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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cunha, a denúncia, o golpismo e o ceticismo político

Já é de voz corrente que o procurador geral de Dilma, Rodrigo Janot, denunciará nesta semana o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A suspeita é de recebimento de propina no aluguel de navios-sonda.
Sem apresentar provas materiais (como gravação de conversa, por exemplo), o empresário e lobista Júlio Camargo afirmou ter sido ameaçado por Cunha e que, por isso, pagou propina. Cunha será denunciado por corrupção. Abaixo, temos a análise de Reinaldo Azevedo:

Corrupção passiva – Artigo 317 –  “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”.
Corrupção ativa – Artigo 333 – “Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”
A única possível, no caso de Cunha, é a passiva. Assim, será preciso demonstrar que o deputado efetivamente tinha condições de interferir no aluguel dos tais navios-sonda e que ou solicitou ou recebeu vantagens em razão do cargo que ocupava. À época, ele era apenas deputado, não presidente da Câmara.
Muito bem lembrado.
E tem mais. A lei dá foro privilegiado a Eduardo Cunha, que ainda deve ter seu caso analisado pelo STF. Mesmo se o STF aceitar a denúncia de Janot (que, pela lógica, também pode ser recusada), e com isso Cunha se tornará réu, sua atuação parlamentar poderá continuar sem empecilhos.
Observem bem: isso é o que diz a lei. Não sou eu que estou dizendo.
O republicano depressivo poderá me perguntar: "Mas o Ivan Valente, do PSOL, disse que vai tentar afastar Cunha? E agora?". Daí eu só posso pedir desculpas antes de chamar esta pessoa de trouxa, pois cair na balela de Ivan Valente é ingenuidade no nível mirim. É claro que Valente faz puro jogo de cena, visto que qualquer tentativa de afastar Cunha é inventar leis inexistentes.
Vamos supor que apareçam provas materiais de que Cunha realmente ameaçou Júlio Camargo. Aí a coisa mudaria de figura. Mas isso é tão provável quanto eu conseguir trazer um vídeo de unicórnios voadores passando pela janela de meu apartamento. É óbvio que se já existissem tais provas, elas teriam sido apresentadas pelo procurador geral da Dilma. Mas até o ceguinho esperançoso pode dizer "veremos".
Enquanto o unicórnio não aparece, a melhor alternativa é usar o ceticismo político. De acordo com o método de pensamento proposto por este blogueiro que vos escreve, o ceticismo político é o questionamento prioritário às alegações políticas que privilegiem nossos oponentes políticos. Caso estes oponentes façam alegações sem provas, devem ser humilhados em público por isso. 
De acordo com a adaptação do raciocínio de Milton Friedman, para uma "economia" das ideias políticas, caso você não cobre o preço de uma alegação política inválida de seu oponente, você paga este preço. Logo, não existe alegação política grátis. O padrão de humilhação pública de alguém que faça alegações políticas, sem prová-las, é o mesmo usado por James Randi para desmascarar leitores de borra de café. E, neste caso, Cunha ainda pode definir claramente seus oponentes como golpistas.
É só deixar isso bem claro, e sempre com assertividade (preferir apenas não comentar o assunto é deixar o PT e suas linhas auxiliares capitalizarem com alegações políticas e, pior, sem qualquer prova), para implodir qualquer encenação bolivariana. Alguém dirá: "Mas o PT não está acusando Cunha". A BLOSTA, financiada com verba estatal, está. Então, é o PT quem está espalhando pelas redes propaganda anti-Cunha. 
A ausência de provas é compensada pelo excesso de caradurismo. (É por isso que sempre digo que já passou da hora de exigirmos um projeto de lei que acabe com esta palhaçada. Permitir que o governo tenha uma indústria de difamação bancada por 10 milhões anuais pagos com nossos impostos é um dos maiores crimes morais de nossos tempos.)
E falando em provas, elas abundam em relação às pedaladas fiscais de Dilma  - as quais foram confessadas por Luís Inácio Adams, que usou o argumento afrontoso dizendo "fizemos apenas o que já faziam antes, o que é comprovação de crime de responsabilidade. Temos provas de que Lula conversou com Alexandrino "combinando o jogo" com um dos executivos da Odebrecht, poucos dias antes deste executivo ser preso. 
As provas de recebimento de verba indevida em "consultorias" por José Dirceu são tão claras quanto a neve. Há qualquer coisa neste nível contra Cunha? Não. Então uma obrigação moral para o presidente da Câmara é partir para a humilhação.
Outra coisa: o PMDB, ao que parece, publicará uma nota de apoio a Eduardo Cunha. Seria de bom tom também acusar os blogs sujos, aliados do PT, de golpistas. Vale o mesmo para Ivan Valente. E qualquer sujeitinho que tente usar leis inexistentes. Alias, não existe nenhuma lei dizendo que só o PT pode acusar oponentes de golpistas. E quando o fazem, sempre estão mentindo, pois apoiar um processo de impeachment de Dilma não é golpe, tanto quanto o procurador geral de Dilma denunciar Cunha não o é. 
Por outro lado, pedir a saída de Eduardo Cunha, quando não há nada na lei que preveja isso (a não ser que existam provas contundentes de constrangimento de testemunhas, provas estas que, como já disse, não apareceram), é golpe. Deixar de acusar essa tropa de golpista é capitulação. 
Enquanto isso, o procurador geral de Dilma pode ser ainda mais pressionado para apresentar denúncias contra Edinho Silva, Dilma Rousseff e Lula (já temos a gravação da conversa com Alexandrino). Jogando o jogo político adequadamente, as coisas estão muito favoráveis para Cunha, que pode passar para o lado dos que cruzam os braços e olham para Janot: "E agora, vai se comportar do mesmo jeito diante de Dilma, Edinho, Lula, Gleisi, Lindbergh e os outros ou não?".
O jogo está ficando muito interessante. Principalmente se Cunha jogar com as armas que tem à mão neste momento.

Ceticismo Político

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