Essa é a nova tática dos criminosos esquerdistas
mercenários?
Será que esta bagunça está sendo financiada por partidos
comunistas, assim como os black blocs e demais agrupamentos eram pagos para
quebrar a cidade nas manifestações de rua?
Esquerdistas bocós (existem os não bocós?) já estão de olho
no “rolezinho”. Aqui e ali, noto a vocação ensaística de alguns dos meus
coleguinhas na imprensa. Já há gente, assim, treinando o olhar para teorizar
sobre mais essa erupção — e irrupção — da luta de classes. É fácil ser bobo.
Fosse mais difícil, não haveria tantos bobalhões. Daqui a pouco o Gilberto
Carvalho chama os teóricos dos “rolezinhos” para um bate-papo no Palácio do
Planalto.
O “rolezinho”, que até pode ter começado como uma
brincadeirinha irresponsável nas redes sociais, está começando a virar, vejam
vocês!, uma questão política — ao menos de política pública. A coisa pode ser
tornar mais séria do que se supõe. Infelizmente, noto que muita gente,
inclusive na imprensa, está tentando ver essas manifestações como se fossem uma
espécie de justa revolta de jovens pobres contra templos de consumo da classe
média.
Isso é uma tolice, um cretinismo. Os shoppings têm se
caracterizado como os mais democráticos espaços do Brasil. São áreas privadas de
uso público, muito mais seguras do que qualquer outra parte das cidades
brasileiras. Os pais preferem que seus filhos fiquem passeando por lá a que
façam qualquer outro programa, geralmente expostos a riscos maiores. É uma
irresponsabilidade incentivar manifestações de centenas ou até de milhares de
pessoas num espaço fechado. Ainda que parte da moçada queira apenas fazer uma
brincadeira, é evidente que marginais acabam se aproveitando da situação para
cometer crimes, intimidar lojistas e afastar os frequentadores.
Esse negócio de que se trata de uma espécie de revolta dos
pobres contra os endinheirados é uma grossa bobagem. Boa parte dos shoppings de
São Paulo, hoje em dia, serve também aos pobres, que ali encontram um espaço
seguro de lazer. A Polícia precisa agir com inteligência para que se evite
tanto quanto possível o uso da força. É necessário mobilizar os especialistas
em Internet da área de Segurança Pública para tentar identificar a origem
dessas convocações.
É preciso, em suma, chegar à raiz do problema. As redes
sociais facilitam essas manifestações, como todos sabemos, mas é evidente que
elas não são espontâneas. Há pessoas convocando esse tipo de ação, que pode,
sim, como se viu no Shopping Metrô Itaquera, degenerar em violência.
No dia em que os shoppings não forem mais áreas seguras,
haverá fuga de frequentadores, queda de vendas e desemprego. E é certo que
estamos tratando também de um sério problema de segurança pública. Num espaço
fechado, em que transitam milhares de pessoas, inclusive crianças, os que
organizam rolezinhos estão pondo a segurança de terceiros em risco.
E que ninguém venha com a conversa de que se trata apenas do
direito de manifestação num espaço público. Pra começo de conversa, trata-se,
reitero, de um espaço privado aberto ao público, que é coisa muito distinta. De
resto, justamente porque os shoppings têm essa dimensão pública, não podem ser
privatizados por baderneiros que decidiram ameaçar a segurança alheia.
Encerro notando que o Brasil precisa ainda avançar muito na
definição do que é público. Infelizmente, entre nós, muita gente considera que
público é sinônimo de sem-dono. É justamente o contrário: o público só não tem
um dono porque tem todos.
Por Reinaldo Azevedo
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