Unico SENHOR E SALVADOR

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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Entrevista de Feliciano à Playboy pode lhe custar título de pastor

Em ano eleitoral, Assembleia de Deus decide se vai excluir um de seus mais destacados políticos e pastores

Julio Severo
A Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo (Confradesp) pode, de acordo com reportagem tendenciosa da Folha de S. Paulo, cassar o título de pastor do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) por ele ter dado uma entrevista à Playboy, revista conhecida pela promoção da pornografia.
Marco Feliciano
A entrevista, publicada em abril, não trouxe uma única foto de Feliciano em estado de nudez ou roupas íntimas. Em vez disso, tem oito páginas, num espaço muito grande no qual a revista pornográfica não poupou o pastor assembleiano, fazendo cair sobre ele uma chuvarada de perguntas maliciosas.
De um lado, estava Feliciano, debaixo de artilharia pesada, apresentando seus valores opostos à cultura da morte. Ao contrário de muitos convidados que ficam à vontade para desabafar suas sujeiras morais mais íntimas, a revista não deixou Feliciano à vontade por um só minuto, crivando-o de perguntas para fazê-lo escorregar em seus valores.
O pastor assembleiano não elogiou nem a revista nem suas pornografias e sem-vergonhices. Em vez de tirar a roupa, ele desnudou muitas mentiras na cultura de hoje, afirmando que “cerca de 80% dos casos de homossexualidade são decorrentes de abuso sexual na infância.”
Ele destacou também que o incentivo ao “casamento” de mesmo sexo faz parte de um “pensamento que vem da ONU.” Esse pensamento, segundo ele, inclui controle da natalidade e aborto.
Ele declarou que a criminalização da chamada “homofobia” é algo que a ONU está impondo no Brasil.
Numa de suas muitas alfinetadas, a revista perguntou-lhe: “O senhor não teme estar generalizando ao associar a promiscuidade ao homossexualismo?”
A essa pergunta burra, que alega, sem base nenhuma, que a homossexualidade não teria ligação nenhuma com imoralidade nenhuma, Feliciano respondeu:
“Eu defendo a base da família, que é algo puro e santo, sagrado para mim. Em todas as sociedades, antes da sociedade, antes do Estado, vem a família… E a família, para mim, é homem e mulher e aquilo que gerar disso. Qualquer coisa contrária a isso, para mim, é contrária à própria criação e natureza humana.”
A revista também perguntou, em tom de ataque: “Crimes de homofobia são mentira?”
Feliciano respondeu desfazendo percepções erradas: “Não são mentiras, mas são exagerados. Num país com 50 mil assassinatos por ano, 2012 teve 270 crimes tidos como de homofobia. Desses, apurados um a um, 70% foram crimes passionais. Crimes cometidos pelo parceiro homossexual. E o restante, crimes tidos como homofóbicos porque morreu um homossexual, mas que não foram elucidados.”
Com ousadia, Feliciano declarou que é completamente contra o aborto, pois, de acordo com ele, “a vida deve ser protegida desde a concepção.”
Ele também contou que antes de sua experiência de conversão estava envolvido com cocaína, bebidas alcoólicas e sexo.
Na tentativa de dar um testemunho para o público da Playboy que está totalmente mergulhado em trevas, Feliciano, sob fogo cerrado de perguntas mal-intencionadas, se mostrou humano, fraco e insuficiente em algumas respostas, mas nada que se aproximasse da apostasia das celebridades do mundo gospel, como Brian McLaren, que apoia o chamado “casamento” gay.
Houve fraqueza, mas não apostasia.
Então, por que a Folha de São Paulo e grandes mídia seculares do Brasil estão destacando, com mal-disfarçada satisfação, que a Confradesp está ameaçando Feliciano com perda do título de pastor?
