Unico SENHOR E SALVADOR

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Por que esconder a real intenção da Teologia da Missão Integral?

Valdir Steuernagel, colunista da revista Ultimato, tenta dar roupagem do Evangelho à TMI

Julio Severo
Teólogos de igrejas protestantes históricas têm falado e se comportado como se o Evangelho hoje tivesse falta de uma integralidade que supostamente Jesus e seus apóstolos conheciam, mas nós hoje desconhecemos. Por integralidade eles entendem apenas aspectos materiais de caridade, como comida, bebida, roupas, etc.
Sua pregação sobre integralidade, manifesta em sua Teologia da Missão Integral, faz parecer que Jesus passava metade do tempo pregando o Evangelho e a outra metade fazendo caridade material. Faz parecer que sem essa caridade, o Evangelho não é integral e que toda pregação do Evangelho tem de vir obrigatoriamente acompanhada de caridade material.
Se tais teólogos modernos de fato estivessem tentando resgatar algo que a Igreja original de Jesus tinha e a Igreja de hoje não tem, a motivação seria justa. Se Jesus e seus apóstolos passavam o tempo pregando e fazendo caridade material, seria justo imitarmos.
Entretanto, a caridade material não acompanhava o Evangelho original. A caridade vinha depois do Evangelho e discipulado, conforme a necessidade e sob condições muito rígidas. O que vinha sempre acompanhando o Evangelho era a misericórdia de Jesus pelos pobres, e essa misericórdia era plenamente manifestada no modo como ele passava seu tempo inteiro com os pobres: pregando o Evangelho, curando os enfermos, expulsando demônios, etc.
Essa caridade espiritual, conforme praticada por Jesus, estava acima da caridade material e recebia, em sua ministração terrena, tempo quase que igual ao tempo da pregação do Evangelho. Daí, pelo exemplo de Jesus, o que faz parte integral do Evangelho é sua proclamação e a caridade espiritual, que sempre envolve curas e expulsão de demônios. Proclamação e caridade espiritual andam juntas. Essa é a verdadeira integralidade do Evangelho. Qualquer outra forma, diferente do que Jesus fazia e ensinava, é outro evangelho.
Entretanto, teólogos de igrejas protestantes históricas têm se comportado como se a Igreja Evangélica tivesse de ter como prioridade dar pão aos pobres e, para essa finalidade, não se envergonham de fazer alianças com ideologias e governos socialistas, como se o lado prático do Evangelho do Reino de Deus fosse apenas assistencialismo aos pobres. Mas o que Jesus disse foi: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8 ACF)
Pouquíssimas vezes Jesus alimentou os pobres, e Ele ensinou de forma bem clara que comida e roupa nunca deve ser a prioridade das nossas vidas, muito menos a busca de governos terrenos que forneçam comida e roupa. O que ele ensinou foi: “Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33 KJA) “Todas as outras coisas” é comida, bebida, roupas e tudo o mais.
Buscar o Reino de Deus, que significa o Governo de Deus, é prioridade do seguidor de Jesus. Mas, nestes últimos dias em que as igrejas protestantes históricas estão fortemente pendendo para apoio ao aborto, ao homossexualismo e a boicotes contra Israel, uma teologia ideológica tem se alastrado há décadas nessas igrejas que, na essência, diz: “Busquem em primeiro lugar um governo humano e suas políticas assistencialistas.” Pior ainda, tais teólogos, cheios de um espírito de vento de doutrina estranha, ousam comparar essa busca de um governo terreno com o próprio Reino de Deus, quando a Palavra de Deus diz bem o contrário: “Porquanto o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (Romanos 14:17 KJA)
Por isso, Jesus Cristo, o maior proclamador do Reino de Deus, não passava seus dias de ministério alimentando os pobres, nem mesmo usando ajuda aos pobres como desculpa para fazer alianças com o governo de Pilatos, Herodes, etc. Pelo contrário, ele passava seus dias de ministério curando os enfermos, purificando os leprosos, expulsando demônios e realizando muitas outras maravilhas.
E a ordem dEle para seus discípulos, que estariam proclamando o Evangelho do Reino de Deus no meio de milhares de pobres, era a mesma: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8 ACF)
O lado prático fundamental do Evangelho do Reino de Deus é isso. Jesus passava a maior parte de seu tempo fazendo isso no meio de multidão de pobres. Os apóstolos eram apenas imitadores de Jesus.
