Por Denis Monteiro
Todas as vezes que alguém faz um favor para nós ou devemos alguém, e esse alguém a quem devemos nos abona diante da dívida, nós dizemos: “Deus lhe pague!”.
Sendo assim, o Catecismo de Heidelberg nos dias 2 – 4 mostra, conforme a Escritura, a corrupção humana de forma bem clara, apontando que diante de Deus a humanidade está em débito com seu Criador após a entrada do pecado no mundo, nos tornando inúteis. Diante do que o Catecismo nos mostra, nós devemos a Deus o qual não nos deve nada. Portanto, quem poderá pagar a nossa dívida diante de Deus? Assim, o Catecismo nos mostra duas coisas: A problemática e a solução.
A problemática
Pergunta 12: Segundo o justo juízo de Deus merecemos penas temporais e eternas; e não há possibilidades de nos livrarmos de tais penas e nos reconciliarmos com Deus?
Resposta: Deus requer que sua justiça seja cumprida¹; portanto, ou por nós mesmos ou por outra pessoa, importa que se satisfaça integralmente a sua justiça.²
(1) Gn 2:17; Êx 20:5; Êx 23:7; Ez 18:4; Hb 10:30. (2) Mt 5:26; Rm 8:3,4.
Pergunta 13: Podemos, por nós mesmos, oferecer a Deus tal satisfação?
Resposta: De modo algum; antes acrescentamos mais débitos a cada dia.
Jó 4:18,19; Jó 9:2,3; Jó 15:16; Sl 130:3; Mt 6:12; Mt 16:26; Mt 18:25.
Pergunta 14: Poderia haver alguém, no céu ou na terra, simples criatura, que pudesse pagar nossos débitos?
Resposta: Não. Primeiro, porque Deus não quer punir outra pessoa pelo pecado do homem.¹ Segundo, porque uma simples criatura seria incapaz de suportar a eterna ira de Deus contra o pecado para salvar outros.²
(1) Gn 3:17; Ez 18:4. (2) Sl 130:3; Na 1:6.
O Catecismo nos mostra que nós ou outra pessoa deve satisfazer ou pagar a dívida que temos diante de Deus. Mas o grande problema é que, primeiro, nem nós, nem nenhuma outra pessoa pode pagar essa dívida diante de Deus, pois se nós tentarmos pagar, na verdade, ela só aumentaria com os nossos pecados diários. Segundo, Deus não iria condenar outra pessoa por causa do nosso pecado porque a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4). Terceiro, nós não suportaríamos a ira de Deus sobre nós para nos livrar e, assim, não conseguiríamos livrar outras pessoas. Ou seja, se não conseguimos salvar a nós mesmos, como poderemos salvar outros?
E por que não conseguimos pagar a nossa própria dívida? Porque somos pecadores desde o momento de nossa concepção (Sl 51.5; 58.3; Is 48.8), sendo assim, por causa de nossa natureza pecaminosa sem a mediação de Cristo, estamos dia após dia em guerra com Deus, pois Deus, para o pecador não redimido, é seu inimigo numero um. Somos limitados, não sabemos o que vai acontecer daqui a dois minutos, não escolhemos onde nascer e como nascer ou com que cor nascer, não podemos acrescentar um palmo à nossa estatura (Lc 12.25). Então, como nós, sendo limitados, podemos pagar uma dívida com um Deus eterno e santo que está irado?
A Pergunta e Resposta 15 nos mostra a solução.
Pergunta 15: Então, que Mediador e Redentor devemos buscar?
Resposta: Um que seja verdadeiro¹ homem, mas perfeitamente justo², mais poderoso que todas as demais criaturas, isto é, que seja, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus.³
(1) 1Co 15:21. (2) Hb 7:26. (3) Is 7:14; Is 9:6; Jr 23:6; Lc 11:22; Rm 8:3,4.
A única pessoa que pode nos livrar na ira de Deus, é alguém perfeito e justo e mais poderoso do que qualquer criatura, mas ao mesmo tempo verdadeiro Deus. Cristo é o único homem que pôde tomar o nosso lugar e satisfazer a ira de Deus, pois o sangue de animais não tira pecado e nenhum homem pode dar a vida em lugar de outro homem (Hb 10.4; Ez 18.4). Portanto, Cristo, sendo o Cordeiro de Deus e o Leão da Tribo de Judá, Deus fez cair sobre Ele à iniquidade de nós todos (Is 53.6). Portanto, somente Cristo pôde suportar a ira de Deus e salvar os eleitos da condenação eterna.
Que essa realidade seja motivo de jubilo e gratidão, mas também um ato de humildade perante Deus em Cristo. Motivo de jubilo e gratidão, pois pela morte de Cristo, a carne rasgada do cordeiro (Hb 10.20), temos livre acesso a Deus, fazendo parte do pacto não sendo mais inimigos, mas recebendo a paz entre Deus e nós (Ef 2.18). Mas também deve ser motivo de humildade, pois o Catecismo, conforme a Escritura, declara que nós éramos incapazes de cumprir a Lei de Deus e pagar por nossas próprias faltas. Mas aprouve a Deus enviar Seu único Filho para morrer em nosso lugar.
Amém!
Fonte: Bereianos
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