O que há de mais precioso na vida de uma pessoa é sua liberdade. Ser o responsável por sua própria vida e definir o próprio destino é um dom divino. É isto que dá sentido para a existência do indivíduo e é isto que reflete sua imagem e semelhança com o Criador.
No entanto, nos tempos modernos, boa parte das pessoas não exita em trocar a graça da liberdade por um prato de lentilhas. Em troca da proteção estatal e do recebimento de privilégios, abre mão de ser o dono de seus próprios bens maiores. Prefere colocar-se sob a mão forte do Estado, em troca do que acredita ser garantias de segurança, paz e prosperidade.
É até difícil argumentar com quem pensa dessa forma, pois, para ele, esperar que o governo lhe conceda o que acredita ser seu direito é algo que já está impregnado em sua maneira de raciocinar. Ele já não consegue imaginar uma vida sem ter, por parte dos poderes constituídos, suas prerrogativas atendidas.
Muitas pessoas, inclusive, planejam seus dias, até o fim deles, baseados naquilo que o Estado promete conceder-lhes. Não é por acaso que o sonho de adentrar ao funcionalismo público e se aposentar são os maiores objetivos que encontramos na gente por aí.
Saúde, educação, emprego, segurança - tudo é lançado sobre as costas do governo, e quando ele não consegue cumprir, de maneira satisfatória o serviço prometido (o que é acontece sempre), o que sobra para os beneficiários é a reclamação.
Nos tornamos, então, uma sociedade de chorões, onde tudo se espera que se faça por ela. Aqui no Brasil, em geral, não desenvolvemos a cultura do "do it yourself". Pelo contrário, até nas questões essenciais, como na educação dos filhos, esperamos que o governo dê um jeito.
O problema é que tudo o que as autoridades podem oferecer, por conta de sua natureza burocrática, é frágil e capenga. Nenhum serviço público jamais irá funcionar com perfeição pelo simples fato de ser público. Isso porque ele está, por sua natureza, amarrado em regras e resoluções que o impedem de ser eficientes. Aliás, é da sua essência ser ineficiente.
No entanto, por pior que sejam os serviços oferecidos e precários os direitos concedidos, quem se submete ao Estado acaba envolvido em suas garras. Viver sob a tutela dele, além de se tornar um vício, cria uma teia de amarrações que impedem qualquer pessoa de desenvolver-se como indivíduo.
Há, portanto, a pior troca que possa haver, em uma verdadeira síndrome de Esaú que acomete boa parte da população brasileira. Tendo, naturalmente, à sua disposição o dom divino da liberdade, da responsabilidade e da direção da própria existência, o brasileiro prefere trocar tudo isso por umas migalhas. Por medo, insegurança e imaturidade, ele abre mão de ser ele mesmo, e passa, em vez disso, a ser apenas uma célula minúscula, imperceptível e irrelevante dentro do grande Leviatã.
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