Aliás, a ordem de Jesus foi: “Por onde forem, preguem esta mensagem: ‘O Reino dos céus está próximo’. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça.” (Mateus 10:7-8 NVI)
O sinal da chegada do Reino de Deus não é a manifestação de um governo socialista ou políticas socialistas, conforme proclamam os teólogos cheios do espírito da estranha doutrina da Teologia da Missão Integral (TMI). O único sinal da chegada do Reino é a manifestação da autoridade que Jesus deu aos seus proclamadores do Evangelho: doentes sendo curados, mortos sendo ressuscitados, leprosos sendo purificados e pessoas oprimidas sendo libertas de demônios.
Com esse Evangelho verdadeiro e original, os oprimidos são libertos.
Sobre alimentar os pobres, Jesus o fez por milagres, nunca com ajuda de governos terrenos, nunca tirando o dinheiro de ninguém por meio de impostos ou não, nunca fazendo aliança ou parceria com governos terrenos (prática comum entre teólogos da TMI, que assinam manifestos a favor de governos socialistas, fazem parcerias, etc.), nunca colocando isso como se fosse o centro do lado prático do Evangelho. E os apóstolos imitaram.
E quando tinham de alimentar os pobres, a política da Igreja Apostólica era ajudar as viúvas, que eram os seres humanos mais pobres e desamparados. Mas era uma política apostólica com muitas restrições: apenas as viúvas que tinham mostrado bom testemunho durante sua vida estavam qualificadas para receber ajuda. Nada de ajuda indiscriminada. Nada de ajudar materialmente pobres sem caráter e sem moral. Nada de buscar alianças com Herodes e Pilatos. Nada de colocar o Evangelho a serviço de uma ideologia que aparenta ser um anjo de luz para os pobres. Esse era o sistema dos apóstolos de Jesus.
Contudo, muitos teólogos modernos querem que a Igreja moderna revogue as restrições apostólicas e faça alianças com os Herodes e Pilatos modernos— por amor a um assistencialismo indiscriminado aos pobres. Querem isso como foco da Igreja, distanciando-a assim da Igreja Primitiva e de seu foco na cura e libertação dos pobres e oprimidos por meio da miraculosa compaixão divina.
Tais teólogos, que aparentam ser anjos de luz, invertem o significado do Reino de Deus, que não é comida nem bebida, fazendo-o parecer um Grande Governo Socialista Assistencialista.
Tais teólogos secos, muitos dos quais não possuem e ainda desprezam os dons sobrenaturais do Espírito Santo e não praticam o “Curai enfermos e expulsai demônios,” trabalham para alterar a imagem do Reino de Deus, transformando-o do que Jesus apresentou — um Reino que traz libertação e milagres —, para um Reino conforme a imagem e semelhança do socialismo.
Eles cometem três graves pecados, 1) torcem o Evangelho para parecer o que nunca foi, um mero “evangelho” de assistencialismo humano e carnal; 2) fazem o Reino de Deus parecer o que nunca foi: um sistema dedicado a dar comida e roupa aos pobres; e 3) fazem o socialismo parecer o que nunca foi: um sistema apenas de ajuda aos pobres e parecido com o Reino de Deus.
Esse não é o exemplo que Jesus deixou, mas é o exemplo dos modernos teólogos, cuja prioridade é o assistencialismo.
Em contraste, a prioridade de Jesus sempre foi proclamar o Evangelho. Curar enfermos, expulsar demônios e destruir as obras do diabo sempre foi parte essencial dessa proclamação e é a expressão da misericórdia do Pai celestial para com os pobres e oprimidos. O assistencialismo (comida e bebida) é parte da caridade, mas não essência nem do Reino de Deus nem do Evangelho.
Entretanto, havia outro contraste: Jesus não tinha nenhum salário do governo de Herodes ou Pilatos para “defender” os pobres ou aproximar os cristãos desses governos. Mas os teólogos modernos têm todos os tipos de envolvimentos e motivações para “defender” os pobres. Uns, recebem salário do governo. Um deles recebe mais de 15 mil reais por mês do governo de Dilma Rousseff. Outros recebem para ficar viajando pelo mundo, hospedados em bons hotéis, para participar de infindáveis consultas teológicas para mudar o Evangelho do Reino de Deus em algo que nunca foi: uma mensagem conforme a imagem e semelhança do socialismo.

