Após ser vaiada, Dilma acusa críticos de nunca terem ‘ralado’
Presidente entrega casas em Tocantins e discursa contra os que ‘nasceram em berço esplêndido’
Sinal satânico, mão chifrada!
ARAGUAÍNA (TO) — Concluída a reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff retomou nesta sexta-feira as viagens para inaugurações, mas não se livrou de mais aborrecimentos. Em companhia da senadora governista Kátia Abreu (PMDB-TO), ela foi a Araguaína entregar um conjunto habitacional de alto padrão do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A presidente foi recebida por claques a favor e contra o Governo. E durante o discurso se irritou com as vaias de manifestantes que protestavam contra o programa Mais Médicos e contra a corrupção do PT .
Houve protesto também de moradores de um outrou conjunto do programa do Minha Casa Minha Vida, inaugurado há dois anos, incoformados com a diferença de padrão de suas moradias com as casas da nova unidade, equipadas até com placas de energia solar. Em resposta aos manifestantes, Dilma, no discurso, disse que os que eram contra a moradia para pessoas de baixa renda tinham nascido em “berço de ouro” e nunca “ ralaram”.
- Aqueles que não dão importância às pessoas ter a casa própria é porque nasceram em berço esplêndido. Aqueles que não valorizam o cartão do Minha Vida Melhor é porque nunca tiveram de ralar, de trabalhar de sol a sol para comprar uma televisão, uma geladeira, uma cama ou um colchão - discursou Dilma.
Enquanto Dilma Rousseff discursava, um grupo de cerca de nove estudantes do curso de Medicina que protestava contra o Mais Médicos, gritava: “PT, corrupção”. As palavras da presidente também foram interrompidas inúmeras vezes por beneficiários de outro conjunto habitacional, do mesmo município, que exigiam direitos iguais com relação a infraestrutura das casas que estavam sendo entregues nesta nova etapa.
- Nós recebemos nossa casa há dois anos e elas já apresentam rachaduras - reclamou a dona de casa, Leidiane Souza, cobrando também a construção de postos de saúde, escolas e creches, algumas das benfeitorias existentes da nova etapa.
Foram entregues na solenidade 1.788 unidades do Minha Casa Minha, um investimento de R$ 89,4 milhões, que beneficiará mais de 7.000 pessoas. No discurso, a presidente disse que moradia não é presente do governo, mas um direito das pessoas custeado pelos impostos.
- Isso é sensação de cidadania, de que a pessoa conquistou por seus méritos. Ninguém deu, porque estas casas não foram presenteadas pelo governo. Sabe quem deu estas casas? Os tributos que o povo brasileiro arrecada todos os dias. Estar recebendo essas casas, portanto, é um ato de cidadania, é porque cada de vocês, cada uma das mulheres e dos homens aqui presentes são cidadãos de um país que reconhece o direito do povo brasileiro a ser o grande beneficiário do crescimento do país - afirmou.
A presidente disse ter muito orgulho do Minha Casa Minha Vida, porque é um programa que mostra "que o Brasil de hoje é bem diferente daquele Brasil do passado, em que a casa própria era privilégio de alguns, e hoje é direito de todos". Segundo ela, no seu governo foram entregues 1,580 milhão de unidades e 1,680 milhão estão contratadas. Para cumprir a meta, disse a presidente, faltam em torno de 500 mil casas, que serão contratadas até o fim do ano.
Esta foi a última inauguração em que Aguinaldo Ribeiro participou como ministro das Cidades. Na próxima segunda-feira, ele deixará o governo para concorrer nas eleições de outubro.
- Estou cumprindo a última missão no seu governo, presidente Dilma. Foi um momento importante, porque algumas pessoas passam pela vida e são marcadas pela vida. Outras passam pela vida, deixam marcas e marcam a vida das pessoas. A senhora é uma das pessoas que deixam marcas. A senhora entrou para a história como a presidente que mais fez casa, que mais fez saneamento e que se preocupou com os que mais precisam do governo - afirmou o ministro.
Dilma ignorou o discurso do governador do Tocantins, Siqueira Campos, que reclamou da falta de investimentos no setor elétrico. A cerimônia foi prejudicada pela chuva forte e teve que terminar antes do previsto, ficando tem o uso da palavra mais de cinco componentes da mesa, entre elas a secretária Nacional de habitação, Inês Magalhães.
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