O preço do petróleo está em níveis baixos nunca vistos desde o final de março de 2004, por volta de US$ 30 o barril. Já se fala até que pode chegar à casa dos US$ 20 o barril.
O UOL preparou este resumo para ajudar a entender melhor as causas e consequências dessa queda nos preços da matéria-prima, como isso pode afetar a Petrobras e o pré-sal e por que a gasolina não fica mais barata aqui no Brasil.
Se o petróleo cai, a gasolina cai também?
Nos EUA, a gasolina chegou a ser vendida a menos de US$ 2 o galão (cerca de US$ 0,52 o litro) em 14 de janeiro. É o valor mais baixo desde março de 2009, quando o país estava em plena recessão.
E no Brasil? Bom, no Brasil é diferente. Aqui os preços dos combustíveis são controlados pelo governo, que é sócio majoritário da Petrobras.
A estatal mantém o monopólio na produção e importação do combustível no país. Em geral, a empresa compra combustíveis no exterior e revende-os no país; com o petróleo barato, ela revende o combustível mais caro.
A Petrobras pode baixar os preços?
Pode, mas é pouco provável que isso aconteça. A estatal revisa os preços a cada três meses. Fontes ouvidas pela "Folha" afirmam que o Conselho de Administração da petroleira defende manter os preços da gasolina e do diesel como estão.
Esses ganhos atuais ajudam a petroleira a recuperar parte do que perdeu quando o petróleo estava caro e também a arrumar suas contas, em meio a um endividamento muito grande e à crise nos negócios devido à operação Lava Jato.
Por que o preço do petróleo está caindo tanto?
O principal motivo é que há uma grande quantidade de petróleo disponível no mercado, mas as compras estão caindo. Quando os preços do petróleo estavam altos, foram feitos muitos investimentos e abertas novas áreas de exploração pelo mundo. Porém, o crescimento da economia global não acompanhou o mesmo passo.
Com isso, a conta não fecha: ficam centenas de milhares de barris por dia sem comprador. Seguindo a lei da oferta e da procura, então, o preço cai.
Por que a procura está em baixa?
Por causa da desaceleração do crescimento de várias economias do mundo e, em especial, devido às turbulências financeiras na China, segundo maior consumidor e maior importador mundial da matéria-prima.
Quais os maiores produtores do mundo?
Os EUA tornaram-se maior produtor de petróleo do mundo em 2015, pela primeira vez desde 1975, graças ao óleo de xisto, um substituto do petróleo. Com isso, reduziram significativamente suas importações e tornaram-se uma ameaça comercial para produtores tradicionais.
Além disso, em janeiro de 2016, os EUA voltaram a exportar a matéria-prima, após 40 anos de restrições à exportação, impostas durante uma crise nos anos 1970.
Outros grandes produtores, segundo a Agência Internacional de Energia, são Arábia Saudita, Rússia, China, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Brasil e México.
Por que não reduzir a produção para subir o preço?
Os países produtores não chegam a um acordo sobre um corte da produção, o que ajudaria a puxar os preços para cima.
Até mesmo dentre os países membros da Opep (são 13, entre eles Arábia Saudita, Nigéria e Venezuela), responsáveis pelo fornecimento de cerca de 40% do petróleo do mundo, não há consenso se devem ou não retomar limites para a produção, como faziam no passado.
Na última reunião, em dezembro, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidiram deixar tudo como está, em uma aposta para jogar os rivais norte-americanos para fora do mercado.
A situação pode piorar?
Sim, pois a quantidade de petróleo no mercado pode aumentar ainda mais. Isso porque o Irã, dono de grandes reservas de petróleo e gás natural, irá voltar ao páreo, após a suspensão de sanções internacionais impostas há uma década por causa de seu programa nuclear.
Com isso, o país do Golfo Pérsico poderá exportar petróleo (colocando mais produto no mercado e fazendo o preço cair ainda mais), além de receber investimentos de empresas estrangeiras do setor.
Quais as consequências do petróleo barato?
A queda do preço do petróleo afeta os orçamentos dos países produtores: os Estados mais dependentes de seu petróleo são obrigados a adotar dolorosas medidas anticrise, como a Venezuela, em plena crise política, a Arábia Saudita, a Rússia ou a Argélia.
As empresas de petróleo e gás, por sua vez, são obrigadas a cortar custos para sobreviver. Isso, muitas vezes, envolve cortes de investimentos e funcionários. A petrolífera britânica BP, por exemplo, deve cortar 4.000 empregos no mundo.
Como isso afeta a Petrobras e o Brasil?
A Petrobras anunciou uma redução de quase 25% em sua previsão de investimento para o período 2015-2019. No novo plano de negócios, a empresa projeta o petróleo a US$ 45 na média para 2016 e prevê um corte de investimentos de US$ 32 bilhões em relação à previsão anterior.
Ou seja, são mais de US$ 30 bilhões que deixarão de ser injetados na economia; isso afeta indiretamente várias outras empresas, bem como seus investimentos e empregos.
Pode prejudicar o pré-sal?
Pode, porque se o petróleo estiver barato demais, não compensa financeiramente investir tanto dinheiro para explorar o pré-sal.
Em 2007, quando o governo brasileiro anunciou a descoberta das reservas do pré-sal, os preços do petróleo viviam um processo de ascensão surpreendente que teria seu ápice no patamar de US$ 140 o barril, no ano seguinte. Agora, está girando em torno de US$ 30 o barril.
(Com agências de notícias)
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