Dissecando a entrevista do Rev. Valdir Steuernagel na revista Ultimato

Em seu artigo recente “A Missão Integral nem é tão integral assim!” publicado na revista Ultimato, o Rev. Valdir Steuernagel, busca defender a Teologia da Missão Integral (TMI) como uma teologia “a serviço do Reino de Deus.”
Não conseguiremos, pois, entender a TMI sem compreender o que é o Reino de Deus. Por isso, para avaliarmos as razões que levam Steuernagel a identificar a TMI como algum tipo de expressão do Reino de Deus, apresentaremos suas declarações, conforme publicadas em seu artigo na Ultimato, seguidas de meus comentários:
Valdir Steuernagel: Os meus primeiros encontros com a MI se deram enquanto estudava teologia numa instituição de corte liberal.
Julio Severo: Não estou surpreso de Steuernagel ter conhecido a TMI enquanto estava estudando teologia numa instituição liberal. Aliás, sua própria denominação — Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) — tem uma cúpula que não tem vergonha de adotar a Teologia da Libertação. O Rev. Walter Altmann, que já foi presidente da IECLB, é moderador do Conselho Mundial de Igrejas e defensor público da Teologia da Libertação. A Escola Superior de Teologia (EST), a maior instituição de teologia da IECLB, já teve Luiz Mott, o maior ativista gay do Brasil, como palestrante.
Valdir Steuernagel: A Fraternidade Teológica Latino-Americana, que foi o lugar maior onde a teologia da MI foi gestada, começou a surgir no primeiro Congresso Latino-Americano de Evangelização (CLADE I), realizado em Bogotá, Colômbia, em 1969.
Julio Severo: Esse é um ponto interessante. Steuernagel afirma que a TMI foi gestada na Fraternidade Teológica Latino-Americana. Numa entrevista recente na TV Mackenzie, um professor de teologia do Mackenzie, que por incompetência acadêmica buscou desvincular a TMI de suas ligações marxistas, disse: “os proponentes da TMI têm relacionado a TMI com determinados movimentos e organizações, que são geradores da Teologia da Libertação, que têm declaradamente um fundo marxista, como a Fraternidade Teológica Latino Americana.” O que temos aqui bem simples é a declaração de um professor do Mackenzie que, mesmo a contragosto, reconhece que a Fraternidade Teológica Latino-Americana tem fundo marxista e gerou a Teologia da Libertação. E temos a declaração de Steuernagel de que a Fraternidade Teológica Latino-Americana também gerou a TMI. Mas nenhum dos dois quer reconhecer que a TMI tem fundo marxista, tem ligação com a Teologia da Libertação, etc. Sobre o Clade, meu e-book “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade”diz: “Em1969, ao participar do CLADE (Congresso Latino-Americano de Evangelização), Wagner distribuiu seu livro que afirmava que a missão da igreja é priorizar a salvação pessoal e destacava a teologia esquerdista como perniciosa.” Peter Wagner estava lá no Clade, e aproveitou para distribuir seu livro contra o marxismo, porque ele viu que o que estava sendo gerado ali era conforme a imagem e semelhança do socialismo. Portanto, podem dizer que o nascimento da TMI foi inocente e espiritual, mas Wagner estava ali, como importante testemunha histórica com a devida formação acadêmica e teológica, para dizer que a história não é bem assim como os adeptos da TMI fantasiam.
Valdir Steuernagel: Assim, a MI nasceu no berço das Escrituras… a discussão em torno da influência marxista na teologia da MI é muito fora de foco.
