Falta de conhecimento da Bíblia como causa de corrupção generalizada e censura mortífera
Julio Severo
Em pleno século XXI e especialmente no movimento pró-vida e conservador, não faz sentido nenhum defender a Inquisição, tema extremamente divisivo e que em nada contribui para a causa pró-família. Mas desde 2013 tenho visto a Inquisição, que torturava e matava judeus e evangélicos, sendo apaixonadamente desculpada e até mesmo defendida por alguns católicos.
Confira estes artigos “A inquisição, o papa e o suspiro de alguns católicos ‘conservadores’” e “Um ativista pró-vida pode defender a Inquisição?” de 2013 e este outro de 2015, onde o autor atribui efeitos praticamente “anestésicos” nas vítimas das fogueiras da Inquisição.
Confira também minha comunicação com o escritor católico americano Theodore Shoebat, que disse: “A Inquisição foi necessária para proteger o povo da Espanha e Portugal, e da América Latina, da tirania pagã.” (Para entender mais sobre o caso Shoebat, veja as declarações dele aqui e meu artigo “Uma Inquisição Mundial para Matar Homossexuais?”)
Confira também minha comunicação com o escritor católico americano Theodore Shoebat, que disse: “A Inquisição foi necessária para proteger o povo da Espanha e Portugal, e da América Latina, da tirania pagã.” (Para entender mais sobre o caso Shoebat, veja as declarações dele aqui e meu artigo “Uma Inquisição Mundial para Matar Homossexuais?”)
Após essa defesa da Inquisição, vejo-me na obrigação cristã de expor a verdade, pois só a verdade liberta.
Estou lendo o livro “The History of Religious Liberty” (A História da Liberdade Religiosa), escrito pelo Dr. Michael Farris, fundador da prestigiosa Home School Legal Defense Association (Associação de Defesa Legal da Educação Escolar em Casa), que é a maior associação de educação em casa do mundo.
Esse excelente livro, que também trata da Inquisição e tortura e morte de cristãos em fogueiras, pode ser adquirido, em sua versão impressa em inglês, no WND (WorldNetDaily), neste link. Para comprar a versão em Kindle, clique aqui.
“The History of Religious Liberty,” recomendado pelo WND, que é um dos maiores sites conservadores do mundo, deveria ser lido por todos os que querem entender o preço sangrento da liberdade religiosa na Inglaterra. Isso grandemente beneficiou os EUA.
Em determinado trecho desse livro, me lembrei do Brasil, que tem, em grande escala, o mesmo problema descrito pelo Dr. Farris e que ocorria de forma abundante na Inglaterra antes da Reforma protestante 500 anos atrás. Ele conta sobre um poderoso cardeal que tinha quase tanto poder na Inglaterra quanto o próprio rei.
O Dr. Farris diz:
“[O ultrapoderoso cardeal Thomas] Wolsey tinha incrível poder e riquezas… Ele foi ordenado padre e se tornou capelão no palácio real em torno do ano 1507. Ao longo do caminho, Wolsey ajuntou uma fortuna estupenda que rivalizava com a fortuna do rei. Parte dessa fortuna veio da prática de conceder cargos múltiplos para os principais clérigos católicos.
Desses cargos, ele obtinha parte de múltiplos salários. Enquanto mantinha cargo no governo, Wolsey tinha simultaneamente posições na Catedral de Hereford e nas dioceses de Limington, Redgrave, Lydd e Torrington, entre outras.
Isso não significa que Wolsey estava ocupado pregando ou pastoreando essas congregações ou dioceses; a prática comum era similar à de um senhorio ausente: coletando salários lucrativos enquanto dava pouco, se é que dava, serviço direto. Wolsey não era o único que tinha essa prática.
Por exemplo, a diocese de Worcester era um dos bispados mais abusados da Inglaterra. Poucos de seus bispos principais haviam vivido ali desde 1476, e depois de 1512 ‘a diocese havia tido três bispos italianos, que viviam folgados em Roma, mas nunca haviam colocado o pé na Inglaterra. Apesar disso, esses bispos recebiam salários gordos.’”
“Em 18 de novembro de 1515, Wolsey foi consagrado cardeal numa cerimônia na Abadia de Westminster e só um mês mais tarde, em 24 de dezembro, ele foi empossado como Juiz Supremo — o cargo mais elevado da Inglaterra depois do cargo do rei. Diz-se que “o poder dele com o rei era tão grande que o embaixador veneziano disse que ele agora podia ser chamado de ‘Ipse rex’ (o próprio rei).”
