Paulo Figueiredo resumiu muito bem: “Vocês viram o Bolsonaro no Roda Viva. Eu vi um brasileiro comum falando verdades a uma classe jornalística estúpida, ideológica, vagabunda, despreparada e soberba. Poucas vezes vi algo tão ilustrativo do momento em que vivemos”. São palavras duras, sem dúvida. Mas não são falsas.
Foi um show de horrores, uma vergonha alheia, parecia uma turma do DCE tentando fazer bullying com o colega de direita. Ataques do começo ao fim sem propósito, de uma turma aprisionada na década de 1960, que pelo visto não soube ainda da queda do Muro de Berlim ou do fim do império soviético.
Em vez de aproveitar a oportunidade para realmente tirar dúvidas importantes ou debater propostas com aquele que lidera as pesquisas, os jornalistas presentes preferiram, na maior parte do tempo, resgatar o clima do regime militar para colar no candidato a pecha de milico autoritário e antidemocrata. E para tanto até Wikipedia foi usada como fonte!
Ana Paula Henkel alfinetou sobre isso: “Agora o jornalista puxa WIKIPEDIA como fonte de pergunta!! Pai do Céu! Nem os professores da escola do meu filho aceitam Wikipedia como fonte pro trabalho de ESCOLA! Que nivel de jornalismo pra gente conhecer as propostas dos candidatos…”
E não foi “apenas” o uso da Wikipedia como fonte: vimos casos explícitos de Fake News também, como quando acusaram novamente Bolsonaro de ter defendido “metralhar” os bandidos da Rocinha, o que já foi negado pelo jornalista Augusto Nunes, que estava presente na ocasião em que o candidato supostamente teria dito isso. A mesma imprensa que acusa todos à direita de produzir Fake News nas redes sociais parece a maior fábrica de notícias falsas.
Não era necessário Bolsonaro se sair bem: a mídia se saiu muito mal, e o público percebeu isso. Tenho repetido, aliás, que nossa imprensa é o maior cabo eleitoral de Bolsonaro. De longe! Se os bolsominions afastam potenciais eleitores, os jornalistas atraem. Qualquer pessoa sensata fica incomodada, indignada com tamanho infantilismo e parcialidade, e sente vontade de votar no capitão nem que seja para reagir a essa postura da imprensa. Fenômeno similar ao que ocorreu nos Estados Unidos com Trump.
Guilherme Macalossi tocou no ponto certo: “Bolsonaro lidera as intenções de voto. O Brasil merece que ele seja entrevistado de forma técnica e, sobretudo, séria”. Infelizmente, não tivemos nada parecido. O mesmo Guilherme ironizou: “Estou assistindo pela segunda vez a entrevista de Bolsonaro no Roda Viva. Na segunda vez os jornalistas passam ainda mais vergonha”.
Ele também destacou um fato irônico: “Thais Oyama, que estava na bancada do Roda Viva com Jair Bolsonaro, é autora de um livro chamado A arte de entrevistar bem. O Brasil é o país da piada pronta”. De fato, fica difícil para a turma do humor trabalhar em nosso país, quando aqueles que supostamente são sérios acabam gerando situações hilariantes sem querer.
Eu havia alertado antes do programa, por exemplo, que Bernardo Mello Franco era um ultra-esquerdista e que era melhor Bolsonaro ir preparado para as pedradas. Mas quem poderia imaginar pedradas tão visíveis de alguém tão despreparado? Se estivesse o próprio Jean Wyllys ali em seu lugar, o desafeto principal de Bolsonaro na Câmara, pouca diferença faria. Jornalista? Ou cheerleader do PSOL?
Em momentos em que Bolsonaro disse coisas básicas, óbvias para a população, lá estavam os jornalistas tentando espremer a fala para extrair algo terrível contra o candidato. O slogan “América grande”, por exemplo, não tem relação alguma com tamanho de governo. Trump o usou na campanha como forma de resgatar aquilo que ele entendia ser a essência da América. “Tentar fazer disso uma ode ao estatismo é coisa de gente analfabeta”, conclui Macalossi. Mas fizeram exatamente isso quando Bolsonaro se apropriou do slogan, adaptando-o para o Brasil.
Quando perguntaram se Bolsonaro era a favor de “metralhar” os bandidos, ele partiu para o sarcasmo e disse que não, que era melhor o policial sob tiroteio oferecer flores aos marginais com fuzis. Arrancou risos da plateia. O povo entende na hora a postura do candidato. Já a bancada dos jornalistas vive dentro da bolha “progressista”, e acha que bandido é “vítima da sociedade” e que criminalidade se combate com carinho, amor e escolas.