Julio Severo: Primeiro, Steuernagel afirma que a TMI nasceu na Fraternidade Teológica Latino-Americana. Agora, ele muda o foco, dizendo que a TMI “nasceu no berço das Escrituras” — como se a Fraternidade Teológica Latino-Americana, que gerou a Teologia da Libertação (que contamina toda a IECLB de Steuernagel), fosse as “Escrituras”! Ora, dizer que a TMI nasceu das Escrituras equivale à declaração absurda de que a Teologia da Libertação nasceu do mesmo lugar. O Bispo Robinson Cavalcanti, que era também colunista da Ultimato (exatamente como Steuernagel) e amigo de Steuernagel , já havia declaradoque a Teologia da Missão Integral é a versão evangélica da Teologia da Libertação. Por que então tentar disfarçar e maquiar o que é óbvio?
Valdir Steuernagel: Em 1972, eu passei um mês aos pés de pessoas como René Padilla e Samuel Escobar. Aquele mês tornou-se inesquecível para mim por ter sido altamente formador na minha vida.
Julio Severo: Em 1969, René Padilla e Samuel Escobar foram confrontados por Peter Wagner, que corretamente identificou a proposta deles — a TMI — como esquerdista. O que aconteceria se Steuernagel tivesse passado um mês aos pés de Jesus Cristo, em vez de aos pés de meros mortais como Padilla e Escobar? Tenho certeza de que teria sido uma experiência inesquecível e “altamente formadora da vida” dele. Somos moldados quando escolhemos ficar aos pés de alguém ou de uma ideologia. Pena que a escolha de Steuernagel não foi Jesus e a integralidade original do Evangelho com curas e libertações.
Valdir Steuernagel: O foco [da TMI] de fato era o evangelho do reino de Deus e sua vivência na realidade circundante.
Julio Severo: Se você é honesto, não dá para dizer que o foco da TMI é o Evangelho do Reino. O próprio Jesus mostrou o foco desse Evangelho: “Havendo Jesus convocado os Doze, concedeu-lhes poder e completa autoridade para expulsar todos os demônios, assim como para realizarem curas. Igualmente os enviou para proclamar o Reino de Deus e curar os doentes.” (Lucas 9:1-2 KJA) Jesus mostrou e demonstrou o que é o verdadeiro Evangelho integral, não mutilado: pregar o Evangelho de Reino de Deus com demonstração de curas e expulsão de demônios. Qualquer proclamação do Evangelho sem o acompanhamento necessário da demonstração — conforme Jesus Cristo, não teólogos que usam e abusam de Seu nome — é parcial. O foco é a misericórdia divina, não a “misericórdia” ideológica.
Valdir Steuernagel: A caminhada evangélica em torno do conceito da MI percebeu que emergia fortemente no continente aquilo que se chamou de Teologia da Libertação. Essa teologia ajudou a desvendar a realidade deste continente, perguntou pelo lugar da igreja nele e se propôs fazer uma releitura do evangelho desde a perspectiva daquele que havia sido historicamente excluído nas andanças continentais. Para analisar essa realidade, muitos teólogos da libertação fizeram uso do instrumental marxista, enquanto outros fizeram uso também da proposta revolucionária articulada a partir do marxismo. Os detentores da teologia da MI discerniram a importância de entrar em diálogo crítico com a Teologia da Libertação, sem deixar de afirmar os princípios básicos de uma fé evangélica.
Julio Severo: O comentário de Steuernagel faz parecer que foi somente com o surgimento da Teologia da Libertação, na década de 1960, que a Igreja Cristã aprendeu a lidar com os pobres. Isso pode ser verdade com relação à igreja dele, a IECLB, e outras igrejas tradicionais. Mas ao verem a Igreja de Cristo apenas como representada por tais igrejas históricas, Steuernagel e outros excluem os pentecostais, que décadas antes da Teologia da Libertação e sua versão evangélica, a TMI, já estavam diretamente envolvidos com os pobres, praticando o único Evangelho que Jesus ensinou: proclamando o Evangelho do Reino de Deus e curando enfermos e expulsando demônios. Antes do vento da doutrina estranha da TMI soprar nas igrejas históricas na década de 1960, igrejas pentecostais já estavam sendo plantadas no meio dos pobres uns 50 anos antes, muitas vezes pastoreadas por pastores vindo do meio da pobreza. Eles eram excluídos pelas igrejas protestantes históricas e pregavam um Evangelho com curas e libertação que igualmente sofria exclusão das igrejas protestantes históricas. Agora, Steuernagel e outros teólogos querem que esse Evangelho verdadeiro seja suplantado por um “evangelho” que meramente imita as ideias de Karl Marx ou substitua a demonstração por uma ação social político-ideológica nunca ensinada nem praticada por Jesus? O pior de tudo é que Steuernagel nunca reconhece que a TMI tem um fundo marxista e teve um nascimento esquerdista. Por que disfarçar tanto? Por que mascarar tanto? “Deus é luz; nele não existe a mínima sombra de treva. Se afirmarmos que temos comunhão com Ele, mas caminharmos nas trevas, somos mentirosos e não praticamos a verdade. (1 João 1:5-6 KJA)
Valdir Steuernagel: Também se pode afirmar que a voz latino-americana foi chave para que uma compreensão de missão que fosse integral viesse a marcar presença no Pacto de Lausanne… E, em tempos recentes, a MI ganhou muito mais presença no próprio Movimento de Lausanne, ao ponto de ser abraçada como “integral mission” pelo Compromisso da Cidade do Cabo, de cuja redação eu mesmo tive a oportunidade de participar. Outros esforços globais como o “Micah Challenge” (Desafio Miquéias) e a “Micah Network” (Rede Miquéias) expressam muito bem que há uma caminhada global na vertente desta compreensão e missão.