O pastor Lelis Washington, que faz parte da diretoria da Confradesp, diz que o problema não está no conteúdo das declarações de Feliciano à Playboy. Ele disse: “Deixando de analisar a entrevista, não é essa literatura que recomendamos aos fiéis.”
Se a questão fosse apostasia, a Confradesp teria obrigação de fazer com Feliciano o que a denominação de McLaren não está fazendo com ele.
Se a questão fosse fraqueza, caberia à Confradesp tratar de forma fraternal e bíblica para corrigir os erros de seu pastor.
Mas se a única questão, conforme destacou o Pr. Lelis, é que a Playboynão é uma revista que a Assembleia de Deus recomenda, a solução é simples: é preciso averiguar as declarações públicas de Feliciano para apurar se ele tem promovido a leitura da Playboy entre assembleianos e outros cristãos. Se o fez, a Confradesp tem o direito e a obrigação de discipliná-lo com rigor.
No entanto, se ele não fez nenhum proselitismo em prol da revista pornográfica, mas em vez disso só aproveitou o espaço que lhe foi oferecido para alcançar o público pornográfico da revista, qual é o mal em dar testemunho para quem está nas trevas?
O seguidor de Jesus Cristo tem chamado para brilhar na escuridão. Se não podemos brilhar onde os pecadores estão, onde nossa luz deve acender? Só dentro da igreja?
Não posso falar pelo Feliciano, mas se um pai-de-santo, a Globo ou outro me convidar, sou livre para aceitar. Nós cristãos somos chamados para brilhar no meio das trevas, não no meio da luz. Claro que não podemos usar esse espaço para dizer: “Os trabalhos do pai-de-santo são bons. A Globo é uma emissora pró-família, etc.” Cristão que só brilha no meio de cristão não sabe seu chamado. Se a Playboy, que é das trevas, me quisesse entrevistar, sem censura e imposição, eu poderia aceitar. Mas isso não é desculpa para nenhum cristão comprar essas revistas sujas. É oportunidade para um testemunho, ainda que pequeno, brilhar no meio da escuridão. Lâmpada que brilha só de dia não presta.
José Wellington: apoio a Dilma. E Feliciano?
O Pr. José Wellington Bezerra da Costa, como presidente da Convenção Geral das Assembleia de Deus do Brasil (CGADB), tem a responsabilidade de cuidar para que a entrevista de Feliciano à Playboy não seja julgada por líderes de sua denominação como “apostasia” ou algo parecido. Pelas fraquezas e termos impróprios expressos em algumas respostas, no máximo uma reprimenda fraternal seria suficiente. Se mais que isso for imposto, ficará a impressão de que neste ano eleitoral alguém quer tirar a base de eleitores assembleianos de Feliciano. E todos os assembleianos sabem que Paulo Freire, o filho de Wellington que é deputado e federal e atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica, tem igualmente a sua base eleitoral em São Paulo.
José Wellington, num comportamento que em nada perde para tirar a roupa para a Playboy, no ano passado sinalizou apoio a Dilma Rousseff, mesmo depois de inúmeras evidências de um governo obstinadamente contrário à família e à vida. Se deve haver disciplina, por que só Feliciano? Pelo menos no caso da Dilma, ele já se arrependeu.
De acordo com reportagem de Neto Gregório, do GospelPrime, Feliciano está sob risco de ser excluído da CGADB, como se ele tivesse cometido um pecado maior do que sinalizar apoio a uma abortista e homossexualista ou como se ele tivesse apoiado o aborto e o “casamento” gay.
Se Feliciano perder o pastorado por decisão da Confradesp, ele automaticamente perde sua base eleitoral assembleiana. Quer queira quer não, vai ficar a impressão de que alguém limpou o caminho para o filho de alguém se eleger com facilidade.
Que um esforço de testemunho para o público nas trevas da Playboy não se transforme em porta aberta para as trevas da ambição na maior denominação assembleiana do Brasil.
Leitura recomendada:
Sobre a Playboy e pornografia:
Sobre Marco Feliciano:

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