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sábado, 14 de abril de 2018

Davi e Jônatas – Um estudo sobre o amor entre dois homens

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Assina Wilson Porte Jr.

Introdução

Muito tem sido dito e escrito sobre o amor entre Jônatas, filho de Saul, e Davi, filho de Jessé. Era homossexual a relação que eles tinham? Este estudo tratará não de uma passagem específica, mas de uma série de versículos que, uma vez distorcidos e mal compreendidos, são usados para corroborar a prática homossexual.

Para responder a essa pergunta sobre a relação entre Jônatas e Davi, é necessário que compreendamos o uso da palavra amor no Antigo Testamento, não só dentro da história que envolve Jônatas e Davi, mas em outras envolvendo outras pessoas.

Em nosso próximo estudo (post), veremos como o projeto na criação de Deus para os seres humanos era de uma relação heterossexual entre as pessoas. Este é o projeto natural de Deus. Com o afastamento da humanidade, este projeto, bem como tantas outras coisas, se quebrou, dando origem à homossexualidade como um fruto de abandono de Deus da raça humana, do entregar de Deus às paixões infames da carne a humanidade como um todo. Um sinal disso é justamente as relações homoafetivas.

Veremos que a relação homossexual é fruto de uma mentira na qual a humanidade está. Vimos que:

“Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”. (Romanos 1:25-27)

Este ponto da teologia-bíblica sobre a homossexualidade é claro para todos nós. Não se trata de uma opinião pessoal, ou da cultura de um povo. Trata-se da Palavra de Deus sobre o assunto.
Exposição

Posto isso, vamos às passagens que, normalmente, são distorcidas para forçar, discriminatoriamente (diga-se de passagem), um pecado na vida de Davi que nunca existiu.

"Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. 

Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto. Saía Davi aonde quer que Saul o enviava e se conduzia com prudência; de modo que Saul o pôs sobre tropas do seu exército, e era ele benquisto de todo o povo e até dos próprios servos de Saul." (1Samuel 18.1-5)

Bem, aqui começa a confusão. Jônatas amou Davi como à sua própria alma. A palavra usada aqui é אַהֲבָה, de אָהֵב. Esta palavra é normalmente associada em traduções com a palavra amor e, pode estar ligada tanto ao amor como afeição, quanto como atração, ou como um cuidado amoroso entre amigos, ou ainda como um amante mesmo.

O primeiro ponto que temos que considerar aqui é que tanto Jônatas quanto Davi eram homens desempenhando seus papéis na nação, casados e tendo filhos. Davi, inclusive, chegou a ter oito mulheres, indicando qual era sua real dificuldade. Se Davi era, realmente, tentado por homens, como explicar essas oito além das muitas concubinas?

Em segundo lugar, é importante observar que o amor apresentado em 1Samuel 18 nada tem de conotação sexual, não podendo se traduzir אַהֲבָה como um amor de atração. A mesma ideia que se apresenta em 1Samuel 18 aparece nos versos abaixo:

"Assim, Davi foi a Saul e esteve perante ele; este o amou muito e o fez seu escudeiro. Saul mandou a Jessé: Deixa estar Davi perante mim, pois me caiu em graça. E sucedia que, quando o espírito maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele." (1Samuel 16.21–23)

Este texto nos diz que Saul, pai de Jônatas, também amou a Davi. Estaria o texto apresentando uma possível relação homoafetiva entre Saul e Davi? Vejamos o texto abaixo:

"Enviou também Hirão, rei de Tiro, os seus servos a Salomão (porque ouvira que ungiram a Salomão rei em lugar de seu pai), pois Hirão sempre fora amigo de Davi.' (1Reis 5.1)

Já neste texto, temos outro rei amando Davi. Hirão, rei de Tiro, é apresentado como alguém que todo o sempre amou a Davi. Embora nas versões em português apareça que Hirão sempre fora amigo de Davi (ARA), ou, Hirão havia sido sempre muito amigo de Davi (A21), no texto original, as palavras que aparecem são כָּל־הַיָּמִֽים … אֹהֵ֗ב, ou seja, amou … todo o sempre. אֹהֵ֗ב é a mesma palavra usada para falar do amor de Jônatas por Davi. Estaria o texto dizendo que, além de Jônatas, Saul e Hirão também o amavam homossexualmente?

Bem, outra passagem mal usada é 2Samuel 1.26, na qual Davi afirma que o amor de Jônatas era maior do que o das mulheres:

"Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres." (2Samuel 1.26)

Em que sentido esse amor ultrapassava o de mulheres? No sentido de que a amabilidade de Jônatas superava o modo como algumas mulheres amavam e tratavam a Davi na época. Veja essa experiência de Davi com sua primeira esposa, irmã de Jônatas:

"Ao entrar a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o desprezou no seu coração … Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!" (2Samuel 6.16,20)

Em comparação com o amor de Mical, também filha de Saul, o amor de Jônatas ultrapassava o amor de mulheres. Davi (e muito menos o texto bíblico) não está dizendo que ama Jônatas mais do que ama as mulheres, como alguns analfabetos funcionais afirmam. Davi está apenas percebendo que o amor que Jônatas demonstra por ele é maior do que o cuidado que ele vinha recebendo de mulheres. Para enxergar um amor homossexual aqui, somente usando as lentes da homofobia ou do preconceito.