Julio Severo: O fato de que frequentemente os adeptos da TMI usam e abusam do Pacto de Lausanne para respaldar sua teologia ideológica não é coincidência. Em seu debate recente no programa “Academia em Debate” da TV Mackenzie, Jonas Madureira, apesar de ser doutor em filosofia e um especialista acadêmico, demonstra desconhecer uma ligação entre TMI e Lausanne. É também uma demonstração de incompetência acadêmica, pois Valdir Steuernagel removeu todas as sombras e dúvidas, deixando claro que 1) a TMI marcou presença no Pacto de Lausanne, 2) a TMI está ganhando muito mais presença no movimento Lausanne, e 3) o próprio Steuernagel diz que ajudou a redigir o último Pacto de Lausanne, dando-lhe, é claro, mais conteúdo de TMI. Lausanne tornou-se, em essência, um movimento sequestrado por uma ideologia. Quanto ao Micah Challenge, entidade internacional que Steuernagel diz estar envolvida em esforços globais da TMI, a única parceira brasileira dessa entidade é a ANAJURE, que faz parte também da Aliança Evangélica Mundial, na qual Steuernagel ocupa papel de destaque. Se Madureira, que é um dos professores de teologia do Mackenzie, tem dificuldade de ver TMI em Lausanne, dá para estranhar que a ANAJURE, repleta de professores do Mackenzie, não consiga ver nenhuma TMI e ecumenismo no Micah ou na Aliança Evangélica Mundial? O apresentador do programa “Academia em Debate” da TV Mackenzie foi o Rev. Augustus Nicodemus, que é presidente do Conselho Consultivo Referencial da ANAJURE, uma responsabilidade que lhe impõe dar bons conselhos para a entidade. Mas, embora tenha tentado mostrar oposição acadêmica a TMI no programa, não se sabe o papel e conselhos de Nicodemus no momento em que a ANAJURE estava se tornando parceira do Micah Challenge, que está na órbita da TMI, conforme Steuernagel, que também é da TMI. Quem sabe não foram outros conselhos? Um membro simultâneo da ANAJURE e Mackenzie é também pregador da TMI e Teologia da Libertação: Ricardo Bitun. Onde há elementos da TMI, a contaminação é certa.
Valdir Steuernagel: A MI, de fato, nem é tão integral assim. Aliás, nada do que fazemos é “tão integral assim” e todos só sabemos e só falamos em parte, como o próprio apóstolo Paulo nos ensina.
Julio Severo: O comentário de Steuernagel de que a TMI é como “todos só sabemos e só falamos em parte, como o próprio apóstolo Paulo nos ensina” traz um ponto fascinante, com base em 1 Coríntios 13. Alguns protestantes tradicionais — que são os maiores proclamadores da TMI — não conseguem evitar usar e abusar de 1 Coríntios 13 para proclamar que os dons sobrenaturais do Espírito Santo, inclusive profecias, cessaram. Daí, eles sempre tiveram, para os pobres pentecostais (pobres literalmente, especialmente no início do século XX, quando o vento estranho da TMI estava muito longe de soprar no Brasil), a resposta “teologicamente correta” para combater o pentecostalismo durante décadas. Mas não usam e abusam de 1 Coríntios 13 para dar o mesmo tratamento para a TMI. Usam e abusam da Bíblia para secar e proibir o que Deus deu. E ao mesmo tempo usam e abusam da Bíblia para proclamar uma ideologia que nunca fez parte do Evangelho do Reino de Deus ensinado por Jesus Cristo.
