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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Putin imita política externa dos EUA

Pat Buchanan: As ações da Rússia não diferem das revoluções coloridas promovidas pela Fundação Nacional para a Democracia

Patrick J. Buchanan
Quando Ronald Reagan chamou o império soviético de “império do mal”, a expressão refletia sua convicção de que, embora a disputa entre Ocidente e Oriente fosse um conflito geoestratégico, possuía uma profunda dimensão moral.
Pat Buchanan: colunista do WND e ex-assessor do presidente Ronald Reagan
Se os americanos não vissem a Guerra Fria como ele a via, ou seja, uma batalha do bem contra o mal, Reagan sabia que eles não continuariam a sacrificar as riquezas da nação e o sangue de seus filhos para sustentá-la.
Isso está no caráter dos americanos.
Jimmy Carter buscou remover essa dimensão moral ao declarar que “Nós superamos o nosso medo infundado do comunismo”.
Mas com o discurso do “império do mal”, Reagan trouxe de volta a questão moral à Guerra Fria, no que Natan Sharansky chamou de “um momento de clareza moral”.
Aqui chegamos ao cerne da questão do por que os americanos querem se manter longe de qualquer conflito na Ucrânia. Eles não só não enxergam nenhum interesse americano vital, mas também nenhuma dimensão moral nessa disputa.
Se, afinal, foi um triunfo de autodeterminação para a Ucrânia separar-se da Federação Russa, não teriam os russos na Crimeia e em Donetsk o mesmo direito — ou seja, de separar-se de Kiev e retornar à Rússia?
Se os georgianos tiveram o direito de se separar da Federação Russa, não teriam os abecázios e ossetas do sul o direito de se separar da Geórgia?
Como diz o velho ditado: tudo o que vai, volta.
A mídia americana critica a ameaça de Vladimir Putin ao mundo com base em regras que eles mesmos criaram. Mas terá sido com base nessas mesmas regras que eles bombardearam a Sérvia por 78 dias para tomar Kosovo, província que foi o berço do povo sérvio?
Talvez valha lembrar um pouco de história.
Compare como Putin causou a separação e a anexação da Crimeia, sem derramamento de sangue e com apoio popular, com a forma como Sam Houston e seus amigos causaram a separação do Texas no México e a sua anexação aos EUA em 1845.
Quando os mexicanos tentaram recuperar parte do território do Texas perdido, James K. Polk os acusou de derramar sangue americano em solo americano, fez o Congresso declarar guerra, enviou o general Winfield Scott e um exército à Cidade do México, e assim anexou toda a parte norte do México, que agora constitui o sudoeste americano e a Califórnia.
Comparado ao jacksoniano James Polk, Vladimir Putin foi um Pierre Trudeau.
Mesmo no leste da Ucrânia, é difícil enxergar uma questão moral. O regime de Kiev denuncia aos brados como “terroristas” os russos que estão invadindo centros urbanos por meio da mesma tática usada pelos manifestantes da Praça Maidan para dominar Kiev.
Se foi heroico para o Partido Svodoba e para o Pravy Sektor enfrentar a polícia e incendiar prédios para depor Viktor Yanukovych, o presidente eleito da Ucrânia, com base em que os usurpadores que herdaram o poder condenam quando o mesmo acontece a eles?
Não há uma hipocrisia gritante aqui?
E como podem os americanos condenar o que os russos estão fazendo na Ucrânia?
Há uma década atrás, a Fundação Nacional para a Democracia e seus subordinados ajudaram a fomentar a Revolução Rosa na Geórgia, a Revolução das Tulipas no Quirguirstão, a Revolução dos Cedros no Líbano, a Revolução Laranja em Kiev e inúmeras outras “revoluções coloridas” para depor regimes indiferentes e trazer esses países para a órbita americana.
Na última década, Putin aprendeu a jogar o jogo dos americanos. E antes de os americanos se envolverem em um conflito que conseguiram evitar por mais de quatro décadas de Guerra Fria, talvez eles devessem desistir desse jogo das cadeiras e condenar a Fundação Nacional pela Democracia ao esquecimento.
Atualmente, duas linhas de ação estão sendo ferozmente pressionadas sobre a Casa Branca pelo Partido da Guerra. Ambas provavelmente causarão um desastre.
A primeira é armar os ucranianos. Isso provavelmente provocaria uma guerra com a Rússia que Kiev não teria condições de ganhar, e levá-los a acreditar que os americanos lutariam ao lado deles, o que não vai acontecer.
A segunda opção é o caminho das sanções.
Mas a Europa, dependente do petróleo e da gasolina russa, não irá votar para provocar sua própria recessão. E se o Ocidente punir a Rússia, Moscou irá punir a Ucrânia e afundar o que o Washington Post chama de “buraco negro de corrupção e desperdício que é a economia ucraniana”.
Quanto aos EUA enviando mais navios de guerra nos mares Negro e Báltico e mais F-16s e tropas na Europa Oriental, qual seria o propósito, se não entrarão em guerra com a Rússia?
No título da velha canção de Johnny Cash, ele acertou: “Don’t take your guns to town”, [não leve suas armas para a cidade], a não ser que esteja preparado para usá-las.
Inegavelmente, o presidente Obama e John Kerry estão envergonhados hoje, assim como estavam no episódio da “linha vermelha” na Síria.
Mesmo assim, continuam se intrometendo onde não são chamados, fazendo advertências e ameaças que não têm o poder de cumprir, e vangloriando-se e blefando com algo inexistente, quando o público americano está lhes dizendo: “Essa briga não é nossa”.
Pat Buchanan é colunista do WND e foi assessor do presidente Ronald Reagan.
Tradução de Luis Gustavo Gentil do original do WND: PUTIN: IMITATOR OF U.S. FOREIGN POLICY
Outros artigos de Pat Buchanan:
Sobre a Ucrânia:

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