Esse viés ideológico fica exposto do começo ao fim. Quando o assunto era cota racial, lá estava o “entrevistador” chocado com quem não aceita a ideia de segregar com base na “raça”, pois todos somos iguais, e também não se ajoelha diante do tirano Politicamente Correto para prestar homenagem ao mimimi nessa marcha das “minorias oprimidas”. Dívida histórica? Quando Bolsonaro lembrou que negros africanos venderam negros africanos como escravos, o jornalista que liderava o grupo quase surtou. Como assim, trazer um fato desses para o debate?
Nada disso faz de Bolsonaro um candidato preparado, com boas propostas. Ele venceu sem precisar ter razão, mais pelo que os jornalistas fizeram. Carlos Andreazza, que tem sido crítico duro de Bolsonaro, reconheceu: “Essa entrevista pode ser elegantemente resumida assim: Bolsonaro se saiu bem independentemente do que tenha respondido”.
Justiça seja feita, ele foi bem enfático na defesa do liberalismo econômico e afirmou sem rodeios que não há plano B fora de Paulo Guedes, ainda que confessando se tratar de um relacionamento recente em que um convence o outro de coisas de suas áreas respectivas. Ou seja, se Guedes entende de economia, Bolsonaro entende de política, e mostra ao seu assessor e possível ministro da Fazenda os limites para as reformas no Congresso.
Algum ranço estatizante ainda está presente, claro, e o capitão trai seu velho estatismo quando fala do regime militar. Tenta colocar em contexto, mas afirma que a iniciativa privada jamais construiria uma Itaipu da vida, o que não é necessariamente verdade. Vários projetos gigantescos foram tocados por empresas privadas, especialmente em países onde empreender é mais fácil. Bolsonaro, porém, acertou ao enfatizar a importância de termos menos burocracia e impostos e foi direto ao ponto: “Meu legado será uma economia liberal”.
Em suma, Bolsonaro se saiu bem, disse coisas razoáveis, mas o grande destaque mesmo foi da imprensa, só que do lado negativo. Se o candidato saiu maior do que entrou foi basicamente por ter se digladiado com anões. O objetivo estava tão claro que um dos militantes disfarçados de jornalistas que atuam no Brasil, Glenn Greenwald, do ultraesquerdista The Interpecpt, sequer esconde o intuito, mesmo fazendo um mea culpa:
Ou seja, esses “jornalistas” acham que o papel do jornalismo é “bater em Bolsonaro”, e para tanto precisam de uma boa “estratégia”. Fazer bom jornalismo, realizar uma entrevista de fato, deixar o entrevistado apresentar propostas ou responder sobre temas relevantes, isso nem pensar, nem passa pela cabeça da turma. É porque já chegaram às conclusões e “sabem” que Bolsonaro representa o fascismo em pessoa, uma reencarnação do próprio Mussolini, quiçá Hitler, que precisa ser eliminado do mapa. Com essa premissa, agem como militantes do PSOL, jamais como jornalistas.
E fora o escancarado viés ideológico, temos o despreparo mesmo. Nossos jornalistas são filhotes, afinal, das nossas universidades, fábricas de analfabetos funcionais e papagaios de slogans marxistas. Eu sou economista, mas atuo como jornalista. Ontem senti muita vergonha de dizer que sou jornalista.
Leandro Ruschel colocou a pá de cal: “Para a imprensa do Roda Viva, Jesus foi refugiado, Wikipédia é fonte confiável, negros que capturaram outros negros não podem ser responsabilizados pela escravidão porque ‘foram pagos’ e armas não protegem porque Bolsonaro foi roubado um dia mesmo estando armado”.
Leandro também tinha comparado o fenômeno com o que aconteceu aqui nos Estados Unidos: “Acontece no Brasil com Bolsonaro o que ocorreu com Trump nos EUA: o desespero da imprensa em atacar o candidato que não segue a sua agenda esquerdopata é tamanho que acabam enfiando os pés pelas mãos, revelando o seu radicalismo e jogando os eleitores nas mãos do candidato”.
André Guedes disse: “O Roda Viva com Bolsonaro confirma aquilo que já sabemos: jornalista é um bicho descolado da realidade que vive no universo do próprio wishful thinking e pensa que impressiona a audiência falando em ditadura, MST e direitos humanos”.
E fecho com o personagem Joselito Muller que, diante do lamentável show dos nossos jornalistas, achou melhor nem fazer piada, pois a piada já era o próprio programa: “Agora falando sério: que nível subterrâneo esse jornalismo! Desinformados, perguntas ridículas, temas impertinentes. Até parece que é de propósito para facilitar a vida de Bolsonaro, não é possível”. Nossa mídia, repito, é o maior cabo eleitoral de Bolsonaro.
Rodrigo Constantino
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