O Dr. Farris explica então a causa dessa corrupção:
“A Bíblia era essencialmente desconhecida numa nação em que a Igreja Romana era tão dominante que os rendimentos anuais do papa na Inglaterra eram comparáveis aos rendimentos do rei. Até mesmo o clero era em grande parte analfabeto na Bíblia.”
Em outras partes de seu excelente livro, Farris mostra que cristãos ingleses que tentavam traduzir a Bíblia para o inglês eram torturados e mortos na fogueira. Cristãos que tentavam pregar a Bíblia para o povo também sofriam o mesmo destino.
A Igreja Católica mantinha o povo na ignorância pregando a Bíblia somente em latim, língua que o povo não entendia. Farris explica como um padre foi condenado à fogueira por pregar a Bíblia ao povo:
“No começo de 1529, um padre chamado Thomas Hitton foi preso por heresia depois de pregar em Kent. Ele foi interrogado — podemos presumir que sem misericórdia — e confessou ter contrabandeado do continente europeu para a Inglaterra um Novo Testamento em inglês.
Ele foi condenado pelo arcebispo Warnham e pelo bispo Fisher. Por prática comum, a condenação eclesiástica foi efetuada pelas autoridades seculares para manter o fingimento de que a Igreja Católica não derramava sangue. Em 23 de fevereiro de 1529, Hitton foi queimado na estaca em Maidstone.
Os que professavam amar e servir a Deus de modo cerimonioso executaram outro homem que professava ser cristão. Eles fizeram a execução com uma morte lenta, agonizante e brutalmente dolorosa — tudo com o objetivo expresso de enviar este ‘herético’ direto para as chamas do inferno.”
Depois de Wolsey, Thomas More foi nomeado Supremo Juiz da Inglaterra em 1529. De acordo com Michael Farris, More se regozijou ao ver um homem condenado à fogueira pelo único “crime” de possuir um Novo Testamento de Tyndale.
Segundo Farris, o sanguinário More disse:
“E agora o espírito do erro e da mentira levou essa alma desgraçada consigo direto da chama temporária para a chama eterna.”
Na sua obsessão de impedir o povo de ter acesso a Bíblia, More perseguia de modo especial quem tentasse traduzi-la para o inglês. Ele foi um grande perseguidor de William Tyndale, cuja tradução da Bíblia foi base para a famosa Versão do Rei James (King James Version), usada pelos povos de língua inglesa desde o século XVII.
De acordo com Farris: “More queria que todos fossem ignorantes da Palavra escrita de Deus para que nunca duvidassem da Igreja Católica em questão alguma.”
Para More, Tyndale era um “herético” digno da fogueira, pois ao traduzir o Novo Testamento ele havia “corrompido” algumas palavras da Bíblia. Entre as palavras, Michael Farris destaca a palavra “amor.”
Farris comenta:
“A discussão sobre a palavra grega ágape tinha implicações sérias para as práticas católicas. Traduzida ‘caridade,’ como More desejava, a palavra tem implicações financeiras claras. Se Tyndale está correto, e a palavra for traduzida como ‘amor,’ então 1 Coríntios 13 indica que o dever mais elevado do cristão é amar os outros em vez de dar ofertas de caridade para a Igreja Católica.”
Farris então mostra como Tyndale se defendeu por não usar a palavra “caridade” no lugar de amor:
“Em todos os seus escritos, ele demonstra como as cerimônias que a Igreja Romana argumenta foram reveladas por Deus para as autoridades católicas são compreendidas melhor como oportunidades para o clero fazer dinheiro. A venda de indulgências é, entre essas práticas, a mais conhecida. A Igreja Católica nega às pessoas a liberdade de conhecer a Palavra de Deus, sugere Tyndale, porque se elas pudessem lê-la por si mesmas elas parariam de pagar pelos serviços religiosos que são contrários ao ensino da Bíblia.”
É evidente que o clero católico inglês mantinha o povo deliberadamente na ignorância para explorá-lo financeiramente. E a Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Nenhum papa, cardeal ou bispo é imune a esse mal.
Isso me faz recordar que a ganância da Igreja Católica, como explicou o neocon católico Cliff Kincaid, tem sido uma das grandes causas da invasão de “imigrantes” islâmicos no EUA.
Sobre ignorância e corrupção, é interessante observar que a maioria dos atuais políticos petistas corruptos do Brasil tiveram um histórico com a Igreja Católica, especialmente nas comunidades eclesiais de base com sua Teologia da Libertação.