Valdir Steuernagel: Ainda que “formado na escola da MI”, eu tenho procurado avaliá-la criticamente e percebido áreas nas quais ela precisa refletir. Entre estas, eu ressaltaria: a busca por expressões de uma espiritualidade que leve mais em conta o coração e não só a mente.
Julio Severo: O problema que vejo é que os adeptos da TMI fazem tantas reflexões teológicas e os resultados geralmente são ideológicos. Afinal, ideologia gera ideologia. A melhor expressão de espiritualidade é buscar o coração do Pai. Isso Jesus fazia. Isso Ele ensinou aos seus apóstolos, que viviam a seus pés. Resultado: Eles pregavam o Evangelho e curavam os doentes e expulsavam demônios. Não era trabalho e demonstração da mente terrena, da teologia terrena e seca. Era demonstração do coração do Pai para os pobres.
Valdir Steuernagel: Ainda que “formado na escola da MI”, eu tenho procurado avaliá-la criticamente e percebido áreas nas quais ela precisa refletir. Entre estas, eu ressaltaria: …que deixe de ser um fenômeno fortemente de classe média, como o são muitas de nossas igrejas históricas, e encontre o caminho da popularização e da carismatização.
Julio Severo: Querendo ou não, Steuernagel fez um reconhecimento importante: a TMI é um “fenômeno” de classe média e de igrejas históricas (presbiteriana, luterana, metodista e outras igrejas fortemente afetadas pelo liberalismo teológico e compostas pela classe média e alta). O elitismo da TM (forte presença da classe média e forte ausência dos pobres) já foi notado pelo Dr. Fábio Blanco em seu artigo “Elitismo na Teologia da Missão Integral.” Esse problema foi também observado pelo filósofo Luiz Felipe Pondé, que disse: “A igreja católica de esquerda fez a opção pelos pobres, mas os pobres fizeram a opção pelo neopentecostalismo.” Mesmo assim, Steuernagel tem esperança de que a TMI se popularize, isto é, se torne amplamente aceita pelos pobres. O que acontece quando uma teologia socialista se torna “popular”? Sob possessão do demônio da Teologia da Libertação, a CNBB e seus bispos esquerdistas ajudaram a fundar o PT. A TMI não vai fazer melhor do que sua irmã ideológica, cujos filhotes vivem abraçados aos primos. 
Quanto a uma carismatização da TMI, se por carisma Steuernagel entende os dons sobrenaturais do Espírito Santo (fenômenos de Deus que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana não tem em sua história e prática pastoral, especialmente nesta alta temporada de Teologia da Libertação), por que se preocupar em dar autoridade espiritual a uma ideologia disfarçada de teologia? Deus deu os dons sobrenaturais para proclamarmos com eficácia o Evangelho do Reino de Deus. Ele não nos deu esses dons para espalharmos melhor uma ideologia que mediocremente imita o Evangelho.
No final do artigo da Ultimato, há uma descrição de quem é Valdir Steuernagel: “teólogo sênior da Visão Mundial Internacional. Pastor luterano, é um dos coordenadores da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e um dos diretores da Aliança Evangélica Mundial e do Movimento de Lausanne.”
Visão Mundial: Meu livro “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade” revela que o Segundo Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE2, 2003), evento financiado pela Visão Mundial para reunir as lideranças da Teologia da Missão Integral, estava perplexo e triste com o avanço do neopentecostalismo e sua teologia da prosperidade, que estavam frustrando os projetos dos progressistas para os pobres. Recentemente, a Visão Mundial quase escorregou numa postura de apoio a funcionários envolvidos em “casamento” gay, sinalizando que o liberalismo teológico pode já estar minando as bases cristãs dessa organização.
