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sexta-feira, 22 de março de 2019

Televangelista Silas Malafaia diz que é simplesmente ridículo descartar os evangélicos para creditar a vitória de Bolsonaro ao astrólogo Olavo de Carvalho

Silas Malafaia apoiando Jair Bolsonaro durante a eleição

Julio Severo

Quando Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que “sem Olavo, não haveria a eleição de Jair Bolsonaro,” seu comentário me chocou, e publiquei o seguinte artigo: Eduardo Bolsonaro diz que “sem Olavo, não haveria a eleição de Jair Bolsonaro”.

Mas outra pessoa, muito mais importante do que eu, também ficou chocada: o televangelista mais proeminente do Brasil.

Em um tuíte de 18 de março de 2019, o Pr. Silas Malafaia, um televangelista pentecostal que é conhecido em todo o Brasil e outras nações, afirmou que Bolsonaro pessoalmente lhe disse várias vezes que se 80% dos evangélicos o apoiassem, ele seria eleito presidente. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro conseguiu no mínimo 70% dos votos evangélicos, e foi eleito.

Malafaia, que é um peso-pesado evangélico conservador no Brasil, acrescentou:

“Vem agora seu filho, aprendiz de político, dizer que Olavo de Carvalho é o maior responsável pela vitória do pai. SIMPLESMENTE RIDÍCULO!”

A intervenção de Malafaia no Twitter dissipou a FakeNews anti-evangélica de que Olavo de Carvalho, que tem histórico de ocultismo islâmico e astrologia, foi o homem responsável pela eleição de Bolsonaro.


Diferente de Carvalho, que tem mais fama à custa de Bolsonaro como presidente, Malafaia já era internacionalmente famoso muito antes de Bolsonaro e Carvalho.

Em 2011, o jornal americano New York Times entrevistou Malafaia em uma reportagem intitulada “Líder evangélico ergue-se nas guerras culturais do Brasil.” Assim, a fama internacional de Malafaia nas guerras culturais contra o aborto e a agenda gay não é algo novo. E é por méritos próprios.
Durante a eleição presidencial, o New York Times mostrou o papel decisivo de Malafaia para eleger Bolsonaro.

Até mesmo Fernando Haddad, que foi o candidato presidencial concorrente de Bolsonaro, reconheceu que o maior fator responsável por sua derrota nas urnas foi o “fenômeno evangélico.”
Obviamente, os evangélicos, que foram ambiciosamente cobiçados por Bolsonaro durante a eleição, estão tendo muito pouco espaço agora que o poder governamental está firmemente nas mãos dele.

Por alguma razão, depois da eleição, Bolsonaro parou de valorizar seus apoiadores evangélicos e começou a glorificar o astrólogo Olavo, que vive como imigrante auto-exilado nos EUA há 15 anos, mas nunca conseguiu alcançar fama por seus próprios méritos.

Talvez agora, com Bolsonaro fazendo propaganda gratuita para ele, ele possa alcançar alguma fama. Além disso,Steve Bannon, que havia sido expulso por Trump por vazar informações secretas, prometeu tornar Carvalho famoso nos EUA. Bannon está agora próximo de Bolsonaro, por causa de Carvalho e Eduardo.

Depois de ser demitido por Trump, Bannon criou um movimento para influenciar direitistas na Europa e na América Latina.

Bannon e Carvalho tiveram dois encontros em janeiro passado. Ambos têm o mesmo histórico: Eles foram inspirados por René Guénon, um ocultista islâmico que fundou a Escola Tradicionalista para promover o conservadorismo esotérico e combater o marxismo. Bannon, Carvalho e Guénon vieram do mesmo histórico católico.

Bannon, Carvalho e Eduardo estão fazendo todo o possível para expandir o movimento guenoniano de Bannon — às custas dos evangélicos que elegeram Bolsonaro.

O grande problema deles é que o astrólogo a quem eles atribuem à vitória de Bolsonaro não tem milhões de seguidores. Em contraste, os evangélicos representam milhões de eleitores no Brasil.
A fanpage de Facebook do astrólogo Olavo tem mais de 500 mil seguidores, praticamente o mesmo número de fãs de Walter Mercado, astrólogo porto-riquenho que ficou famoso na TV brasileira com seu bordão “Ligue Djá!” na década de 1990.

Assim, dizer que um astrólogo brasileiro foi responsável pela eleição do presidente brasileiro é a mesma coisa que dizer que um astrólogo porto-riquenho foi responsável pela eleição do presidente dos EUA.

Somente pessoas sob um poderoso feitiço veem a realidade de maneira invertida. Rasputin mantinha o czar russo sob tal feitiço. É por isso que chamo Carvalho de Rasputin de Bolsonaro. Outros o chamam de “guru de Bolsonaro.” Carvalho rejeita e chama esses nomes de FakeNews.
Agora Carvalho está na situação difícil de acusar o governo Trump de produzir FakeNews depois que a Voz da América (VOA) informou que Bolsonaro estava no domingo na embaixada brasileira em Washington com:

“Bannon e o escritor brasileiro Olavo de Carvalho, que vive nos EUA, considerado o guru ideológico de Bolsonaro.”

VOA, a maior emissora internacional dos EUA, chamou oficialmente Carvalho de “guru ideológico de Bolsonaro.” VOA pertence ao governo dos EUA e transmite as opiniões do governo dos EUA. Então a maior emissora do governo dos EUA transmitiu para o mundo inteiro que Bolsonaro encontra-se dependente de um guru.

Bolsonaro não pode se queixar de que ele foi retratado internacionalmente pelo governo dos EUA como dependente de um guru. Sua decisão de ter Bannon em um jantar exclusivo na embaixada brasileira na véspera de seu encontro com Trump foi uma bofetada na cara de Trump.
E dizer que um astrólogo, não milhões de evangélicos, foi o homem responsável pela eleição de Bolsonaro foi uma bofetada na cara dos evangélicos.

Bannon foi expulso por Trump por oportunismo. Trump disse:

“Steve finge estar em guerra com a mídia, que ele chama de partido de oposição, mas ele passava seu tempo na Casa Branca vazando informações falsas para a mídia para se fazer parecer mais importante do que ele era. Essa é a única coisa que ele faz bem.”

Tal oportunismo é uma descrição perfeita de Carvalho e de como ele e seus adeptos estão tirando vantagem dos evangélicos brasileiros “vazando informações falsas para a mídia” (“sem Olavo, não haveria a eleição de Jair Bolsonaro”) para se fazerem parecer muito mais importantes do que eles são.

Trump fez muito bem ao demitir um oportunista guenoniano: Bannon. Mas Bolsonaro está semeando problemas para si mesmo tornando-se dependente de dois oportunistas guenonianos: Bannon e Carvalho.

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