois foi a vez da presidente do Conselho Nacional Eleitoral Tibisay Lucena vir a público para anunciar a suspensão das credenciais de três ex-presidentes latino-americanos que foram ao país observar o pleito. Andrés Pastrana da Colômbia, Jorge Quiroga da Bolívia e Luis Lacalle do
Uruguai, Laura Chinchila da Costa Rica e Mireya Moscoso do Panamá haviam participado de uma coletiva de imprensa ao lado de Lilian Tintori, mulher do opositor preso Leopoldo López. 

A entrevista ascendeu à ira de Diosdado Cabelo, que cegou a pedir também a expulsão de Quiroga, Pastrana e Lacalle por conta de declarações de repúdio às violações aos direitos humanos no país. Nas ruas, os delegados chavistas acossavam os cidadãos, intimando a população a votar. 

Desde o inicio da semana se ouvia que quem não votasse em Maduro “ficaria um ano sem comer”. Em meio à agonia do pleito, as autoridades chegaram a atrasar em mais de uma hora o encerramento das urnas, para que mais eleitores fossem votar (o voto por lá e facultativo). Pelo visto, nada disso foi suficiente. Por volta da meia-noite no horário de Brasília, o jornalista Yusnaby Pérez publicou um vídeo em que Lilian Tintori celebrava a apuração parcial das urnas. "Ganamos, y por mucho".

Maduro reconheceu a vitória, constrangido com o repúdio das urnas. Ao seu lado, o narcotraficante e número 2 do chavismo Diosdado Cabelo não conseguiu nem sorrir para as câmeras. O clima era fúnebre. No tradicional ponto de encontro dos chavistas na Plaza Bolivar, não havia sequer um único bolivariano. Só uma tenda vermelha insólita no meio do calçamento de pedra. Com cerca de 96% das urnas apuradas, a Mesa de la Unidad Democrática já possuía 99 das 167 cadeiras da Assembleia Nacional. O chavismo ficou com apenas 46. A previsão é de que a coalização de conservadores, liberais e centristas pode ficar com 122 assentos.

A derrota de Maduro é um duro golpe no chavismo, mas ainda não representa sua aniquilação. O aspirante a ditador não só possui total controle sobre as instituições, como também planeja um golpe contra a democracia para enfraquecer o novo parlamento. Segundo o jornal argentino La Nacíon, o presidente planeja aprovar uma lei que lhe outorgue o poder de governar por decreto. Quando a oposição chegar à Assembleia nacional daqui a quatro semanas, pode encontrar um parlamento enfraquecido. Mas o recado já foi dado, e o simbolismo da escolha dos cidadãos venezuelanos não pode ser apagado.

A repulsa ao socialismo começa a se consolidar na América Latina. Depois de quase duas décadas de governos populistas, o povo acuado pelo empobrecimento, pela corrupção e pelo autoritarismo começa a reivindicar para si o protagonismo da politica. O sentimento de unidade em torno da defesa da liberdade começou no Brasil, e Dilma Rousseff só não perdeu as eleições porque soube usar com maestria a máquina pública para mais uma vez solapar a democracia com seus esquemas de aparelhamento e seu estelionato eleitoral. Os argentinos por sua vez foram mais atentos, e conseguiram livrar o país do continuísmo kirchnerista. 


O candidato de Cristina Kirchner Daniel Scioli chegou a ser anunciado como o favorito pelos institutos de pesquisa, podendo vencer no primeiro turno. Enquanto isso o presidente eleito Mauricio Macri era apontado como o terceiro colocado. A história provou que dados maquiados, mentiras eleitorais e discurso de medo nem sempre dão certo. Agora foi a vez de a Venezuela reascender a esperança por uma América Latina livre e democrática.

Como já foi dito, essa vitória é mais simbólica do que pratica. As principais instituições daquele país estão aparelhadas pelo chavismo. Durante seu governo Hugo Chávez comprou o apoio das Forças Armadas, enfraqueceu as polícias locais criando a Guarda Nacional Bolivariana (querem fazer o mesmo por aqui, unificando as policias militares e civis), censurou a imprensa e instituiu apoiadores em postos chave da República. 


A própria Tibisay Lucena ocupa um posto para qual não é minimamente qualificada. Ela que foi musicista na juventude, graduou-se em sociologia e seguiu carreira acadêmica. 

No entanto ocupa uma função que exigiria uma formação em Direito. Em uma democracia seria coerente que a presidente do Conselho Nacional eleitoral possuísse conhecimento das leis. Na republica bolivariana isso não se faz necessário, pois a lei é letra morta, o que importa são as decisões dos déspotas. Ainda assim, uma derrota tão expressiva mostra que não adianta imitar a ficção de George Orwell, colocando os olhos do ditador defunto em prédios públicos e casas populares como fez Maduro, e nem adianta prender e assassinar opositores. 

Quando um povo quer, ele derruba seus algozes. Seria mais prudente até que os próprios bolivarianos cedessem e deixassem a democracia passar. 

Como são sociopatas, é quase certo que irão “radicalizar a revolução”. Daí será questão de tempo até serem derrubados por um levante popular. Países como a Romênia e a Ucrânia nos ensinam que a liberdade sempre vence, seja pelo amor ou pela dor. Entregues a própria sorte por vizinhos omissos e cúmplices das barbaridades do bolivarianismo como Brasil, Equador e Bolívia, os venezuelanos terão que prosseguir na resistência.   A esperança vai vencer o medo.

Fonte: Reaça

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