Aliança Cristã Evangélica Brasileira: Sob a liderança de Ariovaldo Ramos, que disse que o ditador socialista Hugo Chávezdeixou o mundo melhor, a Aliança Evangélica firmou uma parceria com o governo do PTem fevereiro de 2013. O evento ocorreu na Igreja Presbiteriana de Brasília (IPB). O evento é consequência típica da mentalidade TMI.
Aliança Evangélica Mundial: Entidade que tem buscado, junto com o Conselho Mundial de Igrejas, um maior entrosamento do ecumenismo. Essa ponte está bem facilitada com a presença de Steuernagel, que pode dialogar com seu colega denominacional, Walter Altmann, no Conselho Mundial de Igrejas. Afinal, embora de organizações internacionais diferentes, ambos são ecumênicos e da IECLB. A Aliança Evangélica Mundial tem tido abertura para promotores da Teologia da Libertação Palestina.
Movimento de Lausanne: Ao contrário do que acreditam acadêmicos mal-informados ou mal-preparados, Lausanne desde o início estava sob a influência da TMI, conforme comprovam as declarações e a própria presença de Steuernagel nesse movimento.
Steuernagel é pastor da IECLB, uma denominação protestante histórica ativamente envolvida na Teologia da Libertação, Teologia da Missão Integral e ecumenismo. Sua presença como líder na Visão Mundial Internacional, Aliança Cristã Evangélica Brasileira, Aliança Evangélica Mundial e Movimento de Lausanne só comprova que a TMI está alastrando sua influência na cúpula evangélica nacional e internacional, trazendo como consequência inevitável o fortalecimento do liberalismo teológico e uma tentativa herética de substituir a demonstração do Evangelho do Reino de Deus por uma ação social de base cinicamente socialista.
Durante décadas, o ambiente mais aberto à TMI era o ambiente protestante tradicional mais fechado aos dons sobrenaturais do Espírito Santo. A TMI se expandiu no solo fértil das igrejas cessacionistas, que tinham um Evangelho, mas nenhuma demonstração compatível com a ordem de Jesus de curar os enfermos e expulsar demônios. O maior congresso internacional de TMI de 2014, por exemplo, está sendo presidido pelo Rev. Jorge Henrique Barro, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e presidente da Fraternidade Teológica Latino-Americana que, de acordo com o Rev. Felipe Costa Fontes, tem um fundo marxista e gerou a Teologia da Libertação.
A proclamação do Evangelho do Reino de Deus envolve, sempre, cura de enfermos e expulsão de demônios, só para começar. Os apóstolos de Jesus, que nos deram o exemplo de verdadeira missão cristã completa e integral, viviam ocupados proclamando e demonstrando o Evangelho do Reino de Deus.
Mas Steuernagel e outros burocratas da Cristandade (não do Evangelho, pois o Evangelho não tem burocratas, mas apenas proclamadores e demonstradores do poder salvador de Deus) vivem ocupados em conferências, consultas e outros eventos teológicos. Gastam fortunas viajando pelo mundo para falar sobre suas ideologias. E depois, para justificar tantas despesas, cobrem a massa do bolo ideológico com o recheio do nome “Evangelho.” Jogam alguns versículos aqui e ali e, diante de uma plateia cega, nem precisam justificar sua total incapacidade de proclamar e demonstrar o Evangelho do Reino de Deus curando os enfermos e expulsando demônios. Vivem tão ocupados com suas infindáveis consultas teológicas que, quando se aproximam dos pobres, é apenas para depois usá-los para justificar mais consultas teológicas, mais despesas de viagens áreas, mais despesas de hotéis, etc.
O verdadeiro Excluído na TMI é Jesus, que tem um Evangelho que, desde dois mil anos atrás, sempre atendeu perfeitamente os pobres. E enquanto a TMI estava nascendo como uma forma das igrejas tradicionais usarem o marxismo disfarçado para alcançar os pobres, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo já estava, décadas antes, no meio dos pobres, curando seus enfermos e expulsando seus demônios. As igrejas pentecostais nunca precisaram de TMI, Teologia da Libertação ou participar de caras consultas teológicas para aprenderem a alcançar os pobres. Tudo o que eles faziam era atender ao chamado do Espírito Santo e arregaçar as mangas.
