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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

E tome mais ecumenismo: Crenças se misturam em Salvador na homenagem dos fiéis a São Lázaro

Crenças se misturam em Salvador na homenagem dos fiéis a São Lázaro


Banho de pipocas, missas, velas, orações, atabaques, cantos, promessas e, mais que tudo, muita fé no santo, para a Igreja Católica São Lázaro e para o candomblé o orixá Obaluaiê ou Omulu. E nesta mistura de crenças, a igreja no bairro do mesmo nome do santo abriu suas portas, ontem, para celebrar o dia do protetor dos humildes e  das doenças.

A igreja lotada durante a manhã toda para missas, com atabaques e canções religiosas na voz do cantor Diógenes; ao lado da capela, centenas de fiéis cumpriam promessas acendendo velas, enquanto, na escadaria, ialorixás esperavam fiéis para o tradicional banho de pipoca. E no largo, barracas armadas para a festa profana.


De acordo com a história da Igreja, Lázaro teve uma grave enfermidade, mas antes de morrer clamou por Jesus, que não estava lá no momento. Procurado por suas irmãs depois de quatro dias morto, Cristo o ressuscitou, o que foi visto por uma multidão que contemplou o fato.


O padre Tadeu Pawliko, da Igreja de São Lázaro, polonês que reside há mais de 30 anos em Salvador, conta que o santo é “um personagem da parábola sobre o rico e o pobre porque ele representa o pobre que é desprezado pelo rico. Mesmo assim, com uma confiança infinita em Deus”.

Ele acrescenta que nos tempos atuais, o santo representa “todos os lázaros jogados fora que a sociedade não acolhe”. Conta que a devoção ao santo começou com a construção da capela pelos escravos, em 1737, século XVIII, e que junto da igreja havia um hospital para pessoas com doenças contagiosas, desta forma afastado do centro da cidade.

Sobre esta mistura de celebração permitida na igreja, pois logo nas escadarias se encontram as baianas para o banho de pipoca, o padre Tadeu afirma que  esta mistura é natural porque “os escravos que construíram,  e eles trouxeram para cá as suas crenças. E identificaram São Lázaro como o orixá da cura, Obaluaê.”

De acordo com o pároco, “a Igreja é muito tolerante, compreensível e respeita  porque isto faz parte também da cultura da terra. É uma religião cósmica natural, cultua a natureza, com ritmo, e ao benzer tem o seu significado de purificação para espantar os males”, afirmou.


Oração, cantos  e promessas

A ialorixá Vera Lúcia Alaine, do centro Obaluaiê Tupinambá, desde cedo se posicionou na escadaria da igreja para o tradicional banho de pipocas e conta que há 20 anos benze as pessoas com pipocas. Ela falou que ontem, especialmente, o pedido que fazia ao santo era “Paz”.


Ao se aproximar do local onde os fiéis acendiam velas, a funcionária pública federal, Flordinice Soares, contou que há mais de 60 anos nesta mesma data acende duas velas ao santo. “Continuo o que meus pais, já falecidos, faziam todo o ano no dia de São Lázaro, comemorado no último domingo de janeiro”.

Após tomar o tradicional banho de pipoca Vinicius Pereira Lima se dirigiu à capela para assistir à missa. Indagado sobre a crença nas duas religiões, ele respondeu. “Sou católico desde pequeno, mas não desprezo o candomblé. Este banho de pipoca é muito bom para tirar a energia negativa e para a saúde”, afirmou.

Tribuna da Bahia

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