Por Gisele Emerick
O que acontece antes das bombas militares israelenses atingirem sua casa? Para muitos moradores da Faixa de Gaza, um telefonema. Sawsan Kawarea, que vie em Khan Younis, estava em casa esta semana quando o telefone tocou. Ela atendeu e do outro lado era “Davi”, que disse estar com o Exército israelense.
— Ele perguntou meu nome e disse: “Você tem mulheres e crianças na casa. Saiam. Você tem cinco minutos antes de os foguetes chegarem — contou Kawarea em uma entrevista ao “The Washington Post”.
Ela pegou seus filhos e correu. Um pequeno foguete atingiu a casa logo depois, revela. Era, aparentemente, o aviso final. Cinco minutos depois, um míssil maior atingiu a a casa, que foi destruída. De acordo com o Hamas, sete pessoas, incluindo três menores de idade, foram mortos no ataque aéreo israelense. O homem que os israelenses estavam procurando não estava entre os mortos.
O aviso por telefone é parte de uma estratégia mais ampla. Durante anos, o Exército israelense tem utilizado ligações de celulares e pequenos “foguetes de aviso” — geralmente enviados de drones — para avisar quais são os edifícios alvos, e dar às pessoas tempo para sair. A estratégia, conhecida como “bater no telhado”, é controversa, mesmo que as intenções sejam boas. E é também uma notável exibição de poder. Os mísseis e até mesmo as ligações mostram a facilidade de alcance de Israel, de acordo com Eyal Weizman em um artigo publicado no “London Review of Books”.
— Israel pode penetrar nas redes de comunicação de Gaza com tamanha facilidade porque as redes de telefonia e infraestrutura de internet são feitas através de servidores israelenses. O que lhes dá vantagens tanto para o recolhimento de informações quanto em propaganda.
A prática data de 2006. “Oi, meu nome é Danny. Eu sou um oficial da Inteligência militar israelense. Em uma hora sua casa vai explodir”. Esta foi a ligação recebida por Mohammed Deeb pouco antes de sua casa ser destruída naquele ano, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”. Durante a Operação Chumbo Fundido, em 2008, a tática foi usada novamente, com telefonemas e lançamento de pequenos mísseis para alertar pessoas em edifícios que eram alvo: O blog das Forças de Defesa de Israel disse que os ataques aéreos daquele ano haviam aderido à “inovadora” estratégia e, em 2009, o Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que mais de 165 mil telefonemas foram feitos para alertar os civis a ficar longe de alvos.
Alguns críticos dizem que a tática equivale a guerra psicológica. Há relatos de “avisos” que são dados, mas não há bombardeio. Há também casos em que a explosão não é precedida por um aviso, ou, pior ainda, o ataque pode equivocadamente destruir o alvo errado e produzir danos colaterais maiores — sempre um risco em áreas apertadas, como Khan Younis. Grupos de direitos humanos têm argumentado que a segmentação das casas dos membros das milícias viola o direito internacional, casos os avisos sejam feitos ou não.
De qualquer forma, eles nem sempre são atendidos. De acordo com Kawarea, após o “foguete de aviso”, um grupo de homens jovens correu para dentro da casa. Não ficou claro se eles achavam que a sua presença iria impedir o bombardeio, ou se queriam ser mártires.
Via: oglobo.com.br
— Ele perguntou meu nome e disse: “Você tem mulheres e crianças na casa. Saiam. Você tem cinco minutos antes de os foguetes chegarem — contou Kawarea em uma entrevista ao “The Washington Post”.
Ela pegou seus filhos e correu. Um pequeno foguete atingiu a casa logo depois, revela. Era, aparentemente, o aviso final. Cinco minutos depois, um míssil maior atingiu a a casa, que foi destruída. De acordo com o Hamas, sete pessoas, incluindo três menores de idade, foram mortos no ataque aéreo israelense. O homem que os israelenses estavam procurando não estava entre os mortos.
O aviso por telefone é parte de uma estratégia mais ampla. Durante anos, o Exército israelense tem utilizado ligações de celulares e pequenos “foguetes de aviso” — geralmente enviados de drones — para avisar quais são os edifícios alvos, e dar às pessoas tempo para sair. A estratégia, conhecida como “bater no telhado”, é controversa, mesmo que as intenções sejam boas. E é também uma notável exibição de poder. Os mísseis e até mesmo as ligações mostram a facilidade de alcance de Israel, de acordo com Eyal Weizman em um artigo publicado no “London Review of Books”.
— Israel pode penetrar nas redes de comunicação de Gaza com tamanha facilidade porque as redes de telefonia e infraestrutura de internet são feitas através de servidores israelenses. O que lhes dá vantagens tanto para o recolhimento de informações quanto em propaganda.
A prática data de 2006. “Oi, meu nome é Danny. Eu sou um oficial da Inteligência militar israelense. Em uma hora sua casa vai explodir”. Esta foi a ligação recebida por Mohammed Deeb pouco antes de sua casa ser destruída naquele ano, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”. Durante a Operação Chumbo Fundido, em 2008, a tática foi usada novamente, com telefonemas e lançamento de pequenos mísseis para alertar pessoas em edifícios que eram alvo: O blog das Forças de Defesa de Israel disse que os ataques aéreos daquele ano haviam aderido à “inovadora” estratégia e, em 2009, o Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que mais de 165 mil telefonemas foram feitos para alertar os civis a ficar longe de alvos.
Alguns críticos dizem que a tática equivale a guerra psicológica. Há relatos de “avisos” que são dados, mas não há bombardeio. Há também casos em que a explosão não é precedida por um aviso, ou, pior ainda, o ataque pode equivocadamente destruir o alvo errado e produzir danos colaterais maiores — sempre um risco em áreas apertadas, como Khan Younis. Grupos de direitos humanos têm argumentado que a segmentação das casas dos membros das milícias viola o direito internacional, casos os avisos sejam feitos ou não.
De qualquer forma, eles nem sempre são atendidos. De acordo com Kawarea, após o “foguete de aviso”, um grupo de homens jovens correu para dentro da casa. Não ficou claro se eles achavam que a sua presença iria impedir o bombardeio, ou se queriam ser mártires.
Via: oglobo.com.br
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