Se Steuernagel chama os pobres de excluídos, quem fazia essa exclusão era a IECLB e outras igrejas. Aliás, essas igrejas também excluíam os pentecostais, quando os pentecostais ainda não tinham deixado o primeiro amor. Um século atrás, as igrejas pentecostais eram repletas de curas e expulsão de demônios com sua proclamação do Evangelho do Reino de Deus. Hoje, estão perdendo essa autoridade. Em compensação, então aprendendo com Steuernagel e outros como proclamar a TMI.
Talvez a TMI e outras ideologias e heresias que virão sejam apenas para tapar o buraco de uma geração cristã que perdeu a capacidade de proclamar o Evangelho do Reino de Deus com suas devidas demonstrações. Quando a proclamação do Evangelho do Reino de Deus perde essa integralidade, é natural, pela Lei da Entropia, que espaços se abram para outras teologias e ideologias decadentes.
O crescimento da TMI é apenas sinal e sintoma de uma igreja que está perdendo rapidamente sua autoridade de proclamar e demonstrar o Evangelho do Reino de Deus.
Já que Steuernagel publicou seu artigo de defesa da TMI na Ultimato, que tipo de demonstração (lado prático) um adepto da TMI tem?
Em 2013, quando todas as esquerdas do Brasil queriam o Dep. Marco Feliciano fora da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, foi lançado um manifesto, com o apoio da Ultimato, para requerer também a cabeça de Feliciano. O manifesto veio assinado por grandes expoentes da TMI, inclusive Ariovaldo Ramos, Ricardo Bitun e Antonio Carlos Costa. Outros assinantes incluíam o próprio Steuernagel e um colega denominacional, André Sidnei Musskopf, que é professor de teologia da EST. Musskopf, além de defensor da TMI, é também ativista homossexual.
A Comissão de Direitos Humanos sempre foi presidida por esquerdistas, especialmente petistas, que querem impor a agenda gay no Brasil. Nunca a revista Ultimatofez uma carta pública contra o PT na presidência dessa comissão. Nunca Steuernagel fez um protesto contra o PT nessa comissão.
E mesmo agora, depois que o PT reassumiu a presidência dessa comissão e começou sua rotina de trabalho pela agenda gay, Steuernagel não abriu a boca em protesto. Em contraste, todos os esquerdistas, inclusive Steuernagel, se opuseram a Feliciano por discordarem de um pentecostal que se opõe ao aborto e à agenda gay.
Isso é o que a “Missão Integral” da ideologia socialista consegue produzir: aberrações e oposição ao conservadorismo.
Por que, em vez de envolvimento com a ideologia socialista, Steuernagel e seus camaradas de TMI não aprendem a única “Missão Integral” que Deus aceita na proclamação do Evangelho do Reino de Deus: curas e expulsão de demônios? Claro, havia também a responsabilidade do discipulado e de cuidar das viúvas, sob critérios apostólicos muito rigorosos e sem nenhuma contaminação ideológica e envolvimento governamental.
Os pobres nunca rejeitaram essa integralidade do Evangelho. Muitos foram, aliás, curados e libertos. Pode-se querer mais do que o próprio Deus pode lhes dar?
O que Steuernagel tem no lugar desse Evangelho puro são palavras persuasivas de conhecimento humano, em defesa de uma ideologia humana disfarçada de Evangelho.
O Apóstolo Paulo tinha discernimento espiritual (que nada tem a ver com conhecimento acadêmico e teológico) para discernir entre as duas coisas. Ele disse:
“Minha mensagem e minha proclamação não se formaram de palavras persuasivas de conhecimento, mas constituíram-se em demonstração do poder do Espírito.” (1 Coríntios 2:4 KJA)
Os que gostam de palavras persuasivas de conhecimento humano (a classe média, ou as igrejas históricas, como diz o próprio Steuernagel), ficam com a TMI.
Os que preferem a verdade de Deus com demonstração do poder do Espírito (geralmente os pobres, excluídos, doentes e necessitados), ficam com o Evangelho do Reino de Deus.
Por isso, Jesus disse que felizes são os pobres, pois deles é o Reino de Deus.
E sobre a classe média e as igrejas históricas que abraçaram a TMI e a Teologia da Libertação? “Infelizes são, pois deles é o outro reino…
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