A Profecia e o Mistério

A divisão mais importante da Bíblia

A suposição que a divisão mais importante da Bíblia é a existente entre o Velho e Novo Testamentos tem sido muitas vezes expressa na declaração “o Velho Testamento é para Judeus; o Novo Testamento é para nós”.

Contudo, isso está completamente errado. Primeiro de tudo, os títulos Velho Testamento e Novo testamento não são designações exatas e precisas das duas secções da Bíblia que são supostos representar.

O concerto da lei (mais tarde chamado velho testamento ou concerto) não foi feito antes de
terem decorrido 2500 anos de história humana. 'A lei foi dada por Moisés' (João 1.17), cerca de 1500 A.C., como se vê em Êxodo 19 e 20. É-nos dito a respeito deste período de tempo, 'de Adão a Moisés', que 'não havia lei' (Rom.5.13,14), isto é, a lei ainda não tinha sido dada.

Isto significa que não há uma única palavra do velho testamento em Génesis. Na realidade, Israel não apareceu como nação antes da sua libertação do Egito, descrita em Êxodo. Por conseguinte, se o Velho Testamento é para os Judeus e o Novo Testamento para nós, para quem é o livro de Génesis?

Quanto ao novo concerto; este não foi feito antes da morte de Cristo.

'Ele é mediador dum novo testamento (concerto), para que, intervindo a morte ... os chamados recebam a promessa da herança eterna'

(Heb.9.15).

Foi na sombra da cruz, quando o nosso Senhor falava intimamente com os Seus discípulos, que Ele disse:

'Este cálice é o novo testamento no Meu sangue, que é derramado por vós' 

(Luc.22,20).

Isto significa que a maior parte do relato dos quatro evangelhos cobre mais a história do velho testamento do que a da novo, e que o nosso Senhor e os Seus discípulos viveram, naquele tempo, sob o velho concerto.

Devia ser notado que, ainda que ambos os testamentos nos afetem, foram feitos com a nação de Israel, e que o novo concerto promete simplesmente que um dia, Israel se renderá espontaneamente à obediência que lhe é requerida sob o velho concerto (Deut. 5.l-3; Jer. 31.31).

A divisão mais importante na Bíblia, então, não é, como usualmente se diz, os chamados Velho e Novo Testamento.

A divisão mais importante na Bíblia é a existente entre a profecia e o grande mistério proclamado pelo apóstolo Paulo.

É um fato muito importante notar as palavras com que a Bíblia abre: 'No principio criou Deus os céus e a terra». Não diz que Ele criou o universo, mas os céus e a terra. Isto revela-nos que o propósito de Deus para o céu é um e para a terra outro. 

Ele tem um propósito a respeito da terra, completamente distinto do propósito a respeito do céu. O Seu propósito a respeito da terra e do reino de Cristo sobre ela, é o tema da profecia (II Ped. l.l6-19). 

O Seu propósito a respeito do céu e da nossa exaltação ali, com Cristo, é o tema de 'o mistério' (Efé. 2.4-10;3.1-4). São estas as duas grandes divisões da Bíblia.

A respeito do reino na terra Zacarias disse:

'Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo! E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo, como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo' 

(Lucas l.68-70).

Pedro, de novo em Pentecostes, falando da ausência de Cristo e dos sinais do Seu regresso, disse em Act. 3.21,24:

'O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas desde o princípio. E todos os profetas desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias'

Mas a respeito do Corpo de Cristo, com uma chamada e posição celestial, nem uma palavra sequer é encontrada nas paginas da profecia. Na verdade, Deus conservou em segredo este grande propósito até revelá-lo em primeira mão ao Apóstolo Paulo. O apóstolo fala-nos deste grande propósito em Rom. l6.25; 1 Cor. 2.7; Efé. 3.5;9; Col. 1.26.

Há evidentemente uma grande diferença entre o que foi «falado pela boca de todos os Seus santos profetas desde o princípio do mundo» e o que esteve 'oculto (guardado em segredo) desde a fundação do mundo'.

Autor: Sara Oliveira

Divulgação: Estudos Gospel.com.br