Por Por Orlando Oda
Alguns anos atrás li no livro “A prosperidade
está na mente”, do Prof. Katsumi Tokuhisa, sobre “as quatro tentações de
Satanás”. Desde então, toda vez que sou tentado a justificar algum meio para
buscar resultados fáceis e rápidos, procuro relembrar estas lições. Diz o autor
que Satanás tem quatro tentações para fazer as pessoas cometerem pecados.
A primeira tentação é “todos fazem isso”. É uma
forma de dividir a culpa com outras pessoas e diminuir a sua parte. Misturado no
meio de muitos, há a sensação de anonimato, que faz a culpa se sentir menor. As
pessoas pacíficas no meio da multidão ficam violentas. As pessoas escondidas no
anonimato das máscaras também ficam. É a forma para justificar um ato que fere a
nossa consciência. Mesmo quando todos praticarem, o errado continua sendo
errado.
A segunda tentação é “é um ato sem
importância”. Quando qualificamos que um ato é sem importância, diminuímos o
nosso sentimento de culpa. É o passo inicial para adquirimos mal hábito. Só
aprendemos a dar o segundo, terceiro passo depois que damos o primeiro passo. É
o começo para repetir condutas erradas. Inicia com pequenos atos ilícitos que
acabam levando para erros cada vez mais graves. Por menor que seja, o que é
errado é errado, por isso todo cuidado é pouco.
A terceira tentação é “é só uma vez”. O
problema é que se fizermos algo errado pensando que é só esta vez, seremos
levados a repetir o erro pensando “já que errei uma vez, não haverá diferença se
errar novamente”. Na primeira vez agimos temerosamente, mas na segunda,
terceira, sentimos cada vez menos temor. Logo a nossa consciência estará
anestesiada e livre para praticar atos bem mais ousados.
Nas primeiras vezes os atos errados incomodam a
nossa consciência, mas com as repetições passaremos a não sentir remorso como se
estivéssemos fazendo algo normal. É como uma mentira que contamos várias vezes.
Na vigésima primeira vez, já não sabemos se estamos contando uma mentira ou uma
verdade. Por isso, é necessário resistir pensando firmemente: não importa se
seja uma vez, o que é errado é errado.
A quarta tentação é “ainda tenho muito tempo
pela frente”. Muitas pessoas caem nesta armadilha pensando que tem muito tempo
pela frente para retificar o erro, agir corretamente. Está desperdiçando a
coisa mais preciosa que recebemos da natureza: o tempo, ou seja, a vida. Além
disso, o tempo é a coisa mais justa que existe no universo. Toda pessoa, sem
exceção, tem as mesmas vinte quatro horas por dia, seja rico ou pobre, adulto ou
criança, preto ou branco. Portanto, não há como utilizar a falta de tempo como
justificativa.
Se fizermos uma pequena conta veremos que temos
poucas horas de vida. Supondo que iremos viver 80 anos, são 700.800 horas (24 x
365 x 80), que não é a expectativa média de vida dos brasileiros. Considerando
que dormimos 8 horas por dia na realidade são 467.200 horas. Aprenda a
administrar o tempo, seja organizado e racional. Não há tempo a perder.
Se considerarmos somente as horas trabalhadas
são pouco mais de 120.000 horas (desconta os finais de semana e feriados, faz de
conta que trabalha em média 10 horas por dia por 40 anos). O tempo passa
rapidamente. Há atividades que só podem ser realizadas enquanto jovens. Com o
passar do tempo se tornam cada vez mais difíceis por limitações físicas,
compromissos familiares, profissionais, etc.
A forma de não cair nas tentações é utilizar a
técnica do tear. O tear é uma ferramenta simples que faz o entrelaçamento de
dois conjuntos de fios: trama e a urdidura que gera o tecido como resultado.
Urdidura são as linhas guias no sentido vertical. A trama são os fios que são
passados entre os fios verticais (urdidura) no sentido horizontal.
As nossas decisões e ações são as linhas que
compõem a trama que tece o tecido. O tecido é o resultado obtido através das
nossas ações. Se estiver firmemente amparado pelas linhas da urdidura o
resultado será um tecido bonito, bem acabado. As decisões e ações que tomamos
devem ser guiadas pelas linhas mestras da vida: princípios e valores
verdadeiros.
Nem sempre percebemos claramente o enredo ou
trama da vida. As tentações podem querer apontar os caminhos mais fáceis,
rápidos, porém escuros e cheios de buracos. Para não cairmos no buraco
necessitamos da linha guia para nos conduzir para caminhos iluminados. Lembrar
sempre do tear: os fios horizontais guiados pelo fio vertical da retidão gera o
tecido e nela faz aparecer os lindos desenhos.
Não há como consertar atos errados. Erros ficam
registrados na linha do tempo para sempre. Os erros ocultos transformam na dor
de consciência ou pecado. O pecado está associado ao resgate pela dor ou
sofrimento. Enquanto mantiver oculto o sentimento de pecado, inconscientemente
faz o resgate através da dor. É muito fácil criar a dor. Basta um insucesso ou
uma doença. É a causa do fracasso de muitos empreendimentos e pessoas.
Para aqueles que acreditam na lei do carma ou
na lei de causa e efeito é mais fácil compreender: a causa da dor, do fracasso,
da doença está no sentimento de erro guardado. Erro oculto transforma em pecado.
Para se libertar precisa exteriorizar através do perdão, confissão,
arrependimento ou sessão de psicanálise, cirurgia para extrair algum órgão,
perda de dinheiro, etc. Creio que seja melhor colocar em prática o ditado: “é
melhor prevenir do que remediar”. Não adianta colocar a tranca depois de a casa
ser arrombada.
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