Unico SENHOR E SALVADOR

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terça-feira, 6 de março de 2018

Estudo Bíblico - A Destruição de Damasco em Isaías 17.

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Assina Frank Brito


“Peso de Damasco. Eis que Damasco será tirada, e já não será cidade, antes será um montão de ruínas”. (Isaías 17:1)

Por conta das ameaças recentes dos Estados Unidos contra a Síria, diversas pessoas me perguntaram se isso não levaria ao cumprimento da profecia de Isaías 17. Se Damasco, a capital da Síria, será destruído em algum momento no futuro, não creio ser possível saber. Deus pode destruir a nação que Ele quiser, quando Ele quiser, da forma que Ele quiser. E também pode fazer com que nações anteriormente destruídas sejam reconstruídas. 

Depois do acordo com a Síria obtido hoje por Barack Obama, é difícil saber as reais possibilidades dos Estados Unidos entrarem em guerra contra a Síria. O ponto é que, independente do que venha a acontecer com a Síria, isso nada tem a ver com a profecia de Isaías 17 simplesmente porque esta profecia já se cumpriu há cerca de 2700 anos.

Entendendo o contexto


Para um bom entendimento da ameaça de Isaías 17, é preciso entender o que o resto do livro diz sobre Damasco e sobre sua relação com o Reino de Israel:

“Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas nada puderam contra ela. E deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim. 

Então se moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento. Então disse o SENHOR a Isaías: Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Acaz, ao fim do canal do tanque superior, no caminho do campo do lavandeiro. 

E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias. Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo: Vamos subir contra Judá, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeal. Assim diz o Senhor DEUS: 

Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá. Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo“. 
(Isaías 7:1-8)

Nessa época, a descendência de Abraão estava dividida entre o Reino do Norte (“Reino de Israel”) e o Reino do Sul (“Reino de Judá”). Jerusalém era a capital do Reino de Judá e Samaria, que ficava na tribo de Efraim, era a capital do Reino de Israel. 

O livro de Isaías nos informa que o Reino de Israel havia feito uma aliança com a Síria para atacar o Reino de Judá. Neste contexto, Isaías profetizou sobre a destruição que viria sobre o Reino de Israel, “… dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo”. Até aqui, ele não faz qualquer menção de destruição contra a Síria.

Ele fala de uma aliança iníqua entre o Reino de Israel e a Síria, mas ele ameaça somente o Reino de Israel. No capítulo seguinte, vemos uma ameaça mais clara contra os dois:

“E fui ter com a profetiza, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o SENHOR me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria". 
(Isaías 8:3-4)

Aqui, então, o profeta deixa claro que tanto o Reino de Israel (cuja capital era Samaria) quanto a Síria (cuja capital era Damasco) seriam atacados pela Assíria. Esse é o contexto para entender a profecia do capítulo 17:

“Peso de Damasco. Eis que Damasco será tirada, e já não será cidade, antes será um montão de ruínas. As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de ser para os rebanhos que se deitarão sem que alguém os espante. E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o restante da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o SENHOR dos Exércitos”. 
(Isaías 17:1-3)

Claramente, o profeta não estava se referindo a uma destruição no futuro distante. O contexto era a aliança iníqua entre o Reino de Israel e a Síria. Deus estaria se vingando dos dois povos pela apostasia do Reino de Israel e pela aliança que eles fizeram contra o Reino de Judá. O Reino da Síria, cuja capital era Damasco, chegaria ao fim. E como o Isaías 8 deixa claro, a vingança aconteceria por meio da Assíria.

O cumprimento


Isaías 17 se cumpriu no oitavo século antes de Cristo. A própria Bíblia narra essa vingança de Deus contra o Reino do Norte (“O Reino de Israel”) por meio da Assíria:

“Porque o rei da Assíria subiu por toda a terra, e veio até Samaria, e a cercou três anos. No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala e em Habor junto ao rio de Gozã, e nas cidades dos medos, Porque sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o SENHOR seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a outros deuses. 

E andaram nos estatutos das nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis de Israel, que eles fizeram. E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o SENHOR seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos atalaias até à cidade fortificada. E levantaram, para si, estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as árvores verdes. E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações, que o SENHOR expulsara de diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o SENHOR. E serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes dissera: Não fareis estas coisas. 

E o SENHOR advertiu a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a Lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas. Porém não deram ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não creram no SENHOR seu Deus. 

E rejeitaram os seus estatutos, e a sua aliança que fizera com seus pais, como também as suas advertências, com que protestara contra eles; e seguiram a vaidade, e tornaram-se vãos; como também seguiram as nações, que estavam ao redor deles, das quais o SENHOR lhes tinha ordenado que não as imitassem. E deixaram todos os mandamentos do SENHOR seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e adoraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal. 

Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocarem à ira. Portanto o SENHOR muito se indignou contra Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou". 
(II Reis 17:5-18)

Um capítulo antes, II Reis fala do ataque da Assíria contra Damasco e coloca o acontecimento no mesmo contexto que o livro de Isaías:

“No ano dezessete de Peca, filho de Remalias, começou a reinar Acaz, filho de Jotão, rei de Judá. Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém, e não fez o que era reto aos olhos do SENHOR seu Deus, como Davi, seu pai. 

Porque andou no caminho dos reis de Israel, e até a seu filho fez passar pelo fogo, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou, e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de todo o arvoredo. 

Então subiu Rezim, rei da Síria, com Peca, filho de Remalias, rei de Israel, a Jerusalém, para pelejar; e cercaram a Acaz, porém não o puderam vencer. Naquele mesmo tempo Rezim, rei da Síria, restituiu Elate à Síria, e lançou fora de Elate os judeus; e os sírios vieram a Elate, e habitaram ali até ao dia de hoje. E Acaz enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim. 

E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do SENHOR, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria. E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a e levou cativo o povo para Quir, e matou a Rezim". 
(II Reis 16:1-9)

O historiador Flávio Josefo narrou esse fato histórico em sua obra, “História dos Hebreus”:

“Depois de tão grande perda, Acaz, rei de Judá, enviou embaixadores com ricos presentes a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, para pedir-lhe socorro contra os israelitas, os sírios e os damasquinos, prometendo-lhe uma grande quantia de dinheiro. O soberano veio em pessoa com um poderoso exército, devastou toda a Síria, tomou a cidade de Damasco e matou Rezim, que era o seu rei“. (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Capítulo 12, seção 3)

Alguns argumentam que esse não pode ter sido o cumprimento da profecia porque Damasco ainda existe hoje. Mas o fato de Deus jugar um povo não significa necessariamente que jamais possa haver reconstrução:

“E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto. Ainda que Edom diga: Empobrecidos estamos, porém tornaremos a edificar os lugares desolados; assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o SENHOR está irado para sempre”. 
(Malaquias 1:3-4)

Aqui nós temos o exemplo de Edom, que foi destruído, reconstruído e depois destruído de novo. A destruição profetizada em Isaías 17 se cumpriu especificamente no oitavo século antes de Cristo. Isso não significa que Damasco jamais poderia ser novamente reconstruído e destruído. 

A questão é Isaías 17 estava se referindo a uma destruição específica, em uma circunstância histórica específica. Independente do que venha a acontecer com a Síria moderna, a profecia de Isaías 17 é sobre aquilo que já se cumpriu há cerca de 2700 anos quando Deus acabou com o Reino do Norte e com o Reino da Síria depois da aliança que fizeram contra o Reino de Judá.

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