Aliás, é opinião geral comum que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), o partido socialista que hoje governa o Brasil.
A ignorância do católico brasileiro vai muito mais longe do que ter um apego excepcionalmente grande à Teologia da Libertação. É um apego também a falsificações históricas e religiosas.
Enquanto Michael Farris diz que a execução dos “heréticos” na fogueira era uma morte lenta, agonizante e brutalmente dolorosa, o filósofo Olavo de Carvalho desmente tudo isso dizendo:
“Até mesmo na imagem popular das fogueiras da Inquisição a falsidade domina. Todo mundo acredita que os condenados ‘morriam queimados,’ entre dores horríveis. As fogueiras eram altas, mais de cinco metros de altura, para que isso jamais acontecesse. Os condenados (menos de dez por ano em duas dúzias de países) morriam sufocados em poucos minutos, antes que as chamas os atingissem.”
Em contraste com a versão romântica oferecida por Carvalho, Farris escreveu que em 9 de fevereiro de 1555, o bispo protestante John Hooper foi executado por “heresia.” Farris diz:
“O fogo havia queimado suas pernas e ele só ficou com tocos do que sobrou. Ele permanecia orando em angústia. Um de seus braços acabou caindo de queimado.
A tortura infernal durou 45 minutos antes que Hooper, retendo consciência o tempo inteiro, finalmente sucumbiu às chamas brutalmente lentas.”
Farris também disse:
“Perotine Gosset, junto com sua mãe e irmã, foi condenada por heresia no verão de 1556 em Guernsey, nas Ilhas do Canal. Perotine não havia revelado às autoridades que ela estava grávida. O calor das chamas fez com que ela desse à luz um filho vivo, que foi arrancado das chamas pelos espectadores. O xerife agarrou o bebê e o jogou de volta à massa em chamas de madeira e carne humana. A aparente razão dele era que o bebê havia estado na mãe quando ela foi condenada a morrer, e assim a sentença de morte também se aplicava a ele.”
A execução de “heréticos,” por morte na fogueira, era realizada nas infames estacas. Farris registra em seu livro muitas de tais execuções na fogueira. A palavra “execução” aparece cerca de 100 vezes no livro de Farris.
Ele diz que entre 1506 e 1519, a Igreja Católica na Inglaterra queimou na estaca 22 seguidores de John Wycliffe (1328-1384), que fez a primeira tradução da Bíblia para o inglês.
Farris conta que em 1529, Thomas More torturou e executou John Tewkesbury na fogueira, por seguir a Bíblia.
De acordo com Farris, More realizou muitas execuções semelhantes. Farris disse: “More defendeu suas muitas execuções descrevendo os ‘heréticos’ que foram ‘com justiça’ queimados na estaca.”
Na opinião de Carvalho, quem mente sobre as execuções horrendas promovidas pela Igreja Católica 500 anos atrás não é ele, mas sim os americanos. Ironicamente, ele não vive mais no maior país católico do mundo (o Brasil). Ele vive no maior país protestante do mundo, bem no Cinturão Bíblico. Mesmo assim, ele diz:
“Esclareço: O mito da Inquisição foi A MAIS VASTA E DURADOURA CAMPANHA DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO DE TODOS OS TEMPOS, DURA ATÉ HOJE, COM FINANCIAMENTO MILIONÁRIO, E PARECE QUE NÃO VAI ACABAR NUNCA. QUEM A INVENTOU NÃO FORAM ILUMINISTAS NEM COMUNISTAS. FORAM PROTESTANTES, QUE CONTINUAM A PROMOVÊ-LA ATÉ AGORA, TENDO COMO CENTRO IRRADIANTE AS IGREJAS DOS EUA.
Isso é um fato histórico que nenhum historiador profissional hoje em dia desconhece, e não tem nada a ver com ‘debates teológicos.’”
Num comentário de outubro de 2015, o Sr. Carvalho disse que os protestantes anti-Inquisição são piores do que a KGB.
Com sua linguagem habitual de afirmar que ele é apoiado por “fatos históricos, abundantemente conhecidos…” (quando na realidade ele não apresenta nenhuma fonte confiável e mascara seus argumentos fracos com um pseudo-intelectualismo), ele disse:
“É fato histórico hoje abundantemente conhecido que a ‘lenda negra’ da Inquisição foi de cabo a rabo uma invenção de protestantes, não de iluministas ou comunistas. E é fato que essa lenda foi e é ainda a mais vasta, maliciosa, mentirosa e pertinaz campanha de calúnia e difamação já registrada na História. Dura há quinhentos anos, estende-se por todo o mundo ocidental e não dá o menor sinal de querer parar. A KGB nunca realizou nada DESSE tamanho. Gostem ou não gostem, essa é a realidade.”
