Gastos da Copa superam repasses para educação
Nove dos 12 municípios sedes da Copa do Mundo de 2014
receberam mais repasses federais para obras do evento do que para a educação.
Levantamento feito pela Agência Pública a partir de dados da
Controladoria-Geral da União (CGU) revela que, dos municípios que sediarão
jogos do mundial de futebol, apenas Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
gastaram menos com a Copa do que com a área educacional.
A informação é divulgada por Congresso em Foco, 09-01-2014.
O cálculo da Agência Pública levou em conta apenas os
repasses federais para os municípios, sem os valores desembolsados pelos
estados e pelas próprias prefeituras. Além disso, o financiamento tomado pelas
unidades da federação para construir ou reformar as praças esportivas, no valor
máximo de R$ 400 milhões, devem ser pagos com juros ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em Recife, por exemplo – veja quadro -, a construção da
Arena Pernambuco recebeu um financiamento três vezes maior do que o que o
governo federal repassou para a educação na capital pernambucana. “Copa do
Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro pra saúde e educação”. Este foi um dos
gritos mais ouvidos durante as manifestações de junho em diversas capitais
brasileiras. De fato, ao comparar os investimentos do governo federal com as
bandeiras da população, as prioridades parecem não ser as mesmas.
Exceções
Das sedes, a única que não teve investimento direto da União
na construção do estádio foi Brasília. Toda a verba usada até agora para a
reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha saiu dos cofres do governo do
Distrito Federal. Mais especificamente da Companhia Imobiliária de Brasília
(Terracap), que tem o governo federal como sócio minoritário.
Entre 2010 e setembro de 2013, informa a Agência Pública, a
capital do país recebeu R$ 33 bilhões para a educação. O valor entra na conta
do GDF pelo Fundo Constitucional do DF, uma espécie de aluguel pago pela União
por Brasília ser a sede dos poderes da República. A verba deve ser usada
exclusivamente em educação, saúde e segurança pública.
Para financiar a reforma do Maracanã, o governo do Rio de
Janeiro tomou emprestado do BNDES R$ 400 milhões. De 2010 até setembro, a União
repassou R$ 1,6 bilhão para a educação. Em São Paulo, cujo estádio está sendo
construído pela iniciativa privada, houve a tomada de R$ 400 milhões. Maior
cidade do país, a capital paulista teve o repasse de R$ 465 milhões.
Legado
A Pública elencou os investimentos públicos relacionados ao
evento e dividiu-os entre os que ficarão como desejável legado para população
brasileira (aeroportos, portos e mobilidade urbana) e os que foram feitos
exclusivamente para a realização do mundial – como os estádios, os gastos em
telecomunicações, segurança, turismo, etc. – sempre utilizando como dado os
valores contratados (consequentemente comprometidos) de acordo com o Portal da
Transparência da CGU.
Só nas estruturas provisórias, montadas para receber espaços
de mídia, exposição comercial e atendimento a torcedores VIP, entre outras
coisas, foram gastos R$ 208,8 milhões em verbas estaduais nas seis sedes da
competição de 2013. De acordo com o levantamento da Pública, o governo já
investiu R$ 7,5 bilhões em estádios, R$ 814 milhões em obras nos entornos das
praças esportivas, R$ 422 milhões em segurança, R$ 226 milhões em turismo, R$
167 milhões em telecomunicações e mais R$ 24 milhões em outras ações.
Já no legado que será deixado para a população houve um
investimento um pouco menor. O grosso dos recursos foram destinados para obras
de mobililidade – R$ 6,5 bilhões – e aeroportos – R$ 1,7 bilhão. Outros R$ 528
milhões tiveram como destino os portos brasileiros. No entanto, obras como o
monotrilho da Linha 17 – Ouro, em São Paulo, orçada em R$ 2,8 bilhões, e a
linha 1 do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Brasília, saíram da matriz de
responsabilidades e devem demorar para sair do papel.
Fonte: Unisinos
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