"O Governo da República de Angola considera que as referidas declarações não são sustentadas por quaisquer provas e foram amparadas por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar não só as instituições angolanas, mas também todos os seus cidadãos", diz o Executivo do presidente José Eduardo dos Santos.
Luanda - O governo angolano reagiu, sexta-feira (15), por meio de comunicado divulgado pela agência estatal Angop, a nota do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) que pediu, na última terça-feira, investigação independente a alegado massacre de seguidores da seita religiosa "A luz do mundo", também conhecida por "Kalupteka", nome do líder do movimento, Julino Kalupteka, entretanto preso.Leia a comunicado do governo angolano:
"O Governo da República de Angola considera que as referidas declarações não são sustentadas por quaisquer provas e foram amparadas por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar não só as instituições angolanas, mas também todos os seus cidadãos.
É lamentável que o Alto Comissariado tenha desrespeitado os procedimentos do sistema das Nações Unidas ao caracterizar de "extremamente violentas" as declarações feitas na comunicação social, pública e privada, e pela sociedade civil angolana, em que incluímos as oito dezenas de confissões religiosas reconhecidas legalmente em Angola, desvalorizando os dados oficiais sobre os acontecimentos tornados públicos pelo Governo de Angola.
Consideramos difícil de acreditar que tenham sido mortas e enterradas mais de 1.000 pessoas durante uma noite, sem deixar vestígios, por um efectivo de menos de 50 homens.
Os acontecimentos ocorridos no Monte Sumé estão a ser investigados pelo Estado Angolano, através da Procuradoria-Geral da República, e o líder da seita encontra-se detido e aguarda julgamento, não sendo, portanto, plausível que o mesmo tenha saído incólume, se era o principal visado da acção policial, que pretendia detê-lo por crime de homicídio e reiteradas práticas de desobediência civil.
Gostaríamos também de informar que foram tomadas medidas de realojamento e reintegração das famílias atingidas por este fenómeno.
A seita "7º dia a Luz do Mundo" incitou e conduziu os seus crentes a práticas anticonstitucionais e contra os princípios fundamentais dos Direitos Humanos, onde podemos destacar a privação das crianças à escola e saúde, ao desencorajamento a participar no Censo da População e Habitação, a comercializar e abandonar as suas moradias e a viveram sem condições condignas nas montanhas para aguardarem pelo Fim do Mundo, previsto, de acordo com o seu líder, para o ano de 2015.
Perante estes factos, o Governo de Angola lamenta que o Alto Comissariado tenha ignorado deliberadamente as violações aos Direitos da Criança, em particular, e aos Direitos Humanos em geral, perpetrados pela referida seita e tenha caracterizado como extremamente violentas as condenações feitas por toda a sociedade angolana, dentro e fora dos mais variados órgãos de comunicação social.
Lamentamos que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, um órgão de promoção e protecção dos direitos humanos no mundo, tenha relativamente a este caso, pautado a sua conduta pelo fomento de especulações susceptíveis de ameaçar a paz e segurança do Estado Angolano, tão arduamente almejados por todos os seus cidadãos.
Deste modo, o Governo Angolano, em nome de todos os seus cidadãos, insta o Alto Comissariado das Nações Unidas a apresentar provas das suas declarações ou que se retracte imediatamente apresentando um pedido oficial de desculpas."
Fonte: Portugal Digital
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