Sempre foi (e ainda é) comum que homens encontrem em outros homens o cuidado e o amor que, em determinadas situações, supera o amor de mulheres. Considere promessas feitas na guerra por companheiros que dão a vida uns pelos outros, e que se comprometem, como fez C. S. Lewis durante a 1ª Guerra Mundial, com seu amigo Paddy Moore, a cuidar da família um do outro no caso de um deles morrer lutando. Moore faleceu em 1918 durante a guerra na qual ele e Lewis lutaram contra o jovem e, ainda desconhecido, Adolf Hitler, especialmente na Batalha do Somme, em 1916.

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Em meio a guerras e outras situações que produzem aflições em nosso coração, se temos um amigo junto a nós, é natural que percebamos o amor cuidadoso desse amigo. Vemos isso na relação entre pais e filhos, entre irmãos e entre amigos. No entanto, não podemos cometer a tolice de, sempre que virmos um homem demonstrando cuidado amoroso ao seu amigo, considerarmos aquilo uma relação homossexual.

Um último absurdo que precisa ser considerado é o do beijo entre Jônatas e Davi:

"Indo-se o rapaz, levantou-se Davi do lado do sul e prostrou-se rosto em terra três vezes; e beijaram-se um ao outro e choraram juntos; Davi, porém, muito mais." (1Samuel 20.41)

Qualquer pessoa não homofóbica (ou preconceituosa) saberá ler o contexto e entender o que está acontecendo. Infelizmente, esse tipo de atitude tem levado muitas pessoas a evitarem gestos de carinho por um amigo em público. Recentemente, um pai foi espancado em um show por ter dado um beijo e um abraço em seu filho. Um homem, homofóbico, vendo a cena, incomodou-se e decidiu bater naquele suposto gay. O pai apanhou tanto que terminou sem parte de uma orelha.

Por outro lado, encontramos gays celebrando quando um pai beija seu filho em público, especialmente se ambos já são adultos, porque preconceituosamente consideram aquilo como a atitude de dois gays, quando, na verdade, são pai e filho. Você consegue perceber para onde caminha isso?

Com o tempo, qualquer atitude de um pai com seu filho será tida como um incesto. Qualquer homem que abraçar seu amigo será tido como gay. E, como a Bíblia recomenda o ósculo santo, isso seria um sinal de aprovação bíblica da prática homossexual. Neste ponto, tanto homossexuais preconceituosos quanto homofóbicos raivosos agem de igual modo, ignorando o lado afetivo da amizade entre duas pessoas do mesmo gênero.

E, quando olhamos para a Bíblia, o que vemos é uma clara demonstração do que era, na cultura judaica, o beijo. Era tudo, menos a demonstração de homossexualidade. Veja:

"Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram." (Gênesis 33.4)

"José beijou a todos os seus irmãos e chorou sobre eles; depois, seus irmãos falaram com ele." (Gênesis 45.15)

"Então, José se lançou sobre o rosto de seu pai, e chorou sobre ele, e o beijou." Gênesis 50.1

"Disse também o Senhor a Arão: Vai ao deserto para te encontrares com Moisés. Ele foi e, encontrando-o no monte de Deus, o beijou." (Êxodo 4.27)

"Então, saiu Moisés ao encontro do seu sogro, inclinou-se e o beijou; e, indagando pelo bem-estar um do outro, entraram na tenda." (Êxodo 18.7)

"Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela." (Rute 1.14)

"Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão e passado também o rei, este beijou a Barzilai e o abençoou; e ele voltou para sua casa." (2Samuel 19.39)

"Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam." (Romanos 16.16)


Seriam todos esses casos, casos de homossexuais?

O beijo sempre foi uma prova de afeto, de respeito, e de amor por um amigo ou amiga, independentemente do sexo da pessoa que recebe o beijo.

É necessário ter uma proporção muito grande à imoralidade para enxergar no texto bíblico algo além do que está nele posto. É, aliás, isso que provavelmente há no coração de tais pessoas, uma mistura de homofobia e preconceito.

Homofobia por parte daqueles que olham para a Bíblia com raiva por ela apresentar essas cenas de afeição entre amigos, nas quais esses homofóbicos são incapazes de perceber outra coisa que não algo de conotação sexual. Veja que a homofobia está ligada também à perversão de mente.

E preconceito por parte das pessoas que, ao olharem para o texto, imediatamente veem sexualidade e julgam o carinho entre amigos como se fosse uma prova de sua homossexualidade. Sim, homossexuais que assim olham para os textos bíblicos são preconceituosos. Agem com um preconceito sobre aqueles que a Bíblia apresenta.

O melhor caminho para não cairmos neste erro da ignorância é não nos contentarmos com uma leitura rasa das Escrituras, mas procurarmos nos aprofundar cada vez mais. Conhecer melhor a mais profundamente as Escrituras é algo bom! O Senhor diz pelo profeta Oseias que seu povo se perde justamente por lhe faltar conhecimentos de Suas Palavras (Os 4.6).

 

Wilson Porte Jr. é pastor na Igreja Batista Liberdade, em Araraquara-SP, bacharel e mestre em teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e CPAJ (Univ. Mackenzie). É presidente da Comunhão Reformada Batista no Brasil e do Conselho do Seminário Martin Bucer, onde leciona nas áreas de teologia bíblica, grego e hebraico.

Phonte: Wilson Porte

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