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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Saiba tudo o que o ex-presidente Lula não sabia


Começam a ir ao ar nesta terça-feira (2) as inserções do Partido dos Trabalhadores em rede nacional de televisão com o objetivo de defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, além de ter em seus calcanhares a Operação Lava Jato, é investigado pelo Ministério Público em São Paulo e Brasília. 

Enquanto a sigla reduz as evidências colhidas contra Lula a ‘preconceito’, o ex-presidente volta a utilizar-se da retórica de que nada sabia sobre as traficâncias em série operadas por petistas graúdos com gabinete no Planalto. Também não explica por que as reformas em seus imóveis foram pagas por empreiteiras enroladas no petrolão. Nem dá detalhes de sua amizade com empreiteiros hoje condenados pela Justiça.

O site de ‘Veja’ preparou uma lista com os principais escândalos que envolveram assessores diretos, ou parentes, do ex-presidente. Mas dos quais ele alega nunca ter ficado sabendo. 

Confira:

Petrolão: o PT de volta à prisão

Gestado e colocado em prática nos governos de Lula, e estendido ao primeiro mandato de Dilma, o esquema de corrupção na Petrobras é o maior já descoberto no Brasil. Conduzida pelo juiz federal Sergio Moro, a Operação Lava Jato levou à carceragem da Polícia Federal em Curitiba José Dirceu, o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto e empreiteiros do chamado “clube do bilhão”, além de diretores da estatal e inúmeros operadores. 

Segundo delatores da operação, o PT ficaria com 3% dos contratos superfaturados da Petrobras e haveria compra de apoio político no Congresso, aos moldes do mensalão. A Lava Jato chegou aos calcanhares de Lula na semana passada, com sua 22ª etapa, a Triplo X, que apura se imóveis construídos pela cooperativa Bancoop, como o Condomínio Solaris, no Guarujá, foram usados para pagamento de propinas e lavagem de dinheiro. A vizinha de Lula na praia das Astúrias, Nelci Warken, está presa.

Mensalão

Enquanto ainda não se tinha notícia das traficâncias na Petrobras, o mensalão reinou absoluto como maior caso de corrupção da história do Brasil. Descoberto em 2005, após denúncia do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o esquema se resumia à compra de apoio político ao governo Lula no Congresso por meio de operadores como o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. 

O escândalo levaria José Dirceu e outros petistas estrelados a condenações no STF, mas Lula não se abalou. O presidente caprichou no tom de vítima e mandou, sem corar, o já clássico pronunciamento: “Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política”.

O caso de Rosemary

Uma das mais íntimas assessoras de Lula, Rosemary Noronha era chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo em novembro de 2012, quando foi pega na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, vendendo facilidades no governo do “chefe”, como costumava chamar o presidente. Instado a se pronunciar sobre Rose e suas peripécias, Lula se negou a fazer comentários sobre “assuntos particulares”. Exonerada do cargo pouco depois da deflagração da operação, Rose foi indiciada por tráfico de influência e corrupção passiva.

Os negócios do primogênito


A veia empreendedora dos filhos da família Lula da Silva aflorou depois da chegada de Lula à Presidência da República. A faixa presidencial no peito do pai funcionou como um toque de Midas às brilhantes ideias de Fábio Luís, o Lulinha, e Luís Cláudio. Lulinha foi de monitor do zoológico de São Paulo a beneficiário de um aporte de cinco milhões de reais da antiga Telemar, hoje Oi, em uma empresa aberta por ele em 2004, a Gamecorp. 

Como a Telemar tinha participação do BNDES, o Ministério Público resolveu investigar o investimento em 2006. Quando o caso veio a público, Lula se mostrou um orgulhoso pai coruja ao classificar o filho como um autêntico “Ronaldinho dos negócios”.

Os negócios do caçula


Luís Cláudio, o caçula dos Lula da Silva, é o caso mais recente de ascensão social na família. Formado em educação física, Luís Cláudio chegou a trabalhar em clubes de futebol, como Corinthians e Palmeiras. Numa guinada empreendedora, no entanto, recebeu 2,5 milhões de reais da Marcondes & Mautoni, empresa especializada em lobby para o setor automotivo, por… uma consultoria esportiva. 

Os investigadores da Operação Zelotes concluíram que o estudo entregue pelo filho de Lula para justificar tamanho investimento foi retirado da internet. O amador Luís Cláudio não teve a mesma sorte do irmão. Em depoimento à Zelotes, Lula disse que seu caçula não o consultou sobre os pagamentos feitos pelo lobista Mauro Marcondes, preso por supostamente participar da compra de medidas provisórias em seu governo.


Tríplex no Guarujá

A revelação de que Lula possui um tríplex de frente para o mar da praia das Astúrias, no Guarujá (SP), construído por uma cooperativa de bancários que faliu nas mãos de um ex-tesoureiro do PT, hoje preso, e reformado pela OAS, empreiteira enterrada até o pescoço no Petrolão, também seria desmentida pela fábrica de justificativas do ex-presidente. 

Segundo o portador da imodesta e autoproclamada “alma mais honesta deste país”, Lula, dona Marisa Letícia comprou a prestações uma cota da Bancoop em 2005 e, assim como outras 3.000 famílias, teria a opção de compra do imóvel quando ele saísse do papel. 

O apartamento não teria interessado e a cota, devidamente declarada no imposto de renda, foi passada para frente. Desta vez, no entanto, Lula terá que sustentar sua versão na condição de investigado pelo Ministério Público, em depoimento que ocorrerá em 17 de fevereiro.

Fundos de pensão


Dos quatro principais fundos de pensão de estatais, Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal), Postalis (Correios) e Previ (Banco do Brasil), só o último não é comandado por indicados do PT – e não está deficitário. 

Segundo o presidente da CPI dos Fundos de Pensão da Câmara, Efraim Filho (DEM-PB), a corrupção nos fundos de pensão segue os moldes de Mensalão e Petrolão, sob influência de nomes ligados a Lula, como José Dirceu, Antonio Palocci e José Carlos Bumlai, cujo aposto mais conhecido é “amigo do Lula”.

“Aloprados”

Em setembro de 2006, a Polícia Federal prendeu dois petistas que tentavam negociar um falso dossiê para envolver José Serra, então candidato ao governo paulista, e Geraldo Alckmin, que disputava a Presidência da República, no caso da máfia dos sanguessugas. Beneficiário dos possíveis estragos causados aos tucanos pelos dossiês, Lula atribuiu o caso a “um bando de aloprados”. 

O ex-assessor especial da Presidência Freud de Godoy foi acusado pelos tais “aloprados” de participar da negociação dos dossiês, e o coordenador-geral da campanha à reeleição, Ricardo Berzoini, tinha conhecimento de toda a operação. Abusando da lógica, Lula disse que “se tem um candidato que não precisava de sarna para se coçar, era eu”.


Fonte: Veja

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