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sexta-feira, 30 de junho de 2017

O que é a Hegemonia Cultural?


O significado de hegemonia cultural parece estar relacionado com a expressão "domínio cultural", mas esse termo pode ser melhor entendido como imperialismo cultural visto que desta forma o significado se torna mais claro. 

No sistema de Gramsci, a hegemonia cultural tem o entendimento de lavagem cerebral, e ela obteve uma má publicidade quando eram os Soviéticos e os Chineses a fazê-la. Agora que ela está a ser feita a nós, o termo já não é mais usado. 

O imperialismo cultural/hegemonia cultural descreve, por exemplo, a forma como a BBC, e os média/mídia no geral (bem como a indústria educacional) têm usado a lavagem cerebral para destruir a civilização; definir as palavras que podem ou não ser usadas faz parte disso. 

A Wikipedia diz:

A hegemonia cultural é um conceito cunhado pelo filósofo [ed: melhor dizendo, subvertor] Marxista Antônio Gramsci. Ele significa que uma cultura diversa pode ser governada ou dominada por um grupo ou ....

Basicamente, isto faz parte da parcela do imperialismo Cultural e do Genocídio Cultural.

A Teoria da Hegemonia Cultural de Gramsci

A análise da hegemonia (ou do "governo") foi formulada por Antônio Gramsci para explicar o porquê das revoluções previstas pelos Comunistas não se terem verificado onde se esperava que elas ocorressem, isto é, na Europa industrializada. Marx e os seus seguidores haviam avançado com a teoria de que a ascensão do capitalismo industrial haveria de criar uma enorme classe operária e gerar recessões econômicas cíclicas.

Estas recessões bem como outras contradições dentro do capitalismo levariam a que a esmagadora maioria das pessoas e dos operários desenvolvessem organizações de auto-defesa, incluindo sindicatos de trabalho e partidos políticos.

Outras recessões e contradições levariam então a que a classe operária derrubasse o capitalismo através duma revolução, reestruturasse as instituições econômicas, politicas e sociais segundo modelos socialistas, dando assim início à transição rumo a uma eventual sociedade comunista.

Embora Marx e Engels tenham de um modo notório previsto este cenário escatológico em 1848, décadas mais tarde os operários do mundo industrializado não tinham ainda levado a cabo a sua missão. 

Gramsci alegou que o falhanço por parte dos operários de levar a cabo uma revolução anti-capitalista centrava-se na bem sucedida captura da ideologia, do auto-entendimento e das organizações dos trabalhadores por parte da cultura hegemônica (dominante), isto é, a perspectiva da classe dominante havia sido absorvida pelas massas de operários.

Nas sociedades industriais "avançadas", as inovações culturais hegemônicas tais como a escolaridade obrigatória, os meios de comunicação, bem como a cultura popular, haviam indoutrinado os operários com uma falsa consciência. 

Em vez de batalharem rumo à revolução que verdadeiramente iria servir os seus interesses colectivos, os operários das sociedades "avançadas" prestavam atenção à retórica dos líderes nacionalistas, buscavam oportunidades de consumo e estatuto de classe média, abraçando uma ethos individualista de sucesso através da competição, e/ou a aceitar a orientação dos líderes religiosos burgueses.

Devido a isto, Gramsci apelou para uma distinção estratégica entre a "guerra de posição" e "guerra de movimento". 

A guerra de posição é uma guerra cultural onde os elementos anti-capitalistas buscam formas de obter uma voz dominante nos meios de comunicação em massa, nas organizações em massa, e nas instituições educacionais, como forma de aumentar a sua consciência de classe, ensinar a análise e a teoria revolucionária, e inspirar as organizações revolucionárias. 

Depois do sucesso da guerra de posição, os líderes comunistas ficariam então fortalecidos para dar início à guerra de movimento - a real insurreição contra o capitalismo - com o apoio das massas.

Embora a análise da dominação cultural tenha sido primeiramente avançada em termos de classes econômicas, ela pode ser aplicada de um modo mais geral. A análise de Gramsci sugeria que as normas culturais dominantes não deveriam ser vistas como "naturais" ou "inevitáveis". 

Em vez disso, as normais culturais, incluindo as instituições, as práticas e as crenças - deveriam ser investigadas [ed: desconstruídas] em busca das suas raízes de dominação e da sua aplicação para a emancipação.

Gramsci não afirmou que a hegemonia era monolítica ou unificada. Em vez disso, a hegemonia foi descrita como uma camada complexa de estruturas sociais. Cada uma destas estruturas têm a sua "missão" e cada uma destas estruturas tem a sua lógica interna que permite que os seus membros atuem de um modo distinto do comportamento levado a cabo pelos membros de outras estruturas. 

No entanto, e tal como um exército, cada uma destas estruturas assume a existência de outras estruturas e por virtude das suas missões distintas, cada uma é capaz de amalgamar e produzir uma estrutura que tem uma missão mais global.

Esta missão mais alargada normalmente não é exatamente a mesma da missão de cada um dos grupos mais pequenos, mas ela assume-as e subsume-as. A hegemonia opera do mesmo modo. Cada pessoa vive a sua vida de uma forma que é significativa nos seus próprios ambientes, e, para esta pessoa, as partes distintas da sociedade parecem não ter muito em comum com ela. Mas se analisarmos as coisas como um todo, cada vida individual contribui também para a hegemonia mais alargada da sociedade.

A diversidade, a variação e o livre arbítrio parecem existir visto que a maior parte das pessoas observa o que elas acreditam ser uma pletora de circunstâncias distintas, mas elas falham ao não se aperceberem do padrão mais alargado de hegemonia criado a partir da união destas circunstâncias. 

Através da existência de pequenas e distintas circunstâncias, uma hegemonia em camadas é mantida sem ser reconhecida pelas muitas pessoas que vivem nela. (Ver: Cadernos do Cárcere, págs. 233-38.)

Em tal hegemonia, o senso comum individual, que está fragmentado, é eficiente para ajudar as pessoas a lidar com as pequenas e mundanas atividades do dia a dia. Mas o senso comum inibe também a sua habilidade de se aperceber da mais alargada natureza sistêmica da exploração e da hegemonia. As pessoa focam-se nas preocupações e nos problemas imediatos em vez de se focarem nas fontes mais fundamentais da opressão social (...).

A influência de Gramsci


Embora os esquerdistas tenham sido os utilizadores primários desta arma conceptual, as atividades dos movimentos conservadores organizados também se baseiam em tal conceito. Isto foi visto, por exemplo, nos esforços levados a cabo pelos Cristãos evangélicos para obter o poder dentro dos conselhos escolares durante os anos 90, e, como tal, para poderem determinar o currículo.

Patrick Buchanan, num discurso amplamente, falado dado em 1992 numa Convenção do Partido Republicano, usou o termo "guerra cultural" para descrever a luta social e política a ocorrer nos Estados Unidos.

A teoria em torno da hegemonia cultural afetou profundamente o Eurocomunismo, as ciências sociais e as estratégias dos ativistas. Na ciência social a aplicação do conceito da hegemonia na análise dos tratados mais importantes (tais como os de Michel Foucault) tornou-se aspecto importante da sociologia, da ciência política, da antropologia, bem como de outros estudos culturais. 

Na educação o conceito da hegemonia levou ao desenvolvimento da "Pedagogia Critica".

Phonte: Marxismo Cultural

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