O Presidente da Câmara Eduardo Cunha utilizou a seção Opinião da Folha para rebater um editorial do jornal que afirmava que o impeachment não interessava ao país, e que o seu acolhimento pelo deputado não passava de uma de suas muitas manobras políticas para se livrar da cassação e criar obstáculos para o governo de Dilma Rousseff.
Cunha rebateu alegando que “apesar da Folha ter todo o Direito de defender Dilma Rousseff e se posicionar contra o processo de impeachment, mas não pode negar se colocar contra o
direito de defesa”.
Cunha não usou meias palavras. Colocou a Folha em seu devido lugar, desnudando o jornalismo porco praticado pelo jornal, que entende que só é nobre e moral se coloca a serviço do Palácio do Planalto, e que só é democrático quem compactua com o plano criminoso de poder do partido dos Trabalhadores. Em resumo, a postura da Folha é autoritária.
Os jornalistas que compõe a camarilha da Folha devem ter se surpreendido com a pena afiada de Cunha. Logo eles, os progressistas que sempre encararam com espantosa naturalidade as pretensões golpistas e autoritárias do governo federal de aliciamento da mídia, e que se colocaram como sabujos do PT à caça dos opositores.
Tiveram que publicar o texto na seção de opinião, ou então poderiam ser enquadrados na lei de Direito de Resposta criada pelo senador Roberto Requião (este sim do governo que eles apoiam). É uma pena que o cara que nocauteou a Folha seja um corrupto que tempos atrás dizia que pedir impeachment de Dilma era golpe, e que sujeitou a colaborar como governo em troca de alguns pixulecos.
Segue o texto de Eduardo Cunha publicado na Opinião, da Folha de São Paulo.
A Folha tem todo o direito de expressar sua opinião, mas o fez de forma agressiva e desproporcional, na "Primeira Página", na edição de domingo (13). A Folha também tem todo o direito de defender o governo Dilma Rousseff e se posicionar contra o processo de impeachment.
No entanto, confundir o exercício do meu legítimo direito de defesa, pautado integralmente na legalidade, com manipulações e métodos inadmissíveis reflete princípios ditatoriais, onde o justiçamento se sobrepõe ao julgamento democrático.
Ou será que os advogados da Folha não usam todos os instrumentos legais disponíveis para a defesa do jornal nas ações em que ele é parte? Isso é o exercício do direito de defesa que conquistamos com a Carta Magna de 1988.
Da mesma forma, repudio o tratamento desonroso dispensado aos parlamentares que se manifestam contra decisões que afrontam o regimento interno da Câmara dos Deputados. Eles agem em respeito aos deveres de seus respectivos mandatos e não como meros defensores de meus interesses.
Seriam aqueles que agem de acordo com o interesse da presidente da República simples cumpridores de ordens do Palácio do Planalto?
Sem reconhecer o legítimo e constitucional direito de defesa, a Folha chega ao ponto de afirmar, em reportagem interna da edição do mesmo dia, que a apresentação de defesa dentro de seu prazo a uma denúncia contra mim é ação protelatória de meus advogados.
O jornal também ignora o fato de que uma denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está há quase três anos sem apreciação.
O meu papel no processo de impeachment já foi concluído com a aceitação dada. A decisão futura será colegiada e, inclusive, objeto de discussão no STF (Supremo Tribunal Federal), que, ao que parece, definirá as regras do processo.
Há três meses, em 13/9, a Folha publicou longo editorial, também na "Primeira Página", com o título "Última Chance". Pregava a renúncia da presidente caso inúmeras condições não fossem atendidas.
Pois bem: tais condições não foram atendidas, a presidente não renunciou, e o jornal não mais se pronunciou sobre isso, sugerindo que a sua posição mudou conforme o verbo do momento.
Deixemos que as instituições funcionem e que o processo siga o curso previsto sob a Constituição.
Quanto a mim, perante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, sou acusado de supostamente ter mentido em uma CPI instalada por mim mesmo, onde compareci de forma espontânea, sem ser convocado, sendo, aliás, o único político citado a fazê-lo.
Jamais faltei com a verdade, segundo parecer de grande jurista. Jamais a Folha analisou ou criticou o conteúdo do parecer entregue aos seus jornalistas. Os leitores do jornal desconhecem o referido parecer e os argumentos de meus advogados.
Voltamos aos tempos de exceção, quando somente a voz do Estado acusador é reconhecida como a única verdade a ser publicada. Aliás, por falar no Estado, o que diz a Folha sobre as mentiras da presidente Dilma e seu governo, que, pelo mesmo princípio, mereceria a deposição?
O governo chega até a mentir oficialmente, atribuindo ao vice-presidente, Michel Temer (PMDB), supostas conversas com Dilma, posteriormente desmentidas por ele.
A mentira é hábito do governo petista e não exceção em seu comportamento; isso sem contar as barganhas espúrias feitas à luz do dia para tentar se preservar.
Defendo integralmente que a Folha exerça sua opinião e a manifeste em editorial, mas creio que o bem da democracia, que o jornal sempre defendeu, não condiz com agressões e adjetivações caluniosas e tratamentos desiguais.
Submeto-me ao Judiciário com zelo, respeito e obediência, como deve ser em um Estado de Direito. Somente ele, o Judiciário, pode contestar qualquer ato ou conduta que macule o ordenamento jurídico. A Constituição Federal, as leis e o regimento interno da Câmara são sim minhas únicas armas institucionais. Como a Folha escreveu, "Já chega", basta de hipocrisia sobre o meu direito constitucional de defesa.
EDUARDO CUNHA, 57, deputado federal (PMDB-RJ), é presidente da Câmara dos Deputados
Texto de Eduardo Cunha publicado hoje na coluna "Opinião" da Folha de São Paulo.
Fonte: Reaça
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