Nós vivemos num mundo que chora e geme. Que chora e range os dentes (Mt.25:30.). E quando nós fomos resgatados do pecado, resgatados das trevas (isto deve ir contra a convicção de muita gente boa - e má - da igreja), não houve a imediata transformação de nossa natureza má e pecaminosa.
Continuamos com nosso egocentrismo, nossa vaidade, e nossa perversidade no centro de nosso ser. Com uma diferença: autorizamos o Espírito de Deus a agir em nossa alma, em nosso espírito, em nosso modo de ser, agir e sentir.
Isto é de uma importância sem igual, mas acredito que não esteja sendo muito bem compreendida pelos que freqüentam conosco uma das Igrejas de Cristo.
Primeiro é necessário termos uma idéia do que seja "pecado". Normalmente nos é transmitida a idéia de que pecado é algo que vai acarretar um castigo, uma pena, uma retribuição. O que nem sempre é verdade.
"Pecado", no sentido que vai ser explorado nesta oportunidade, é uma ruptura, um bloqueio, um impedimento que se forma. Um abismo que impede a comunicação entre as partes. Existem três tipos de pecados, classificados de acordo com a pessoa do ofendido: pecados cometidos contra o Senhor nosso Deus, contra a Igreja e contra nossos irmãos.
Normalmente as pessoas tem a idéia de que "pecado" são apenas aqueles atos de extremamente gravidade. Tipo homicídio, seqüestro e estupro.
Normalmente se prega que pecado é "uma transgressão à lei de Deus", ou que é algo que "não procede de fé". Concordo e ensino que tudo isto é pecado. Mas, existem pecado que não se enquadram nessa conceituação. Lembra da parábola da festa de casamento (Mateus 22)? O rei mandou convidar pessoas para o casamento do príncipe. Ele não ordenou, então, de acordo com a corrente noção de pecado, eles não cometeram pecado.
Mas foram destruídos. E os convidados que se apresentaram na festa, não foram intimados para se trajarem de acordo. Mas teve um que foi expulso porque não estava trajado a contento.
Pecado, é mais do que uma simples transgressão à lei de Deus. Pecado é mais do que um ato que não provenha de fé. É tudo que cria uma barreira, uma ruptura, um bloqueio entre nós e Deus. E essa barreira precisa ser quebrada, essa ruptura precisa ser consertada, esse bloqueio precisa ser retirado para que o Espirito de Deus possa voltar a agir, para que nossas orações possam ser ouvidas (e respondidas), para que nossos olhos possam voltar a ver, para que nossa alma volte a sentir o toque do Espirito.
Esse conserto, essa religação, a queda das barreiras, a retirada dos impedimentos é chamada de "perdão".
Infelizmente pecado não some, não desaparece, não morre, não vira pó e nem evapora, como muitos da igreja pensam...
Há um pequeno, mas crucial, fundamental detalhe entre o pecado e o perdão: é o arrependimento. Sem arrependimento não se chega, não se consegue, não se obtém, não se alcança o perdão.
É por isso que Esaú não encontrou perdão, mesmo que com lágrimas o tenha buscado (Heb.12:17).
Esse é o problema que milhares dezenas de cristãos do mundo todo (e de milhões de não-cristãos): querem o perdão, a reconciliação, querem de volta o que perderam com os erros e pecados, mas sem que tenham que atravessar essa "ponte" chamada arrependimento.
Não tem sentido perdoar quem não pecou, e quem não reconhece o pecado que cometeu, também não vê sentido em se arrepender.
Há os que reconhecem o pecado, o erro, a ruptura, mas não se arrependem. Se pudessem voltar no tempo, fariam tudo de novo, e do mesmo jeito. E o perdão, então, é apenas UM RESULTADO que se aspira, e se deseja. Mas não se persegue. O arrependimento está entre o pecado e o perdão.
"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor." (Atos 3:19)
Autor: Takayoshi Katagiri
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