ROMA - Vale tudo para melhorar os números da economia? Parece que, na Itália — o berço da máfia —, sim. A partir do ano que vem, a riqueza gerada por atividades ilegais, como prostituição, tráfico de drogas, contrabando de cigarro e álcool, será contabilizada no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos em um país), conforme orientação recente da União Europeia para facilitar a comparação no desempenho das economias do bloco. Além disso, os dados de anos anteriores serão ajustados de modo a incluir essas atividades e a mudança na metodologia.
Quatro recessões nos últimos 13 anos levaram o PIB italiano a uma queda de 1,9% em 2014, para € 1,56 trilhão — 2% menor que em 2001, descontando a inflação no período. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (Istat), a revisão da composição foi feita de acordo com as regras da União Europeia.
O governo do primeiro-ministro Matteo Renzi tem o compromisso de reduzir o déficit da Itália para 2,6% do PIB este ano, uma tarefa mais fácil se o resultado for turbinado por uma economia paralela até então fora das estatísticas.
Mas colocar a nova metodologia em prática não será fácil, já que essas atividades são ilegais e suas movimentações não são informadas ao governo. Em 2012, o Banco da Itália estimou o valor da economia do crime em 10,9% do PIB do país.
— Apesar de ser difícil quantificar, é óbvio que haverá um impacto positivo no PIB — afirmou Giuseppe Di Taranto, economista e professor da Universidade Luiss, de Roma.
O Eurostat, instituto de estatísticas da União Europeia, estimou que o impacto no tamanho do PIB da Itália será de 1% a 2%. A perspectiva do governo é que a economia cresça 1,3% em 2015.
Região cresceria mais se outros adotassem medida
Ainda de acordo com o Eurostat, se outros países adotassem a mudança, com a inclusão de atividades ilícitas no cálculo do PIB, teriam uma taxa de crescimento média de 2,4%.
As maiores evoluções ficariam com Finlândia e Suécia, com aumentos de 4% a 5% no tamanho de seus PIBs, seguidas de Áustria, Reino Unido e Holanda, com altas de 3% a 4%.
A economia da Itália, terceira maior da zona do euro, encolheu em 2012 e 2013. Nos três últimos meses do ano passado, o PIB deu sinais de recuperação, registrando crescimento.
Porém, já no primeiro trimestre de 2014, a variação registrou queda de 0,1%. Segundo pesquisa feita pela Reuters, no início deste ano, o PIB italiano subiria apenas 0,6% em 2014, contra uma previsão governamental de evolução da economia de 0,8%.
Em abril, o governo italiano aprovou decreto reduzindo o Imposto de Renda de cerca de 10 milhões de italianos que ganham entre € 8 mil e € 26 mil por ano. A medida em grande parte será financiada por cortes de gastos permanentes.
O GLOBO
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