Você já deve ter ouvido a frase “o que é verdade para você, não quer dizer que seja verdade para mim” ou “não há verdades absolutas, tudo é relativo”. Estas frases, entre outras, são frases do pensamento relativista, como define Pondé:
A antiga ideia sofista de que, sendo o homem a medida de todas as coisas, tudo não passa de um ponto de vista, de certa forma. (Os Dez Mandamentos + um, p. 102)
Agora, imagine se nós vivêssemos num mundo onde só há mentiras, ou melhor, onde não há
verdades absolutas e o relativismo imperasse? Será que seria normal eu mentir para a minha mulher, dizendo que a buscaria no trabalho, porém ao invés vou jogar futebol, deixando-a lá esperando? Creio que nenhuma mulher que crê no relativismo ficaria feliz com a mentira do seu marido.
Todos nós não gostamos que as pessoas mintam, mas, infelizmente, mentimos dos outros e sobre os outros. E é isso que o Catecismo de Heidelberg, no 43º Dia do Senhor, quer nos ensinar sobre o Nono Mandamento.
112. O que Deus exige no nono mandamento?
R. Jamais posso dar falso testemunho contra meu próximo (1) , nem torcer suas palavras (2) ou ser mexeriqueiro ou caluniador (3). Também não posso ajudar a condenar alguém levianamente, sem o ter ouvido (4). Mas devo evitar toda mentira e engano, obras próprias do diabo (5) , para Deus não ficar aborrecido comigo (6). Em julgamentos e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente (7). Também devo defender e promover, tanto quanto puder, a honra e a boa reputação de meu próximo (8).
(1) Pv 19:5,9; Pv 21:28. (2) Sl 50:19,20. (3) Sl 15:3; Rm 1:30. (4) Mt 7:1,2; Lc 6:37. (5) Jo 8:44. (6) Pv 12:22. (7) 1Co 13:6; Ef 4:25. (8) 1Pe 4:8.
Os tópicos abordados na P/R 112 faz com que tenhamos um nó na garganta. Se você não se sentiu culpado depois ter lido essa resposta, leia novamente e devagar. Ela nos mostra o que não devemos fazer e o que devemos fazer.
O que não devemos fazer
Antes que você se defenda daquilo que o Catecismo está nos mostrando, vamos olhar os tópicos sob outra ótica, simplificadamente:
• Falso testemunho = meias verdades;
• Torcer as suas palavras = acrescentar detalhes na história, sendo que não houve esses detalhes;
• Mexeriqueiro ou caluniador = Fofoca. Podemos fofocar de duas maneiras: Contar algo que não é verdadeiro e contar algo verdadeiro, mas que é desnecessário passar a diante. Quer ver um exemplo? Os nossos pedidos de oração. Sem querer (querendo, como diz o Chaves), nós contamos sobre a vida de alguém nos nossos pedidos de oração. Não precisa contar os detalhes do caso, peça pela pessoa e que Deus aja providencialmente.
• Condenar levianamente = “É, foi ele sim!” O nosso senso de justiça é muito apurado. Como, por exemplo, a história de uma senhora que passava em frente à casa do pastor e, da rua, ela via pela janela o pastor correndo com a vassoura em punhos e sua mulher correndo na frente. A senhora, indignada, contou para todo mundo que o pastor batia na mulher. Mas, mal sabia ela que o marido estava correndo atrás de um rato, pois sua mulher tinha medo de ratos.
O que eu devo fazer
Contar a verdade em qualquer situação, mesmo que eu saia prejudicado. Pois, qualquer tipo de mentira é pecado e Deus se ira.
Uma das coisas que nós não prestamos atenção, por exemplo, são os votos que fazemos diante da igreja. Fazemos a nossa Pública Profissão de Fé, falando diante da igreja que cremos e aceitamos todos os tópicos, que ensinaremos nossos filhos, oraremos com eles e por eles, além de leva-los à igreja, mas, no fim, não fazemos nada e não cumprimos com os votos que fizemos a Deus.
Se...
Se eu não falo do meu próximo e ao meu próximo, será que eu falo a verdade para Deus e sobre Deus? Parece estranho essa pergunta, mas todas as vezes que olharmos para os dez mandamentos, devemos ter em mente de que só cumpriremos um ponto se cumprimos o outro e, assim, sucessivamente. Ou seja, só cumprirei a segunda tábua da lei se eu cumprir a primeira tábua – era isso que o jovem rico não sabia, pois seu coração estava apegado e servindo às riquezas (Mc 10.17-22).
Reflita, se a segunda tábua da lei quebramos diariamente e não lutamos para isso melhorar é porque a primeira já se quebrou à tempos.
Autor: Denis Monteiro
Fonte: Bereianos
Fonte: Bereianos
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