Aparentemente, só por ser protestante americano Michael Farris estaria envolvido num suposto “mito” e “campanha de difamação” contra a Inquisição e suas execuções.
Fico imaginando se Carvalho também incluiria o Rev. Franklin Graham, presidente da Associação Evangelística Billy Graham, que disse sobre a Inquisição: “Muitas pessoas na história usaram o nome de Jesus Cristo para fazer coisas malignas para realizar seus próprios desejos. Mas Jesus ensinou paz, amor e perdão. Ele veio para dar Sua vida pelos pecados da humanidade, não para tirar a vida de ninguém.”
Ignorância da Bíblia e do Evangelho é a maior causa dessas confusões, inclusive do papel inegável da Igreja Católica no Brasil promovendo um marxismo teológico que tem feito imenso sucesso no Brasil nos últimos 50 anos.
Menos Bíblia significa mais ideologia, mais ganância e mais corrupção. Se a Igreja Católica no Brasil ensinasse seu povo a se dedicar à Palavra de Deus, haveria pouco ou nenhum espaço para a ideologia marxista, e o PT nunca teria sido fundado. E a CNBB seria uma pregadora do Evangelho, não uma pregadora de ideias socialistas.
Não se pode, pois, atribuir toda a corrupção epidêmica no Brasil exclusivamente ao marxismo e aos petistas. Como bem mostrou Michael Farris, séculos antes de existir marxismo, a corrupção e a ganância do clero católico na Inglaterra eram coisa de invejar a qualquer petista moderno. Os petistas só não chegaram a queimar na fogueira os verdadeiros seguidores de Jesus.
Não é coincidência também que todo o atual escândalo de corrupção petista está ocorrendo no maior país católico do mundo. Em muitos aspectos, isso lembra os escândalos expostos por Farris. Como disse Salomão em Eclesiastes há 3 mil anos, não há nada novo debaixo do sol.
Logo que a Inglaterra se desfez do domínio de um clero católico que a controlava com ganância e abraçou a Reforma protestante com sua prática de leitura da Bíblia, a nação prosperou intensamente, se tornando o Império Britânico. Mas a abertura da Inglaterra à Bíblia não foi total.
Onde foi total, houve maior prosperidade, e os Estados Unidos, onde a Bíblia era o livro nacional principal, se tornou um império muito mais importante e poderoso do que o Império Britânico.
Thomas More, o assassino que tinha uma câmara de tortura no porão de sua casa para arrancar confissões de suas vítimas “heréticas,” acabou sendo condenado e executado por intrigas políticas.
A Igreja Católica o transformou em “santo” e “mártir.” Ele deixou este mundo com um rastro de protestantes torturados e mortos. O foco de sua vida era a religião católica, não obediência a Deus por meio da Bíblia.
William Tyndale, considerado por Michael Farris um dos precursores da liberdade religiosa nos EUA, era ferozmente combatido por More e foi condenado à morte na fogueira como “herético.” Tyndale deixou este mundo sem nunca ter torturado e matado um único católico ou discordante religioso. O foco de sua vida era Jesus e Seu Evangelho.
Esse é o próprio exemplo dos apóstolos de Jesus, que eram conhecidos por pregar o Evangelho com uma dedicação tão grande que eles estavam dispostos a morrer por ele, não a matar no nome dele.
Ignorância da Bíblia leva inevitavelmente à corrupção generalizada e à Inquisição — censura total e mortífera contra os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo.
O acesso à leitura da Bíblia é fundamental para a libertação de um povo das trevas do ateísmo e da religião. Todos os primeiros presidentes dos Estados Unidos eram leitores assíduos da Bíblia. Alguns a liam nos originais grego e hebraico. Outros foram também presidentes de sociedades bíblicas, cuja missão era facilitar o acesso e leitura da Bíblia e a evangelização dos povos.
A decadência moral e espiritual da Inglaterra e EUA hoje se deve, coincidentemente, ao fato de que essas duas nações abandonaram, entre suas lideranças políticas e suas populações, a prática da leitura e obediência da Bíblia, cujo acesso foi adquirido para ingleses e americanos por Tyndale e outros com preço de sangue e martírio.
Versão em inglês deste artigo: Bible Ignorance, Clergy Corruption and the Inquisition in England before the Reformation
Fonte: www.juliosevero.com
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