-Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado!
Houve, nesta época um terremoto de grande intensidade. Na hora do tremor o homem, que estava em uma estrada, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho tinha ido para a escola. Correu para lá e a encontrou totalmente destruída. Não restava uma única parede de pé.
Tomado de uma enorme tristeza, ficou ali recordando o filho e sua promessa não cumprida: “Haja o que houver, eu estarei sempre a seu lado”. Seu coração estava apertado, e apenas conseguia ver a destruição.
Mentalmente, percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando a mão do filho, o portão, o corredor, as paredes, virava a direita e o via entrar. Mas agora estava tudo destruído. Resolveu então, fazer em cima dos escombros o mesmo trajeto.Portão…Portas… Corredor…Virou a direita…E parou em frente ao que deveria ser a porta da sala em que seu filho estudava.Nada! Apenas uma pilha de material destruído. Nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe.
Olhava. Tudo destruído. Ficou desolado. Mas continuava a ouvir sua promessa:
-Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado! E ele não esteve quando ele mais precisou…
Começou a cavar com as mãos.
Enquanto fazia aquilo chegaram outros pais, que embora bem intencionados, e também desolados, tentavam afastá-lo de lá dizendo:
-Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém.
Ele retrucava:
- Você vai me ajudar?
Mas ninguém ajudava, e aos poucos, todos se afastavam. Chegaram os policiais, que também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida.
A única coisa que o homem dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era:
-Você vai me ajudar?
Chegaram os bombeiros, e foi à mesma coisa…
Ele trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos intervalos, cinco, 10, 12, 22, 24, 30 horas. Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto. Até que ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:
-Pai… Estou aqui!
Feliz, o homem fazia força para abrir um vão maior e perguntou:
-Tem mais alguém com você?
-Sim, dos 36 da classe, 14 estão comigo, estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem. Pai, eu falei a eles: vocês podem ficar sossegados, pois meu pai vai nos achar. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda hora… Haja o que houver, meu pai estará sempre a meu lado!
-Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco, disse o pai.
-Não Pai! Deixe os outros saírem primeiro… Eu sei que haja o que houver… Você estará me esperando!
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